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Newsletter #15
Janeiro 2018
«Passus Saudáveis», o antídoto para a Doença Arterial Periférica 
- uma terapia baseada no exercício físico -

 
Uma equipa do CIDESD prescreve sessões de exercício físico supervisionadas a utentes do Centro Hospital de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) que sofrem de Doença Arterial Periférica. Criado em 2014, o programa "Passus Saudáveis na Doença Arterial Periférica" já envolveu mais de duas dezenas de participantes. «A mais-valia deste programa é que pode, de facto, atenuar a progressão da doença. Com o acompanhamento contínuo das sessões de exercício por parte de profissionais das Ciências do Desporto e da Saúde, temos conseguido obter resultados bastante positivos», afirma a coordenadora do programa, Catarina Abrantes. 



Depois de formalizado o acordo de colaboração entre o CIDESD e o CHTMAD e de asseguradas todas as questões éticas, o programa "Passus Saudáveis na Doença Arterial Periférica" arrancou em 2015. Desde então, regista já 24 participantes do distrito de Vila Real, cuja idade média é de 65 anos.

O programa compreende três sessões semanais de exercício físico supervisionado. Os participantes têm de fazer uma caminhada em tapete rolante, com a duraç
ão de 40 minutos, seguindo-se a execução de exercícios de força resistente direccionados para os membros inferiores. «Como a claudicação intermitente está presente nesta população, utilizamos o work-rest cycle, ou seja, interrompemos o exercício quando surge dor moderada/severa, retomando-o quando desaparecer até completar o tempo de exercício», descreve Catarina Abrantes.

Existem dois tipos de tratamento para a Doença Arterial Periférica: o tratamento cirúrgico – a revascularização e o tratamento médico, que contempla a prescrição medicamentosa. «Dentro deste último, temos o exercício físico supervisionado como tratamento de primeira linha», refere Joana Ferreira, médica de cirurgia vascular no CHTMAD. Ao final de um ano, quando compara a eficácia deste programa de exercício supervisionado com o tratamento cirúrgico, Joana Ferreira verifica que «o exercício supervisionado tem os mesmos resultados que o tratamento cirúrgico». «E tem ainda outra vantagem que é a melhoria cardiovascular global, ou seja, com o exercício físico supervisionado conseguimos controlar a tensão arterial, a diabetes, o colesterol, que com a cirurgia só por si não conseguimos», conclui.

 
Parceria profícua


Para a coordenadora do programa, a parceria com o CHTMAD tem permitido «acelerar a transferência de conhecimento científico». Já a cirurgiã Joana Ferreira destaca que «graças ao CIDESD, conseguimos implementar um tratamento que é único e pioneiro em Portugal». Por ser uma «mais-valia para os doentes» e ir de encontro às «guidelines médicas que prevêem o exercício físico supervisionado», a clínica considera que este programa «deve ser replicado no resto do território».

«O Norte da Europa estimula este tipo de programas, mas em Portugal nunca tinha sido realizado. A principal vantagem é que conseguimos ter uma equipa especializada, conhecedora e que acompanha os doentes quase diariamente», acrescenta.


Joana Ferreira acredita que este programa pode ser a força motriz para desenvolver outros projectos ajustados a diferentes patologias. «O exercício físico pode ser utilizado como prevenção e como tratamento de outras doenças para além da Doença Arterial Periférica. Por exemplo, sabemos que os doentes com cancro que têm mais massa muscular apresentam uma maior sobrevivência a longo prazo. Portanto, se conseguirmos desenvolver linhas de exercício adaptadas aos doentes e às doenças, podemos contribuir para uma melhor qualidade de vida e uma maior sobrevivência


Passo a passo

Três vezes por semana, Bento Catitas de Sousa arranca de Zimão, aldeia do concelho de Vila Pouca de Aguiar onde reside, para frequentar o programa. «Quando vim para cá, praticamente não andava. Na verdade, para andar 100 metros, tinha de parar duas ou três vezes. Agora já faço essa distância sem problemas nenhuns», conta. Mesmo em casa, Bento de Sousa não deixa de fazer o que lhe recomendam: «faço as caminhadas e faço os exercícios em casa, por exemplo, estar sentado na cadeira e levantar os pés e as pernas».

Aos 66 anos, este utente sentiu uma evolução considerável com o programa "Passus Saudáveis na Doença Arterial Periférica". Se, no início, se via obrigado a «parar uma ou duas vezes», agora, já consegue caminhar 40 minutos de forma ininterrupta. «Não há dúvida que a gente se sente melhor», diz categórico. 




Findos os seis meses de acompanhamento no CHTMAD, António Brás, 60 anos, continua a honrar o compromisso: «nunca vou deixar de andar». «De manhã, tomo o meu café e vou dar a minha volta. São 2,5 quilómetros. Ao domingo, faço 5 quilómetros.» Aquando do diagnóstico da doença, percorrer estas distâncias era impensável. «Doíam-me as pernas e não podia andar. Ao fim de 20 metros, já tinha de me sentar», lembra. 

Depois de abandonar o hábito de fumar, António Brás foi submetido a uma operação a que se seguiu o programa. No início, bastavam cinco minutos para a dor surgir. Mas, depois, foi passando até «aguentar o tempo todo». «Aumentavam a intensidade e não me doía. Andei aqui muito tempo sem me doer», confidencia este vila-realense.



Próximos passos do programa
Ao abrigo do projecto NanoSTIMA, está em curso o desenvolvimento de uma aplicação que vai possibilitar uma maior autonomia, em ambulatório, aos utentes do programa "Passus Saudáveis na Doença Arterial Periférica". «Esta aplicação vai permitir uma monitorização do exercício físico realizado em ambulatório e o registo de informação em tempo real, nomeadamente a duração total do exercício, o momento em que surge a dor e o tempo que demora até desaparecer, se o trajecto incluiu subidas ou descidas», explica Catarina Abrantes.

«Nos primeiros tempos, em cinco minutos, a dor começava. Depois, já aguentava o tempo todo e com mais intensidade.»
António Brás
«Graças a esta parceria com o CIDESD, conseguimos implementar um tratamento que é único e pioneiro em Portugal.»
Joana Ferreira
«No início, parava uma ou duas vezes, mas agora já faço 40 minutos seguidinhos no tapete sem problemas.»
Bento Sousa
O que é a Doença Arterial Periférica? 
Trata-se de uma doença cardiovascular que causa obstrução (total ou parcial) das artérias e, consequentemente, reduz o fluxo sanguíneo, a oxigenação e o aporte de nutrientes aos tecidos. Esta patologia manifesta-se em artérias mais periféricas, muito frequentemente nos membros inferiores. O tabagismo e a diabetes são dos principais factores de risco e a claudicação, ou seja, a dor associada ao esforço de caminhar, é o sintoma mais frequente. Recorrentemente, a claudicação intermitente não é identificada como doença, porque se associa a cansaço ou a um baixo nível de aptidão física. Isto acaba por tornar o diagnóstico tardio e levar ao agravamento progressivo da doença.
Prevalência em Portugal e no Mundo
Um estudo da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (2008) revelou que a prevalência da Doença Arterial Periférica em Portugal Continental era de 5,9%, 6,6% na Região Autónoma dos Açores e de 3,8% na Região Autónoma da Madeira. Contudo, como esta doença afecta, sobretudo, indivíduos com mais de 65 anos, fumadores, sedentários, com diabetes, hipertensão e/ou excesso de peso, prevê-se que, actualmente, estes números tenham aumentado. 
De acordo com
vários estudos epidemiológicos, estima-se que mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo possam estar afectados pela Doença Arterial Periférica.
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O investigador Aldo Costa representa Portugal no projecto “O Futuro da Educação e das Competências: OCDE Educação 2030, como perito na área da Educação Física. «As escolas deparam-se com o enorme desafio de preparar os estudantes para as rápidas alterações económicas e sociais, para os empregos que ainda não foram criados, para tecnologias que ainda não foram inventadas e para resolver problemas societais que ainda não foram antecipados. Por isso, este projecto debruça-se sobre uma questão fundamental – como é que os países deverão capacitar os seus cidadãos para que estes compreendam, interajam e moldem um mundo em constante mudança?», refere. Com mais de 30 países envolvidos, o projecto conta com o contributo de diferentes agentes, organizações e culturas.

A tese «Collective Movement Behaviour in Association Football» foi defendida pelo investigador Bruno Gonçalves, a 19 de Dezembro, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. O júri deliberou, por unanimidade, atribuir a estas provas públicas de doutoramento a classificação de "Muito Bom"
«Este trabalho teve como objectivo principal explorar as características de funcionamento que estão na base do comportamento colectivo em futebol, usando variáveis de posicionamento. Os dados foram recolhidos em ambientes de treino e de competição, em escalões de Sub-15, Sub-17, Sub-19, profissionais e amadores. Para o seu tratamento, foram utilizadas técnicas de processamento linear e não-linear, análise de redes sociais, análise de variáveis de tempo e movimento e análise notacional. Todas as abordagens empíricas tiveram como objectivo fornecer ferramentas de processamento para melhor compreender a dinâmica do comportamento posicional dos jogadores», resumiu o investigador.

A 8 de Dezembro, o Talentódromo Desportivo de Vila Real promoveu uma sessão de avaliação destinada a desportistas nascidos nos últimos meses de 2005, 2006 e 2007. «Organizámos esta iniciativa com o propósito de combater um fenómeno que, muitas vezes, explica o abandono precoce do desporto juvenil – o efeito da idade relativa. Quisemos conhecer os jovens afectados por este fenómeno de selecção desportiva que acaba por ter repercussões do ponto de vista físico, maturacional, social e até educativo», explica o coordenador Nuno Leite. Oriundos de diversos clubes do concelho de Vila Real, os 18 desportistas que participaram nesta sessão praticam ginástica, basquetebol, ciclismo, futebol, voleibol e natação. Agora, cabe à direcção técnica do Talentódromo definir um programa focado nas suas necessidades de maturação biológica e direccionado para o seu desenvolvimento desportivo.



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Eventos:

Congresso Internacional das Ciências do Desporto e Reabilitação Psicomotora | Vila Real - Portugal | 10 Janeiro
Congrès Francophone de Médecine de Montagne | Champéry - Suíça | 17-21 Janeiro
Football is Medicine | Lisboa - Portugal | 25-26 Janeiro
Colóquio Futsal - O Jogo e o Treino | Lisboa - Portugal | 26-27 Janeiro
Scandinavian Congress of Medicine & Science in Sports | Copenhaga - Dinamarca  | 1-3 Fevereiro
The Future of Sport | Londres - Inglaterra | 8 Fevereiro
MIT Sloan Sports Analytics Conference | Boston - EUA | 23-24 Fevereiro
Congresso Técnico Científico da Associação de Treinadores de Triatlo de Portugal | Rio Maior - Portugal | 28 Fevereiro
Nutrition in Athlete Development Summit | Barcelona - Espanha | 1-2 Março
Sport Events Congress | Halifax - Canadá | 7-9 Março
Sports Medicine Winter Summit | Park City - EUA | 7-11 Março
Encontro Renal | Vilamoura - Portugal | 22-24 Março
Ageing Congress | Coimbra - Portugal | 27-29 Maio



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