As contribuições da agroindústria
para o efeito estufa não foram tema da COP 23
Do dia 6 ao dia 17 de novembro foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 23) em Bonn, antiga capital da Alemanha. O objetivo foi de aproveitar a dinâmica do acordo de Paris para concretizar agora a realização das medidas para limitar em dois graus centigrados o aquecimento da terra.
Enquanto aconteceu a conferência, muito se falou das energias fósseis, especialmente do carvão, e se discutiu como passar para energias renováveis. Mas ainda tinha painéis ocupados por lobistas e representantes das empresas de carvão ou petróleo, puxando a conversa para seu lado.
Num painel desses houve um flash mob, quase todos os participantes na sala iniciaram uma canção e saíram da sala, deixando os lobistas falando sozinhos.
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Participantes na COP 23 deixam lobistas da indústria do carvão falando sozinhos
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A proteção do clima também virou um grande negócio, muitas empresas podem aproveitar dos desastres, que podem ser provocados pelas mudanças climáticas. Também as concessões para a emissão de gases é um mercado calculado em 180 bilhões de dólares por ano, no qual governos negociam com empresas. Até programas como REDD (Redução de Emissões pelo Desmatamento e a Degradação de Florestas estimulam a logica, que se pode comprar o direito de contaminar.
Enquanto parece que a principal disputa acontece com a indústrias das energias fosseis, a agroindústria se mantém afastada e é pouco abordada nas negociações internacionais. Especialmente a indústria de carne que contribui em grande medida ao aquecimento global, estimada em 14 a 30%. As empresas usam 70% das terras, gastam 70% da água e produzem basicamente commodities para o mercado global, no qual comercializam e especulam com soja, trigo e milho, para a criação de animais e para agrocombustíveis.
Já a agricultura familiar ecológica alimenta as pessoas, e produz bem menos gases de efeito estufa.
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Ao final a agroindústria fornece alimentos somente para 30% da população mundial, enquanto a agricultura campesina produz 70% do que chega a mesa da população no Brasil e outros países.
Durante a COP 23 somente uma ONG realizou um symposio, sobre o papel de uma dieta baseada em plantas na ação global do clima, e demandaram o fechamento das fábricas de criação de animais. É urgente, que esse tema entre na agenda internacional das políticas climáticas, e que se promova a dieta em base de vegetais como contribuição importante para salvar o planeta.
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Agricultura climaticamente inteligente
A resposta às mudanças climáticas da agroindústria é a agricultura climaticamente inteligente (CSA, na sigla inglês), colocando o enfoque na transformação dos sistemas agrícolas para apoiar o desenvolvimento e garantir a segurança alimentar no contexto das mudanças climáticas. Ela tem três objetivos principais: o aumento sustentável da produtividade e do rendimento, a adaptação e criação de resiliência e a redução e/ou absorção de gases de efeito estufa, na medida do possível. Veja mais...
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A FAO fundou em 2014 a Aliança Global pela Agricultura Climaticamente Inteligente, contando com sócios como The Nature Conservancy – uma organização estadounidense, que tem sócios cooperativos como Dow Chemical, Coca Cola e Cargill. Outro sócio da Aliança é a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) um dos grupos ambientalistas mais influentes do mundo, contando com sócios como o governo dos Estados Unidos (Departamento de Estado e USAID), o Banco Mundial, a mineira Rio Tinto, a petroleira Shell, e a Danone. Um terceiro sócio é o Environmental Defense Fund, que lidera o ambientalismo neoliberal nos Estados Unidos, com sócios corporativos como McDonald’s e Wal-Mart.
A Via Campesina questionou o conceito da Agricultura Climaticamente Inteligente logo no inicio, denunciando a continuação de um projeto iniciado com a Revolução Verde, com os mesmos atores por trás, que vendem a CSA como solução para resolver as mudanças climáticas e aumentar a renda dos campesinos pobres com a mesma tésis falida que precisa aumentar a sua produtividade.
O movimento global pela agroecologia alerta, que a agricultura climaticamente inteligente faz parte de uma estratégia de cooptação e acomodação da agroecologia ao paradigma convencional para maquiar o sistema agroindustrial, inclusive como outros nomes como a intensificação sustentável ou ecológica’, ou a produção industrial de monoculturas de alimentos “orgânicos’, etc.
Veja mais em GreenArea.me: Qué es la agricultura climáticamente inteligente?
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O papel de dietas baseadas em vegetais na ação climática global
O symposio dia 10 de novembro de 2017 no Instituto Gustav Stresemann em Bonn discutiu a contribuicao da criação em massas de animais para o aquecimento global. Os gases de efeito estufa como o metano e amônio são muito mais agressivos para a biosfera que o CO2, e são produzidos pelos bilhões de animais, que são criados para abastecer os mercados de carne, leite e ovos.
O Autor Stefan Kreuzberger e o representante de PETA Alemanha, René Schärling apontaram, que não será possível limitar o aquecimento se o consumo de carne e leite continue crescendo. Um estudo da Fundação Heinrich Böll documenta, que 20 das maiores empresas de leite e carne do mundo emitem mais gases de efeito estufa que toda a população da Alemanha. Eles chamaram a atenção dos países participantes da COP para fazer de tudo para evitar esse crescimento, promovendo a agricultura ecológica, aumentando a oferta de refeiçoes vegetais nas repartições publicas e estimular o consumo de produtos vegetais.
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Permissão para o usos do Glifosato prolongado por cinco anos
A União Européia decidiu depois de longas negociações prolongar a permissão para o uso do Glifosato por mais 5 anos. A permissão estava com os dias contados até em dezembro de 2017, e apesar da enorme mobilização contra o prolongamento foi aprovada. A ameaça da Monsanto de abrir processos por causa dos lucros perdidos, e o trabalho eficiente do lobby levaram a esse resultado, que está provocando indignação na população, já que vários estudos mostram os efeitos cancerígenos, a morte de insetos e plantas, como também a contaminação da água e do solo pelo uso desse herbicida.
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Curso Campo, Comida & Cidadania
A primeira turma iniciou 11 de novembro o curso online de seis módulos, realizados durante seis semanas. Foi um processo de aprendizagem muito rico, conhecemos pessoas, que estão praticando os princípios da agroecologia nas suas propriedades e desenvolvendo projetos para a transição agroecológica.
A próxima turma vai iniciar depois do 15 de janeiro 2018. Vamos enviar em breve as informações, quando a inscrição está aberta.
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