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in_box nº 7 - 29 de julho de 2018

Olá, como vai?

Temos haters! Descobrimos que eles existem depois de publicarmos a última in_box, com a checagem sobre Rui Costa (não) ser o governador com maior número de promessas de campanha cumpridas. Fomos acusados de sermos bancados pela direita e de estarmos publicando fake news. Sabíamos que, com a proximidade das eleições, o que já vínhamos fazendo viraria alvo de ataques mais intensos - justamente pela natureza cada vez mais polarizada das redes sociais. Se tivéssemos dado destaque na última edição ao imbróglio de ACM Neto com o BRT, como a propósito já fizemos em outras edições, talvez fôssemos nós os “esquerdistas”, “petralhas”, pagos pelo governo Rui Costa.  

São curiosas essas acusações. Primeiro, porque quem as faz quase nunca está disposto a ler, muito menos a interpretar o que é dito. Depois, porque raramente procuram saber de onde parte aquela informação: não clicam no link, não visitam o site, não chegam ao fim da matéria. E acusam. Aliás, é essa a primeira coisa que fazem. Isso também mostra o quanto as pessoas não conseguem admitir que é possível a existência de organizações jornalísticas independentes (não só ideologicamente, mas principalmente financeiramente). 

Boa hora para lembrar que o Coletivo Interface é um projeto sem fins lucrativos e sem apoio de entidades governamentais ou políticas. Somos cinco jornalistas experimentando justamente a possibilidade de atuação sem a pressão costumeira das redações locais, fruto de políticas de comunicação/governo reprováveis. 

Nesta edição da in_box temos: um artigo do sociólogo Tadeu Vinicius, o nível constrangedor a que chegou a indefinição da chapa da oposição, ACM Neto no centro da corrida pelo Planalto (e Wagner resistindo a ser empurrado para lá), além da briga em torno da distribuição da verba de campanha entre os candidatos. Boa leitura! 

Muito barulho__
Por trás dos apelidos jocosos, das injúrias e do maniqueísmo que dão - ou tiram - a cor do debate político na internet, há um jeito muito particular de ser e de se entender cidadão brasileiro. Nesse artigo inédito para o Coletivo Interface, o sociólogo Tadeu Vinicius versa sobre o deslocamento grosseiro do significado histórico de termos como esquerdista, direitista, comunista, liberal e conservador, além de refletir sobre o pano de fundo de derivações como gayzista, feminazi e mimizento. Mesmo tendo sido escrito anteriormente, o texto de Vinicius aquece o debate que se fortaleceu na última semana, após a exclusão de fanpages e as reações que se seguiram. O episódio escancara que há uma disputa, travada na arena pública do Facebook, entre os algoritmos (nada isentos, diga-se de passagem) e as ideologias políticas.

Leia o artigo Quando os sentidos não fazem mais palavras.


 !  Nem bom moço, nem vilão
Nesta semana o Facebook derrubou 196 páginas e 87 perfis, dentre os quais estavam grandes divulgadores de Fake News. A empresa alegou que estes “faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook”. Como as contas eram ligadas à direita conservadora no Brasil, muitas pertencentes ao MBL, uma parte da esquerda celebrou a atitude do Facebook como se fosse um combate ativo da rede às notícias falsas. No entanto, a julgar pela postura que a empresa norte americana vem mantendo  ao longo da sua existência, fica claro que o motivo da derrubada é evitar um outro escândalo como o que ocorreu nas eleições dos EUA. A própria rede em nenhum momento usou como justificativa para a ação o fato das contas divulgarem fake news. É o gerenciamento antecipado da crise, para depois que a bomba estourar ninguém poder dizer que Zuckerberg não fez a parte dele.  Para quem quiser se aprofundar mais sobre essa questão, além do artigo de Tadeu,  indicamos aqui o texto de Tatiana Dias no The Intercept Brasil e o de Pedro Doria em O Globo.
#DisseTudo
O jornalista baiano Saulo Miguez explica como o esperneio do MBL após a derrubada de páginas pelo Facebook põe uma lupa sobre como os os ditos liberais adotam a batida, porém, eficiente estratégia de demonizar o diferente. Leia aqui.
Pouca mudança__
Se por um lado o ódio nas redes parece não ter limites - e vai ser um grande combustível para as Eleições 2018 -, o dinheiro que movimentou as engrenagens das últimas campanhas está curto. O novo modelo de financiamento proíbe a contribuição de empresas privadas e limita o total arrecadado pelos candidatos. Deputados federais, por exemplo, podem gastar até R$ 2,5 milhões e deputados estaduais ficam no patamar de R$ 1 milhão. As redefinições nas regras do jogo têm feito muita gente reclamar. O vereador Léo Prates, uma das lideranças do DEM na Bahia e pré-candidato a deputado estadual, chegou a dizer que o Brasil tem em vigor hoje "a pior legislação para renovação política" da história. E associa isso às mudanças no modelo de financiamento de campanhas."Deputado estadual hoje virou uma subfunção pública em qualquer partido, porque os deputados federais fizeram uma legislação que concentra a divisão do tempo de TV e do financiamento partidário neles", acusou em entrevista essa semana na Rádio Metrópole. Ele esquece, no entanto, que são os partidos que decidem como gastar e distribuir o dinheiro vindo tanto do fundo público, quanto de doações e crowdfunding. Rui Costa até já pediu que cada um dos 24 deputados federais do seu bloco contribua com cerca de R$ 200 mil do que lhes couber da cota oficial de campanha, ou seja, cerca de 20%. O pedido não agradou muito os candidatos, que afirmam que o dinheiro destinado a eles parece muito, mas é pouco. Nas eleições passadas, o gasto para eleger um deputado federal em 2014 era R$ 6 milhões e um estadual, mais de R$ 3 milhões. E também não houve renovação política. Muito pelo contrário. O modelo anterior acabou levando o Brasil a promover algumas das campanhas eleitorais menos transparentes e mais caras do mundo, aumentando o descrédito da classe junto à sociedade. 
 
Olho da rua_

Em greve há 18 dias, os professores municipais de Salvador fizeram uma "Via Crucis" entre a Praça Municipal e o Terreiro de Jesus na última quinta-feira (26). Inconformados com os termos impostos pela prefeitura, seguiram o passo em ritmo próprio, ao som de uma ladainha político/religiosa cujos versos diziam "livrai-nos de Neto do Cão".
   Foto: Fernando Vivas   

Olho na cobertura: incêndio na Alba
Grande parte da cobertura dos veículos baianos sobre o incêndio que começou na diretoria financeira (!) da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) deu ênfase, após coletiva neste domingo, ao que interessa a presidência da Casa: "calma, funcionários da Alba, o pagamento do mês está garantido". Só? É isso mesmo o que importa? Que tipo de documento pode ter sido prejudicado? Qual a chance real de ser um incêndio criminoso? Queremos acreditar que a falta de respostas se deva ao pouco tempo decorrido do fato. Mas, até agora, o clichê urge: ... na Bahia tem precedentes.
Chapa quente_
O que está em jogo na definição das chapas majoritárias 
De olho
Estamos, até o dia 5 de agosto, dentro do calendário previsto para as convenções partidárias, que oficializam as chapas. Os próximos dias, então, serão decisivos. Hoje (29) teve a oficialização da candidatura de Marcos Mendes, pelo PSOL, e ontem (28) de Célia Sacramento (Rede). Na próxima sexta (3) ocorre a convenção do DEM, seguida do PT, no sábado (4). MDB lança candidatura no dia 1º.
Desfaz o bico, menino!
reunião de Zé Ronaldo (DEM) com Jutahy Jr. (PSDB) para (ainda) tentar convencer o pré-candidato ao Senado a aceitar o deputado federal Irmão Lázaro (PSC) na chapa ficou para essa semana. O presidente do PSC baiano, Heber Santana, tinha dado a última sexta (27) como prazo final para resolver a situação de Lázaro. Não aconteceu. E nem o dia da reunião do convencimento está definido. ACM Neto também reunirá a bancada para discutir a questão. A convenção que lançará oficialmente a candidatura democrata está marcada para o dia 3 de agosto, dois dias antes do prazo final. A chapa encabeçada pelo Democratas está deixando a resistência de Jutahy com Irmão Lázaro abrir brecha para que o grupo fique sem o único candidato realmente competitivo da coligação. O próprio PSC já abriu negociações com o PRTB e com o MDB e também aventa a possibilidade de lançar o pastor e ex-cantor do Olodum em uma candidatura avulsa. Com candidatos ao governo e ao Senado pouco expressivos em nível estadual e enfrentando o amplo favoritismo de Rui Costa, a chapa está se permitindo perder uma oportunidade real de ganhar uma cadeira no Senado por uma birra. Nem parece que a coligação é formada por velhas raposas da política que sabem o quanto de capital político a coligação, já combalida pela rejeição à direita na Bahia, perde ao mostrar abertamente a sua falta de rumo e habilidade na articulação dos aliados. A escolha do vice é outra questão espinhosa para o grupo. Segundo o portal Metro 1,  disputa entre Jutahy e Lázaro estaria “harmonizada” e já estaria decidido que a vice seria uma mulher. No entanto, nenhum anúncio oficial foi feito. Se a notícia se confirmar, ficará claro que certo nesse grupo é Bruno Reis. Provavelmente com medo de que seu potencial atrativo de votos - por sua ligação direta com ACM Neto -, o transformasse em um “boi de piranha” recusou há tempos o posto de vice em uma chapa que, na real, tem poucas chances de vencer as eleições de outubro. Entendeu cedo que certos desgastes políticos não valem a pena.
 
A tranquilidade no olhar de quem... 
Enquanto a oposição bate cabeça para definir a chapa, Rui (PT) refina a relação com sua base. Na última semana, anunciou os nomes que faltavam da suplência do Senado para o fechamento da majoritária e tem trabalhado não apenas para consolidar parceria com os aliados, como também buscar apoio dos partidos nanicos da base de ACM Neto, oferecendo a formação de uma espécie de “chapinha” na base petista. Para isso, Rui contou com o apoio do Avante, liderado pelo Pastor Sargento Isidório. E e deputado estadual mostra que tem jogado pesado no convencimento para que vereadores da capital do PTC, PMB, Rede e PPL marchem com Rui. “A maioria dos políticos do lado do prefeito ficou órfã. O pai de família abandonou a casa [desistiu da candidatura]. Ele fugiu”, ironizou Isidório. O petista, no entanto, tem que abrir o olho para o interior: em Ilhéus, vereadores de partidos da base de Rui (como o PSB, PDT e PCdoB) declararam apoio à candidatura de Zé Ronaldo.

Saindo do cenário político baiano, o nacional volta a balançar a chapa de Rui. O nome de Wagner, mesmo sendo um dos mais fortes da chapa, carrega indefinições (e vai e vem de versões). A questão é se ele chegará ao pleito eleitoral em outubro como candidato ao Senado ou a presidência – sendo ele um dos possíveis plano b do PT. Para ambas as posições há torcida e uma turma do deixa-disso. 

Aqui como lá
Assim como na eleição baiana, o prefeito ACM Neto também está super cotado enquanto articulador da campanha do pré-candidato à presidência Geraldo Alckimin (PSDB), chapa da qual o DEM, partido do qual é o presidente nacional, passou a fazer parte desde que o centrão bateu o martelo que apoiaria o peessedebista. Já no anúncio do apoio, Neto fez as honras servindo de “mestre de cerimônias” da ocasião. Também foi escolhido pelo blocão para liderar a busca pelo vice do tucano.  "Decidimos por unanimidade que ACM vai conversar com Alckmin para ver se o vice sai dessa coligação", disse o líder do Solidariedade, Paulinho da Força. Fazendo jus à confiança depositada, o prefeito da capital baiana já se reuniu com Alckmin na última sexta-feira (27) para avaliar nomes para o posto. No entanto, Neto amargou alguns reveses na sua gestão em Salvador. Teve e está tendo que lidar com protestos e judicialização das obras do BRT, com greves dos rodoviários, dos servidores e ainda dos professores e no último dia 19 foi multado em R$ 5 mil - juntamente com Jutahy Júnior -  pelo TRE da Bahia por fazer propaganda antecipada para o pré-candidato ao Senado de sua chapa. Apesar de tudo, parece que a reputação do democrata enquanto expoente de sucesso da centro-direita e puxador de votos continua intacta.
In_dica
  • Excelente reportagem sobre a quartelarização do ensino. Em cinco anos, no Brasil, cresceu em 212% o número de escolas geridas pela PM. É um assunto para ficarmos de olho (Época);
     
  • Um especial de folego sobre transporte urbano: problemas, propostas, dados, análises. Para além das picuinhas políticas, um assunto nevrálgico de interesse dos baianos (Folha);
     
  • Lembram da in_box nº 5? Propusemos um debate sobre representatividade feminina na política lá e quem tem interesse pelo tema não pode deixar de ler um representante do sistema (eleitoral) falando sobre como o próprio sistema dificulta a eleição de mulheres como Marielle (Huffpost Brasil);
     
  • Na mesma linha, outra indicação é a reportagem sobre como senadoras enfrentam dificuldade para disputar a reeleição - foco na primeira declaração de Lídice (Folha);
     
  • Nexo está com uma excelente cobertura da eleição. Este material especial traz a genealogia dos partidos políticos brasileiros, dos anos 1940 até os dias atuais, com detalhes sobre a história e as ideias gerais das legendas que têm hoje representação no Congresso Nacional (Nexo);
     
  • O impacto nacional nas eleições da Bahia: uma opinião (Bahia Notícias).
A in_box retorna no dia 12 de agosto. Estamos compartilhando o que estamos lendo de legal no Twitter, no @interfacejor  e pela tag #EleiçõesInterface. Boa semana, boa quinzena!
  
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