Experimenta fazer isto: nota o que está à tua volta - os sons, as formas, as cores, a luz, a sombra, mas também o teu corpo, as sensações físicas, sente o contato com a cadeira onde estás sentado... não tentes mudar ou querer que as coisas sejam de outra forma, observa simplesmente o que está, sem acrescentar mais nada.
Aceita este momento tal como ele é, vive-o, inspira-o, expira-o. É perfeito. Tantas vezes não o apreciamos, tantas vezes o atropelamos. E por estranho que pareça, este momento é o espaço da nossa liberdade. A liberdade de não seguir os nossos pensamentos automáticos, de não nos deixarmos levar pelos nossos padrões habituais. A liberdade de SER.
Gansos selvagens
Não tens de ser bom.
Não tens de caminhar cem quilómetros de joelhos
no deserto, arrependido.
Só precisas de deixar que o suave animal do teu corpo
ame o que ame.
Fala-me sobre o desespero, o teu, e eu falar-te-ei do meu.
Enquanto isso o mundo continua.
Enquanto isso o sol e as gotas claras da chuva movem-se
através das paisagens,
sobre as pradarias e as árvores profundas,
as montanhas e os rios.
Enquanto isso os gansos selvagens, no alto do límpido céu azul,
regressam a casa.
Estejas lá onde estiveres, não importa quão solitário,
O mundo oferece-se à tua imaginação
chama-te como os gansos selvagens, áspero e excitante –
uma e outra vez a anunciar o teu lugar
na ordem natural das coisas.
(Mary Oliver, Dream Work)
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