A “queridinha dos olhos” Netflix se viu em maus lençóis nesta semana com o lançamento de O Mecanismo – série que adapta “livremente” o livro de Vladimir Netto sobre os bastidores da Operação Lava Jato.

O programa foi alvo de muita crítica dos assinantes, acusando a gigante de streaming de propagar a versão do governo golpista sobre os acontecimentos recentes da história política do país. Não faltaram elogios ao "manipulativo e enganador embuste" levado às telas pelo cineasta José Padilha.

No último final de semana, logo após a estreia da série, teve início uma campanha nas redes sociais incentivando o cancelamento de assinaturas. A hashtag #CancelaNetflix virou trend no Twitter, e até figuras como a ex-presidenta Dilma se pronunciaram sobre o posicionamento da companhia.

 

O que percebemos – com muita surpresa – é que O Mecanismo não é assim tão “livremente” baseada na obra “Lava Jato – O Juiz Sergio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Livro”, mas na verdade se mantém bastante fiel à versão relatada pelo supracitado jornalista. Apesar de a série mudar os nomes dos personagens “reais”, os espectadores podem reconhecer facilmente quem eles representam.

Até antes do lançamento, não sabíamos muito bem o que esperar do programa. De nossa parte, pensávamos que O Mecanismo apresentaria uma trama policial apenas levemente inspirada na Lava Jato. Porém, é inegável que a narrativa faz referência à história nacional, caracterizando políticos, doleiros, empreiteiras e estatais.

Assim, Petrobrás vira Petrobrasil. Um tal Paulo Roberto se apresenta como João Pedro. Alberto se transforma em Roberto. E há até um ser, então vice, chamado Samuel Thames (não precisamos dizer quem ele é, certo?). Você pegou a ideia: O Mecanismo nem disfarça muito em sua adaptação.

Após toda a repercussão negativa, o diretor José Padilha (o mesmo de Tropa de Elite) foi defender sua visão e disse que, se os assinantes cancelarem a Netflix, eles vão perder a próxima temporada de Narcos. Olha, para falar a verdade, ficamos mais preocupados com a continuidade de Stranger Things, Demolidor, GLOW, Orange is the New Black – e com o que deixar as crianças assistindo sem o catálogo de Peppa Pig e Galinha Pintadinha!

A companhia, por outro lado, não parece assim tão aflita com a polêmica. O streaming não fez nenhum grande pronunciamento e segue divulgando a série normalmente (há, aliás, uma sequência de clipes sobre a luta contra a corrupção circulando por aí). Como a plataforma não divulga números de audiência, não temos nem como saber a quantas andam as exibições da série. Nessas horas, queríamos ser uma mosquinha dentro dos servidores da gigante para ver esses dados de acessos e de thumbs up/down!

Porém, quando o empresário Flávio Bolsonaro escreveu no Twitter que o streaming estaria considerando produzir uma série sobre sua família, aí a Netflix se pronunciou:
 

Pelo visto, para tudo há um limite. Até para a Netflix!
 

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