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A 37ª newsletter do RelevO: sorriso arcaico, lagarto-tatu e pequenas almas
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edição #37 – 22 de julho de 2016
editor Mateus Ribeirete     editor-assistente Lucas Leite
projeto gráfico Marceli Mengarda     revisão Daniel Zanella
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#1 O Sorriso Arcaico é uma expressão facial encontrada principalmente em esculturas do período arcaico da Grécia Antiga, entre 650 e 480 a.C. Não há consenso sobre o motivo pelo qual os artistas da época esculpiam os rostos assim, mas alguns conceitos estão bem estabelecidos. O período arcaico se desenvolveu após o colapso das civilizações micênicas e a "era das trevas" que a sucedeu. Foi um período de renascimento das artes, no qual os gregos tiveram que "reaprender" a representar o corpo humano. Por isso, a escultura arcaica se caracteriza por uma grande rigidez em sua forma. Sua influência mais perceptível vem da arte egípcia e de seu estilo monumental. No Egito Antigo, as representações artísticas eram restritas às divindades. O sujeito – um faraó ou um deus antropozoomórfico – deveria demonstrar sua transcendentalidade, e sua expressão facial e corporal, um retrato de sua eternidade.
 

A mesma expressão de ausência e eternidade já podia ser vista no Egito Antigo, como mostra esse busto de Nefertiti

Esse era provavelmente o papel do sorriso arcaico: conferir um aspecto não-natural à obra, indicar que aquilo à mostra não era humano, e sim sobrenatural. É como acontece na iconografia bizantina: não há uma representação fiel do mundo material, mas sim um símbolo de uma perfeição celestial que não pode ser alcançada na Terra. Além disso, esse sorriso contido reflete um estado de bem-estar e felicidade plena. De fato, nenhuma das figuras apresentadas neste texto parece ter a menor das preocupações. Inclusive, uma das teorias de historiadores da arte é de que essa expressão simboliza a felicidade por meio da ignorância, já que as estátuas realmente têm um ar um tanto avoado. Outra teoria diz que a escolha dessa boca levemente curvada, com lábios apertados, seria simplesmente uma questão técnica: era difícil talhar detalhes nas cabeças tipicamente arcaicas, em formato de bloco.
 
Nem guerreiros feridos escapavam do sorriso clássico, como mostra essa figura do Templo de Aphaia 
 
Contemporâneos aos gregos arcaicos e vizinhos dos romanos, os etruscos também usavam o mesmo recurso, como pode ser visto no sensacional Apulu de Veii, de 500 a.C. Independentemente de sua razão de ser, o sorriso arcaico permanece como um ótimo recurso para identificar a origem temporal e espacial das esculturas que o ostentam. Comparando com obras também gregas, mas de outras épocas, ficam claras as discrepâncias: distingue-se da escultura grega Clássica e de seus semblantes mais sérios e serenos, e ainda mais da expressividade intensa da escultura da época Helenística.
 

#2 Há quem corra quando ameaçado. Há quem lute e, enfim, há quem apenas apanhe. O Cordylus cataphractus, por sua vez, morde a própria cauda. Esse lagarto ridiculamente adorável, não por acaso chamado de lagarto ouroboros (e, também, de lagarto-tatu), forma uma bolinha que, naturalmente pontuda, protege barriga e pescoço, dificultando a vida de quem nele encosta. Encontrado na região de KarooÁfrica do Sul, o Cordylus cataphractus cabe na palma na mão.

#3 É prática comum, no Chile, construir pequenos santuários no exato local onde uma pessoa morre. A eles dá-se o nome de animita – alma no diminutivo, em espanhol. Seu objetivo é imortalizar vítimas de mortes trágicas, marcando o lugar onde corpo e alma foram separados. Quando encontradas na estrada, a causa provável da morte do homenageado é acidente – perto de San Pedro de Atacama, veem-se algumas. Se encontradas na cidade, porém, deve-se provavelmente a assassinato.

Muitos chilenos acreditam que, ao visitar uma animita, é possível fazer pedidos à pessoa morta, enquanto se reza por sua alma. Em retorno, suas súplicas serão atendidas. Caso a pessoa morta ou sua animita sejam desrespeitadas, por sua vez, corre-se o risco de ser amaldiçoado. O medo da maldição é grande e, por esse motivo, quando a construção de uma estrada é necessária, esta é feita em torno da animita, ou o governo a
retira e coloca no lugar novamente. Se sua remoção for realmente indispensável, peruanos e bolivianos são selecionados para realizar a tarefa (!).

Dessa maneira, as animitas se transformaram em ícones católicos, como santos populares. Se por um lado elas não chegam perto de ser canônicas, por outro conseguem justamente projetar símbolos de fé de baixo para cima, espontaneamente, a partir do povo. No Chile, o caso mais famoso talvez seja o de
Romualdito, rapaz de identidade discutida, mas cuja lenda se formou desde os anos 1930. Sua animita, localizada na estação central de Santiago, tomou proporções gigantes e é creditada por diversos milagres locais.

[por Amanda Arruda]

1. Molestar cetáceos
Artigo 1º da Lei 7.643/1987:  "Fica proibida a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras".
Pena: 2 (dois) a 5 (cinco) anos de prisão e multa de 50 (cinquenta) a 100 (cem) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, com perda da embarcação em favor da União, em caso de reincidência.

2. Excitar animal perigoso em via pública
Artigo 31, "b", da Lei de Contravenções Penais: "Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso (...). Incorre na mesma pena quem: excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia".
Pena: prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis (se virem convertendo).

3. Usar vapor, fumaça ou gás ofensivo ou molestador
Artigo 38 da Lei de Contravenções Penais:  "Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém".
Pena:
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

4. Causar gritaria ou algazarra
Art. 42 da Lei de Contravenções Penais: "Perturbar alguém, o trabalho ou o sossego alheios com gritaria ou algazarra".
Pena: prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

5. Ser vagabundo
Artigo. 59 da Lei de Contravenções Penais: "Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante ocupação ilícita".
Pena: prisão simples, de quinze dias a três meses.

 
[por Pedro Luz]
"Passados vinte dias do aprisionamento, chegaram aqueles que haviam ido buscar Qualpopoca, trazendo o cacique, os que haviam matado os espanhóis e mais quinze principais. Qualpopoca chegou em um andor, como eram carregados os senhores, o que de fato ele era. Entregaram todos eles a mim e eu os interroguei. Perguntei ao cacique se era vassalo de Montezuma e ele indagou se era possível ser vassalo de outro senhor. Perguntei se o que havia se passado [a morte de alguns espanhóis] fora mandado por Montezuma e eles confirmaram que sim. Mandei então queimar todos vivos, o que foi feito em uma praça, sem alvoroço nenhum."
Hernán Cortés, séc. 16 [O fim de Montezuma, ed. L&PM].
 
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