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Polemiquinhas com a Carol #15: reencontros e confiança
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Você conhece a Amanda Palmer? Ela é uma dessas mulheres inspiradoras que são ótimas em tudo o que fazem, sabe? Mas a melhor parte é que ela não faz tudo ao mesmo tempo, nos ajudando a entender que a gente não é super-heroína e nem precisa ser. No livro dela – A Arte de Pedir – ela fala sobre diversas coisas que estão presentes na vida de milhares de mulheres e uma delas é sobre confiança:

"Muitas vezes me perguntam: Como você pode confiar tanto nos outros?
Confio porque é a única maneira que funciona."

Isso é algo que me define como nada poderia definir. Eu confio. Vejo o melhor nas pessoas e acho que todo mundo pode ser bom e bacana. Levo pessoas para minha vida, abro as portas da minha casa, deixo que entrem no meu coração e me conheçam a fundo, todos os meus medos e inseguranças. Claro que tem uma ou outra que pega tudo isso e arruma um jeito de se aproveitar. Mas são apenas pedras no caminho. Pessoas que não são legais e que me mostram que existem outras incríveis por aí.

Na última semana reencontrei minhas melhores amigas, aquelas que sabem tudo, que me leem em um olhar, que são puro amor. São elas que me fazem lembrar que existem muitas pessoas legais no mundo. A cada decepção eu lembro delas, que não decepcionam, não me chutam quando estou no chão (nem em pé) e ainda assim dizem coisas tão sinceras que poderiam arrancar um pedaço da gente.

Tudo isso acontece porque nos enxergamos como iguais. Não importa o salário de cada uma. Nem o peso, se a pele tá boa ou o cabelo bem cortado. A gente olha para a outra como as pessoas incríveis que podemos ser – o que vai, inclusive, além do que somos. Nos vemos com generosidade e a certeza de que quando estamos juntas podemos impulsionar uma a outra para algo muito melhor. É a beleza de confiar e dividir: a gente não tem medo de ser julgada ou se sentir ridícula.

Se em um contexto de amizade essa igualdade é tão importante, imagina em um mundo que cobra o tempo todo que a gente prove coisas? É raro conhecer alguém que se assuma racista, por exemplo, que diga, com todas as letras, que pessoas negras são inferiores ou algo assim. Mas é comum demais ver pessoas que tentam acabar com o racismo da maneira mais errada e ofensiva possível apenas porque não sabem como fazê-lo e nunca pensaram em perguntar a uma pessoa negra o que ela acha daquilo.Esse texto dá 6 dicas de coisas que você pode achar que são uma boa ideia, mas que só pioram tudo. O foco dele é a educação, mas serve para a vida toda.



Parte dessa educação para um mundo melhor vem do dia a dia, das relações que travamos não apenas com nossos filhos ou sobrinhos, mas com todas as crianças que fazem parte do nosso entorno. Quando uma criança tenta, por exemplo, subir a escada de um escorregador e você simplesmente a pega e coloca no topo, está passando que tipo de conclusão sobre ela para ela mesma? Que ela é incapaz, que não consegue sozinha. Crianças estão diariamente descobrindo o que podem fazer e essas descobertas são inúmeras, afinal elas estão aprendendo tudo, tudo é novidade. Se a cada tentativa alguém fizer as coisas por ela, como ela se sentirá segura para tentar?

Li um texto ótimo que conta a história de uma criança que tentava guardar uma blusa na mochila para poder ir brincar e no meio de tentativas e erros ela encontrou um acerto:
 

“Nesse dia essa criança não viu que eu a via. E por isso tentou (e conseguiu!) sozinha resolver sua situação: guardar uma blusa na mochila. Parece simples, e por isso nós adultos muitas vezes não seguramos nossa ansiedade e oferecemos logo a solução. Porém, foi um aprendizado importante para aquela criança naquele dia, construir sua própria solução, o que não teria acontecido se um adulto apressado e ansioso não conseguisse controlar seus anseios e logo fosse 'ajudar'.”
 

Segurar a ansiedade e dar a criança, ou às pessoas em geral, o que ela precisa e não o que a gente acha que ela precisa é algo bastante presente na Pedagogia da Autonomia do Paulo Freire – que, não é aplicada nas escolas, mas deveria ser. E como as ideias dele deveriam ser conhecidas por mais pessoas foi criado um projeto que, uma vez por semana, explica em vídeos essas teorias de forma simples e direta. Imperdível.

Para escolher é necessário não apenas ter acesso a informação, mas também conseguir pensar sozinho e chegar a conclusões únicas sobre você mesma. É assim que o mundo se transforma, não? E o mundo só pode se tornar um lugar melhor se quem vive nele se transformar também.

Eu acredito totalmente na transformação, em dividir nossas experiências e encontrar pessoas com os mesmos objetivos que a gente. Na Revista Select desse mês, totalmente dedicada ao feminismo, tem uma entrevista comigo e as mulheres maravilhosas - Anna Haddad e Giovana Camargo - que idealizaram a Comum, além de outras mulheres incríveis que estão transformando as coisas. Além disso, saiu o podcast¿Qué Piensas?, em que eu falo sobre maneiras efetivas de transformar quem a gente é e tudo que está ao nosso redor.

Exercício da semana
Buscar maneiras de transformar discursos em ação é um exercício para todos os dias. Eesse é um bom objetivo para iniciar a semana: o que você pode fazer, efetivamente, para mudar o que te incomoda no mundo?
 
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