Newsletter CIDESD | Dezembro 2017

CreativeLab: um parceiro atento fora das 4 linhas

É em torno da análise do comportamento colectivo e criativo de desportistas de alto rendimento e, também, em formação que gravita o trabalho do CreativeLab. Empenhados na análise de variáveis que permitem monitorizar e prognosticar o rendimento desportivo, os investigadores do CIDESD acreditam que, a médio prazo, a informação que produzem vai tornar-se imprescindível para as equipas técnicas dos clubes.

«Procuramos identificar padrões de comportamento em desportos colectivos, tendo por base as variações nas relações espaciotemporais que os jogadores estabelecem entre si. Esta análise permite uma melhor compreensão da acção táctica em diferentes níveis de análise: individual, grupal e colectiva», explica Bruno Travassos, coordenador dos trabalhos do CreativeLab.

Partindo da análise dessas relações, é possível avaliar o desempenho das equipas em jogo, identificar momentos críticos do jogo, avaliar o treino ou comparar os comportamentos de treino e competição, ferramentas que Bruno Travassos classifica como «fundamentais para os treinadores do futuro». Por outro lado, a identificação destes padrões associados às acções individuais permite «uma melhor compreensão da regularidade ou criatividade dos jogadores para o desempenho das suas tarefas».

O coordenador do CreativeLab considera que, nos últimos anos, a recolha de dados posicionais para avaliar a carga interna e externa das equipas se banalizou. «No entanto, os dados posicionais são completamente desaproveitados», observa. Portanto, a análise da performance dos desportistas permitirá, em última instância, avaliar o comportamento táctico das equipas. «Essa informação será cada vez mais utilizada no futuro com a integração de métodos de data mining e machine learning e será também mais facilmente utilizada pelas equipas técnicas dos clubes», destaca.

Plantel do Clube Desportivo de Tondela realizou testes de pré-época com o CreativeLab

Composta por Bruno Travassos, Bruno Gonçalves, Diogo Coutinho, Eduardo Abade, Hugo Folgado, Jaime Sampaio, Nuno Leite, Pedro Esteves, Rui Marcelino e Sara Santos, a equipa do CreativeLab já perdeu a conta ao número de recolhas efectuadas em equipas de jovens e profissionais, quer em Portugal, quer em Espanha. O futebol tem sido a modalidade mais analisada, mas com a recente aquisição de instrumentos de recolha de dados posicionais indoor, as recolhas «vão passar a ser mais diversificadas em termos de modalidades, potenciando o impacto da investigação realizada». Bruno Travassos sublinha, ainda, que existem algumas parcerias com clubes e com a Federação Portuguesa de Futebol que estão a permitir «transferência de conhecimento em Portugal, mas também com alguns dos melhores clubes de futebol internacionais».

Os resultados das investigações do CreativeLab revelam-se inovadores por contribuírem para uma melhoria da compreensão do processo de treino e do jogo. «Na verdade, a utilização de variáveis (posicionais) estão ao alcance de grande parte dos clubes, mas são pouco utilizadas ou não se entende o que realmente significam», explica o investigador.

Da panóplia de estudos que têm sido difundidos em publicações de referência, destaca-se o denominador comum de contribuir para uma melhor compreensão da manipulação dos exercícios e a avaliação do desempenho em jogo. A título de exemplo, o trabalho que integrou o doutoramento de Hugo Folgado, publicado na revista Research in Sports Medicine, mostra como a sincronização de movimentos dos futebolistas melhora com o treino na pré-época ou o trabalho do doutorando Diogo Coutinho, publicado na revista Frontiers in Psychology, que descreve os efeitos da fadiga mental no rendimento em Futebol, quando induzida por tarefas mais parecidas com o que os jogadores suportam em situação de competição. Em breve, serão também apresentados os trabalhos de doutoramento de Bruno Gonçalves, sobre a análise da performance com dados posicionais, e de Sara Santos, na área do desenvolvimento de diferentes programas de treino para melhorar a formação de jovens jogadores.

Explorar os trilhos do talento desportivo

O desenvolvimento do talento desportivo tem sido outra das prioridades da equipa do CreativeLab, procurando «uma melhor compreensão dos factores e dos métodos de intervenção que permitem potenciar o desenvolvimento desportivo em jovens».

Neste momento, o Talentódromo Desportivo de Vila Real é um projecto bem sustentado em parcerias com clubes que permite a integração de um vasto número de jovens de diferentes modalidades, com um trabalho de desenvolvimento das suas capacidades físicas e tácticas. «O Talentódromo é um excelente exemplo de como a investigação permite potenciar o desenvolvimento desportivo regional», sublinha Bruno Travassos.

Também o centro de treino Strength4Performance (S4P), a decorrer no ISMAI, visa potenciar o desenvolvimento desportivo de jovens em ambientes de imprevisibilidade com recurso a métodos diferenciais e de desenvolvimento da capacidade neuromuscular. «Os resultados de ambos os projectos são bastante positivos em termos de investigação e de transferência de conhecimento», conclui o coordenador do CreativeLab.

"Como Como" - Programa educacional de exercício físico e nutrição em adultos com compulsão alimentar, da autoria do investigador do CIDESD José Parraça, foi distinguido com uma menção honrosa pelo Instituto Europeo de Salud y Bienestar Social, a 21 de Novembro, em Madrid [Espanha]. «O programa previa que durante um determinado período de tempo fosse aplicada uma terapia baseada na actividade física e na educação alimentar, sendo os pacientes submetidos a algumas provas de actividade física de carácter aeróbio e tinham, também, umas sessões onde recebiam indicações no sentido daquilo que poderiam comer», explicou o investigador.

O projecto “The Handball 4 Health - Promoting Team Handball as a health and fitness enhancing sport for ALL!” fez eco na conferência da European Handball Federation pela voz de Susana Póvoas. O nome da investigadora do CIDESD figurou entre os principais oradores da conferência que teve lugar em Viena [Áustria], de 17 a 18 de Novembro. «Trata-se de um projecto que concilia investigação e intervenção comunitária, promovendo a prática de andebol de recreação e, também, o estudo dos seus efeitos na saúde, aptidão física e bem-estar dos participantes», resumiu Susana Póvoas.

Os investigadores Isabel Mourão-Carvalhal (UTAD), Eduarda Coelho (UTAD), Guida Veiga (UE), Jorge Morais (IPB), José Marmeleira (UE), Luís Paulo Rodrigues (ESDL) e Vítor Pires Lopes (IPB) participaram activamente no 12º Seminário de Desenvolvimento Motor da Criança e no International Consortium of Motor Development Research. Estes eventos decorreram na Escola Superior de Desporto e Lazer, nos inícios de Novembro, e contaram com o apoio do CIDESD. «É curioso perceber que os problemas e os erros das sociedades se repetem em todas as partes do mundo e como todos comungamos da mesma preocupação de juntar esforços para tentar decifrar a melhor forma de intervir e mudar esta grande doença que é a inactividade física», destacou Luís Paulo Rodrigues.

A "Biomecânica na Dança" foi o tema abordado pelo investigador do CIDESD Orlando Fernandes em mais uma edição de "Conversas com Ciência", organizada pela Universidade de Évora e pela autarquia local. A 16 de Novembro, a plateia do Teatro Garcia de Resende assistiu, ao vivo, à aplicação da biomecânica nos movimentos da 2ª arte. «A biomecânica faz a análise das forças que actuam no corpo humano e a intenção é fazer uma análise técnica para tentar que essa performance seja melhorada, mas também estamos preocupados com o risco de lesão», referiu.

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