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© Guia da Muvuca é uma realização do Programa Xingu do Instituto Socioambiental (ISA).
Idealização e textos: Eduardo Malta Campos Filho / Ilustrações: Pedro Corrêa.
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Agricultores e povos indígenas plantam espécies nativas por semeadura direta há séculos. Estamos descobrindo os benefícios que isso traz à qualidade da água, à fauna e à flora, ao clima, à produção agropecuária e à qualidade da nossa vida. A muvuca é uma mistura de sementes de diversas espécies para se plantar de uma vez só. Este guia é para ajudar a semear ecossistemas nativos por aí, a partir do exemplo de uma floresta em restauração, com árvores, arbustos, ervas e cipós. Seu projeto pode precisar de todas essas ações ou de apenas algumas. Não tem receita. Invente a sua!
1. AS SEMENTES
1.1 Coleta de Sementes
Busque sementes da mesma vegetação e região que você quer plantar e não use espécies invasoras. Armazene as sementes adequadamente até o momento do plantio.
1.2 Cálculo da Muvuca
A muvuca, para formar uma floresta, deve ter um mínimo de espécies que vivem até 1 ano e de arbustos e trepadeiras que vivem até 3 anos, árvores que vivem até 30 anos e árvores centenárias, todas misturadas em proporção calculada de forma a garantir boa cobertura de solo desde o segundo mês pós-plantio (veja tabela abaixo como referência).
1.3 Aquisição de sementes
É possível comprar sementes nativas da nossa flora de diversos produtores no Brasil. Um destaque é a Associação Rede de Sementes do Xingu (www.sementesdoxingu.org.br), que comercializa coletivamente mais de 200 espécies do Cerrado e da Amazônia. Consulte também a Rede de Sementes do Portal da Amazônia, a do Cerrado e a dos índios Tupinikim e Guarani de Aracruz (Mata Atlântica).
2. PLANEJANDO O PLANTIO
2.1 Mecanizado ou manual
Em áreas íngremes ou sem acesso a tratores, a semeadura pode ser manual, em covetas. Em áreas planas, pode-se usar tratores e até aviões para semear e manejar a muvuca.
2.2 Mistura da Muvuca
Use uma betoneira ou jogue as sementes sobre uma lona estendida no chão e misture tudo com enxada. Adicione areia ou terra peneirada em peso semelhante ao das sementes. Isso ajuda a manter as sementes bem misturadas. Opcionalmente, pode-se quebrar a dormência e inocular as sementes antes de misturá-las na muvuca.
2.3 Época de plantio
O início das chuvas é a época ideal para semear, assim as plantas podem crescer bastante nos primeiros meses e serão mais capazes de suportar a estação seca. Se for no brejo ou várzea, semeie quando o solo secar.
2.4 Profundidade
Dependendo da forma que vai ser feito o plantio, deve-se fazer duas ou mais muvucas, com sementes de tamanho ou forma diferentes. Separa-se sementes grandes de sementes pequenas e aladas, pois as grandes podem ser enterradas até 3-4 cm de profundidade no solo, enquanto as pequenas e aladas devem ficar próximas à superfície. 
3. PREPARO DO TERRENO
3.1 Isole a área
Converse com todos os envolvidos, avalie bem e isole a área onde vai plantar dos fatores que poderão atrapalhar o desenvolvimento da muvuca. 
3.2 Gado ou Roçada 
Rebaixar o capim antes do preparo do solo pode ser necessário. O manejo do gado pode rebaixar, enfraquecer o capim e evitar que produza sementes, mas também pode causar compactação e erosão do solo. Juntar o capim roçado ao pé das árvores é trabalhoso, mas é uma boa estratégia para controlar o capim em plantios em linhas, pois melhora a fertilidade e umidade do solo.
3.3 Capina
Uma opção para eliminar inicialmente plantas dominantes, como capins braquiária e colonião, que atrapalham o desenvolvimento inicial da muvuca, é realizar capina manual ou química.
3.4 Fogo ou Arado 
Se for queimar, obtenha autorização junto ao órgão competente, faça aceiro, chame gente pra ajudar, observe o melhor horário e fique no local até o fogo apagar. Outra opção para enfraquecer capins e outras plantas dominantes é realizar gradeamentos sucessivos com trator durante a seca.
4. PLANTIO
4.1 A lanço mecanizado
Para realizar a semeadura a lanço é necessário revolver o solo previamente e deixá-lo bem nivelado. Cuide para não causar erosão e lembre-se que a cada gradagem se perde cerca de 30% da matéria orgânica do solo.
O plantio a lanço pode ser feito à mão ou utilizando máquinas espalhadoras de adubo ou calcário. Use seu cálculo de sementes por m2 para regular a máquina e calibrar a mão, atingindo a densidade de semeadura planejada para o seu plantio.
Após o lançamento das sementes, é necessário enterrá-las entre 1 e 4 cm de profundidade, realizando-se outro revolvimento superficial do solo. Isso pode ser feito com trator e grade niveladora fechada, rolo de pneus ou manualmente, com rastelo.
4.2 Em linhas mecanizado
A semeadura direta mecanizada em linhas é indicada para solos não compactados ou onde as linhas foram previamente subsoladas. Usa-se qualquer plantadeira de grãos, podendo-se colocar uma muvuca de sementes grandes na caixa de adubo e outra muvuca de sementes pequenas na caixa de sementes.
4.3 Manual a lanço ou em linhas
Após a semeadura mecanizada podemos plantar aquelas sementes que não couberam na máquina ou que não podem ser enterradas. O plantio manual pode ser também realizado em áreas declivosas, terrenos com tocos, brejos e onde o trator não tem acesso.
5. MANEJO ATÉ 3 ANOS
5.1 Monitoramento
Avalie se seu plantio requer alguma ação complementar, como controle do capim, formigas ou um plantio de adensamento em falhas. O melhor resultado é o aparecimento de plantas nativas que você não plantou! O controle do capim (ou outras plantas dominantes), seja mecânico ou com produtos específicos, é a principal ação de manejo necessária quando o preparo do terreno e a sombra da muvuca em crescimento não tiverem sido bastante para controlá-los. 
5.2 Controle químico
Há no mercado produtos específicos, seletivos para plantas de folhas estreitas (monocotiledôneas). Eles podem eliminar bem o capim se aplicados em até 2 meses pós-plantio, enquanto o capim ainda é jovem. Caso não elimine, aplique novamente no início da próxima estação chuvosa, mas saiba que mais aplicações seguidas podem retardar o crescimento também das plantas de folhas largas. Consulte a legislação do seu Estado.
5.3 Controle mecânico
O espaçamento regular das linhas permite operações manuais  e mecanizadas de manejo: podemos roçar entrelinhas, capinar as linhas e acumular o capim roçado no pé das arvorezinhas.
5.4 Colheita de ciclo curto
Nesse período é possível colher, feijões, milho, maracujá, maxixe, abóbora, melancia, cabaça, etc. Aproveite para podar arbustos e cipós que estiverem em densidade muito alta, aumentando a luminosidade para as árvores em desenvolvimento.
6. MANEJO DE 3 A 6 ANOS
6.1 Adensamento em falhas
O adensamento nas “clareiras” que podem ter ficado após o plantio inicial é realizado por semeadura direta manual, em covetas, ou com mudas.
6.2 Colheita de frutas
Já é possível colher frutas como caju, murici e aroeira-pimenteira, aproveitando-se para podar novamente plantas que estejam velhas ou muito densas. 
6.3 Silvipastoril 
Para controlar o capim nessa fase é possível o manejo com gado leve (mais ou menos 1 animal/hectare) na area da muvuca, mas apenas durante a estação chuvosa. É necessário observar e retirar o gado assim que o capim baixar.
7. MANEJO DE 7 ANOS EM DIANTE
7.1 Podas
Podemos tirar ramos das árvores para aumentar a luminosidade no interior da floresta e favorecer o crescimento de fruteiras e outras espécies de interesse.
7.2 Desbastes
A partir de 7 anos podemos realizar os primeiros cortes de madeira para lenha e cerca e favorecer espécies de ciclo mais longo, com maior valor e que têm crescimento mais lento.Para isso, obtenha a autorização junto ao órgão competente.
7.3 Plano de manejo
Algumas frutíferas podem demorar até 16 anos para iniciar a frutificação. Madeiras de ciclo médio podem ser colhidas a partir de 15 anos. Madeiras mais nobres, entre 25 e 60 anos. Sempre observe a regeneração natural na sua floresta e cuide para que ela se renove ao longo desses ciclos. Siga um bom plano de manejo!






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