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Olá, como vai?
Esses dias o Brasil viveu o caos provocado pela greve dos caminhoneiros, e estamos percebendo a enorme dependência do petróleo e da gasolina. Como será, quando o petróleo vai acabar definitivamente e os alimentos não vão mais chegar nos supermercados? Como os alimentos serão produzidos no sistema agroindustrial atual, que é altamente dependente do petróleo? E, pior ainda, quando a água acabar?
Que não é mais possível continuar da mesma maneira foi constatado já dez anos atrás por 400 cientistas internacionais, que elaboraram juntos o relatório: agricultura na cruzilhada, e vieram a unica saída na agricultura familiar ecológica, que alimenta o mundo. Iniciamos aqui uma série de artigos para apresentar você os diferentes itens do relatório nos próximos números das Noticias da Terra.
Veja também as outras novidades e eventos, especialmente do IV ENA, que foi realizado nesse fim de semana em Belo Horizonte-MG.
Saudações agroecológicas, Angela e Jaime
O informativo sobre transição agroecologia, 
soberania alimentar e movimentos sociais 
Mais informações www.agroecoculturas.org 

Nº 15 - 5 de junho 2018

 
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O futuro da agricultura sem petróleo: precisa mudar antes que seja tarde
As lições da greve dos caminhoneiros
 
Experimentamos esses dias de maio os efeitos de uma parada no transporte rodoviário, provocado pela greve dos camionistas. Em muitas localidades de repente faltaram alimentos ou foram vendidos por um preço bem mais alto.
A produção de alimentos depende no sistema agroindustrial basicamente do petróleo, que possibilitou durante os últimos duzentos anos a industrialização com a substituição da força humana por energias consideradas baratas. O petróleo tem a vantagem de ser altamente versátil e facilmente transportável, gerando muita energia, más as reservas estão chegando no limite. Marion King Hubert, geofísico americano, calculou em 1971 a produção mundial do petróleo e previu o Peak of Oil –o pico do petróleo– para 2000.
Com a descoberta de novas reservas aumentou prazo, más está previsto que as fontes acabem em 2050. Foram necessários milhões de anos para produzir as reservas fósseis de petróleo, carvão e gás, que foram consumidas em somente duzentos anos. Richard Heinberg mostra nas suas publicações que a sociedade baseada na energia fóssil barata tem os dias contados e que a festa das últimas décadas acabou.
Leia mais 
A agricultura na cruzilhada –
novos caminhos para a produção agrária mais sustentável

10 anos do relatório agrário mundial
 
Em 2008, ha 10 anos, o Banco Mundial e as Nações Unidas iniciaram um processo científico internacional para evoluir o estado da agricultura global, sua historia e seu futuro, com a Avaliação Internacional da Ciência Agrícola e Tecnologia para o Desenvolvimento” (The International Assessment of Agricultural Science and Technology for Development – IAASTD), conhecido como relatório mundia da agricultura (World Agriculture Report). Mais de 400 cientistas de todos os continentes e de varias disciplinas trabalharam juntos por quatro anos com o objetivo de encontrar respostas para a pergunta: “Como podemos reduzir a fome e pobreza, melhorar a vida no campo e facilitar um desenvolvimento justo, ecológico, social e economicamente sustentável, a partir do acesso da geração e do uso de conhecimentos, ciência e tecnologia na agricultura?”
O relatório foi contundente na resposta: continuar na mesma forma não é uma opção, e o titulo da publicação “agricultura na cruzilhada” anuncia a necessidade de mudanças radicais do modelo da agricultura convencional. A chamada para a transição agroecológica e o apoio à agricultura familiar de pequeno porte não caiu bem às instituições e empresas. Ao final 58 estados assinaram o relatório, entre esses o Brasil.
10 anos depois ainda 800 milhões de pessoas sofrem de fome e desnutrição, e cerca de 2 bilhões são obesos, com todas as consequências para a saúde. Já em 2008 a agricultura foi atingida pela crise dos bancos e do mercado imobiliário, aumentando os preços dos alimentos básicos e direcionando o mercado de investimentos para a compra de terras.
Nos últimos anos aumentaram as vozes dos que defendem a agricultura familiar campesina, a agroecologia e soberania alimentar. Em 2015 os lideres mundiais fizeram uma nova tentativa introduzindo 17 objetivos globais na Agenda para o Desenvolvimento Sustentável, que devem ser atingidos até 2030. O segundo objetivo pretende acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhorar a nutrição por todos, promover a agricultura sustentável e dobrar a produtividade e a renda dos pequenos agricultores.
 
Nas próximas edições dos Notícias da Terra vamos apresentar as mensagens chaves e recomendações em base da publicação da Fundação Zukunftsstiftung Landwirtschaft, que espera incentivar assim a participação no debate sobre o futuro da alimentação e da agricultura, e subsidiar atividades nas comunidades, empresas, supermercados e cozinhas.
A publicação está disponível em inglês com o texto completo do IAASTD, as sínteses e os cinco informes regionais assim como as atualizações na página www.globalagriculture.org
Atenção:
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O Brasil na contramão: venenos e desmatamentos liberados pelo governo
O mundo está vivendo um forte retrocesso nas políticas ambientais, as empresas multinacionais estão ganhando cada vez mais terreno e avançando com a destruição planetária. No Brasil, com seus biomas singulares, chegou uma fracção partidária ao poder, que delibera os desmatamentos no avanço sobre as últimas fronteiras agrícolas e também estão caindo as poucas restrições, que foram aplicados para alguns agrotóxicos como o pesticida altamente tóxico paraquat. Já no final do ano passado, foi notificado, que Syngenta estava forçando os bastidores contra a proibição do paraquat no Brasil, aonde a empresas com sede na Suíça, gera 20% das vendas com cerca de 2 bilhões de dólares por ano (17.11.2017 | escrito por Public Eye).
“Em 19 de setembro, a autoridade sanitária brasileira Anvisa decidiu banir o pesticida paraquat devido a numerosos casos de intoxicação, sua comprovada associação com a doença de Parkinson e seu potencial hereditário. Um grande golpe para a Syngenta: A empresa realiza mais da metade de suas vendas de paraquat no Brasil. No entanto, sob pressão do poderoso lobby agroindustrial, a Anvisa decidiu que a proibição não entrará em vigor até 2020. E ela poderia voltar a sua decisão se novos estudos forem apresentados que comprovem a segurança do paraquat.”
O Projeto de Lei 6299/2002, conhecido como “PL do Veneno”, propõe flexibilizar o uso e registro dos agrotóxicos, desconsiderando impactos na saúde, no meio ambiente e na economia. Muda inclusive a terminologia dos agrotóxicos para “defensivos fitossanitários”, tentando estabelecer um caráter inofensivo a substâncias tóxicas. A proposta vai na contramão da preocupação mundial com o meio ambiente e a saúde, e tira a responsabilidade penal do empregador em caso de descumprimento às exigências estabelecidas na Lei.
Observadores também denunciam o retrocesso nas políticas ambientais e o aumento do desmatamento. O governo Temer cortou o orçamento de importantes autoridades, o Ministério do Meio Ambiente teve recortes de mais de 40% de seu orçamento.
Além da volta dos desmatamentos na Amazônia, a pressão no Cerrado aumentou com as mudanças no Código florestal e a região de fronteira dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o Matopiba, é atingida pela expansão das monoculturas. O mundo olha para o Brasil, que está perdendo cada vez mais na corrida pelo lucro a todo custo.
Fazer o que? Junte-se à campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida, e nessa s eleições dê seu voto para quem defende o meio ambiente e a saúde.
Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2018/05/30/pl-do-veneno-projeto-de-lei-que-altera-lei-dos-agrotoxicos-desconsidera-impactos-na-saude-e-meio-ambiente/

Visite a plataforma agroecoculturas!

 

Sementes: parlamento europeo apoia a produção ecológica

O Parlamento Europeu adotou uma nova legislação que pretende apoiar a produção ecológica pelos agricultores. As novas medidas entrarão em vigor em 2021, autorizando a “reprodução vegetal de material biológico heterogêneo”, que permite aos agricultores ecológicos comercializar as suas próprias sementes.
Um decreto de 1981 proibiu a comercialização de sementes não inscritas no catálogo oficial. Para serem registadas, as variedades propostas devem passar por uma série de testes, como os ensaios de DHE (distinção, homogeneidade e estabilidade) e de VA (valor agronómico). Assim a inscrição de uma nova semente custa aos produtores entre 6000 e 15 mil euros, com isso a maioria das variedades listadas no catálogo pertence a DowDuPont ou a Monsanto.
A partir de 2012 as sementes camponesas não precisam ser registadas nos catálogos oficiais, sendo da responsabilidade dos produtores, que terão de declarar a venda das suas sementes e enviar uma amostra para garantir a ausência de contaminação por pesticidas químicos ou fertilizantes sintéticos.
Os agricultores podem desenvolver as suas próprias variedades e colocá-las no mercado, o que se espera que promova a biodiversidade e milhares de variedades de frutas e vegetais. Atualmente, segundo a FAO, 75% dos alimentos do mundo provêm de apenas 12 espécies vegetais e cinco animais. 
Fonte: https://www.theuniplanet.com/2018/05/uniao-europeia-autoriza-agricultores-biologicos-vender-sementes.html

 

 

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Eventos nacionais
 
 O IV Encontro Nacional de Agroecologia reuniu campo e cidade
Os participantes do IV ENA, realizado do 1 ao 3 de junho, voltaram com animo renovado para suas casas, e as redes saíram fortalecidas. Houve articulações, mutirões, oficinas de permacultura e a feira de Saberes e Sabores, finalizando com um banquete e um cortejo no domingo pela cidade.
“Comer é um ato político! Lutamos por comida de verdade no campo e na cidade!” foi um dos lemas do ENA, que teve como tema "Agroecologia e Democracia unindo campo e cidade. “Foram cerca de 10 mil pessoas ocupando as ruas da capital, semeando as mensagens de resistência e esperança dos povos do campo, das cidades, das florestas e dos mares.
Fotos: Coulbert Fargnoli
 
IV ENA iniciou dia 1 de junho com a assembléia das mulheres, recebendo caravanas de todo o país, trazendo milhares de pessoas, que juntos se manifestaram contra a escassez, o egoísmo e o medo, mostrando os caminhos para a renovação da sociedades, com abundancia, justiça e solidariedade.
 
Na assembléia das mulheres o lema foi “sem feminismo não há agroecologia”, Miriam Nobre, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), ressaltou que “as mulheres estão construindo outro jeito de amar e se relacionar. Agroecologia não é só prática, vai além do plantio de alimentos. Não podemos separar prática agroecológica do jeito como o trabalho se organiza. Agroecologia é coletivo, movimento. Vamos radicalizar a democracia construindo a agroecologia popular.” * Veja mais

Pautando a diversidade dos territórios brasileiros, o IV ENA no 2 dia foram apresentadas cerca de 32 experiências em agroecologia. Seis Biomas brasileiros – Pampa, Caatinga, Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal – foram apresentados através de instalações artístico-pedagógicas em 16 tendas, além disso houve espaços para debates sobre o litoral e as metrópoles.

Indígenas, quilombolas, agricultores/as familiares, caatingueiros/as e pescadores/as mostraram as suas formas de conviver com os ecossistemas de cada Bioma, com práticas simples e eficazes que combinam o saber popular ao cuidado com o meio ambiente. Do outro lado, os ecossistemas e seus habitantes são ameaçados por empresas, o agronegócio e a mineração, que expulsam os povos das suas terras. Confira os debates sobre os diferentes territórios aqui.

Foi constatado, que esse ano pela primeira vez o ENA não somente acusou a destruição do campo pelo agronegócio, mostrando experiências e práticas, que estão se espalhando pelos territórios. O IV ENA também foi o primeiro a acontecer em praça pública, com o objetivo de propiciar um diálogo maior entre o campo e a cidade. Em vários espaços foi colocada a importância de trazer os alimentos produzidos para abastecer as cidades.

Durante todo o evento os visitantes e participantes podiam conhecer e experimentar produtos ecológicos dos diferentes territórios e sociobiodiversidades. Coulbert Fargnoli esteve na feira, realizando uma reportagem exclusiva para agroecoculturas. Confira aqui.

Nossos lançamentos

Voltando à Terra

O estudo desenvolvido no segundo doutorado de Angela Küster na Universidade de Valencia, está agora disponível na versão impressa e kindle na amazon, em língua espanhola.

O livro conta a história do surgimento dos sistemas agroalimentares, da agricultura até chegar aos dias de hoje na encruzilhada entre o caminho do agronegócio, que investe nas monoculturas de cultivos negociados no mercado mundial, utilizando terra, água e os produtos agrícolas somente para fazer dinheiro. Sabemos, que esse caminho termina num beco sem saída. Do outro lado se abre o caminho da agroecologia, com uma agricultura mais sustentável das famílias campesinas. A comunidade dos que acreditam nessa proposta e lutam por ela está crescendo e assim o livro mostra as perspectivas e desafios em base dos programas realizados durante o Governo Lula em apoio à transição agroecológica. A última parte do livro avalia as experiências do projeto AFAM – Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado no Estado do Ceará, co-financiado pela Comunidade européia e coordenado pela Fundação Konrad Adenauer Fortaleza.
Veja mais informações aqui.


 
Atenção:
Disponibilizamos o livro aqui em pdf.
Pedimos em contrapartida uma avaliação sua na  amazon.com.br.
Por favor divulgue! Gratos pela colaboração!
Cursos online

Certificação para o mercado orgânico


O selo de produtos orgânicos abre possibilidades para alcançar outros mercados, sejam esses regionais, nacionais ou internacionais. Vale a pena investir no processo de organização, de aprendizagem e da construção de uma organização comum, que além de possibilitar a certificação pode defender seus direitos e melhorar o acesso aos mercados.
Mas como iniciar esse processo e quais são os passos e documentos necessários? Acompanharemos vocês nesse processo, aguarde o lançamento do curso e veja aqui um pouco da entrevista com Alexandre Harkaly, diretor executivo do Instituto Biodinâmico, sobre a certificação por auditoria.
 

Alexandre Harkaly - Diretor Executivo do Instituto Biodinâmico, falando com Dra Angela Küster




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