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Bom dia!

Eu fico muito feliz quando algo que faço toca a vida de alguém. Uma parte disso é meu ego sendo afagado. Outra parte, porém, é meu objetivo de vida sendo realizado. Eu organizo minha vida para ajudar pessoas a enfrentarem seus medos e construírem ambientes seguros, criativos, leves, divertidos e cheios de conexão para si e para os outros.

Com e para a escrita, faço isso no Ninho de Escritores.

Um outro recurso que utilizo é a comunicação não violenta. A CNV é uma forma de existir no mundo em busca de mais liberdade, conexão e honestidade. Eu já ofereço um curso introdutório gratuito no YouTube para quem quer dar os primeiros passos no universo da CNV.

Pois bem, de agora em diante oferecerei também conteúdos exclusivos em um canal do Telegram. Os conteúdos serão enviados uma ou duas vezes por semana e abrirei espaço para conversarmos sobre eles, mas a interação não será obrigatória. O canal do Telegram permite que você apenas receba os conteúdos, se quiser.

Isso dito, permita-me lembrar o que estamos fazendo há um mês aqui na newsletter. A partir de um desafio, recebi diversas respostas, e agora tenho comentado cada uma delas.
Joana acordava todos os dias no mesmo horário.

O desafio era responder com:
  • uma versão modificada dessa frase; ou
  • mantenha essa frase intacta e acrescente uma segunda que aumente o nível de curiosidade do leitor.
Esta já é a terceira mensagem com respostas comentadas. Você pode acessar as anteriores no arquivo das newsletters passadas.

Se você me mandou uma frase, mas eu ainda não respondi, está tudo bem. Eu provavelmente estou aguardando o momento de compartilhar aqui na newsletter. Se eu mudar de assunto nas newsletter e não tiver comentado sua frase, aí sim eu esqueci de você, então por favor me lembre para que eu possa corrigir isso!
Joana acordava todos os dias no mesmo horário. Seu corpo já estava tão acostumado, que alguns dias acordava assustada achando que o despertador não havia tocado e respirava aliava ao ver que ainda teria mais alguns minutos de sono. Eis...(Vivian Anjos)
Quanta coisa cabe em uma frase! Piadas à parte, permita-me trazer a própria Vivian para comentar: "Vou parar por aqui pois já estava prestes a começar a falar de pequenos prazeres, como acordar antes e saber que ainda pode dormir mais, por exemplo. Mas reli a proposta e vi que deveríamos acrescentar uma frase e eu já coloquei quase um parágrafo haha". Eu vivo para pessoas que se empolgam! ❤

Eu me reconheço neste texto, sem a menor dúvida. Amo e odeio quando isso acontece comigo. Por outro lado, não fico curioso para saber o que acontecerá justamente por ser uma situação ordinária.
Joana acordava todos os dias no mesmo horário, por medo de que o assassino do irmão volta-se para terminar o trabalho. (Yumi)
Yumi, por favor escreva um livro começando com essa frase! Há tantas coisas sobre as quais eu estou curioso aqui, por que o irmão foi assassinado, por que o assassino voltaria, quem é Joana, o que um horário específico tem a ver com evitar um assassinato?

Um cuidado bacana no seu texto seria cuidar dos verbos. "Volta-se" significa voltar no tempo presente. Ela se volta e encara o homem, por exemplo. Ou: Após passar pela catraca, volta-se para acenar uma última vez.

Creio que sua intenção foi escrever voltasse, no pretérito imperfeito do subjuntivo, tempo que usamos para indicar algo do passado que não aconteceu, mas poderia acontecer. 
Joana acordava todos os dias no mesmo horário, ouvindo os mesmos gritos. (Felipe Carvalho)
Eu estou curioso, parabéns! Gritos de quem, por que, desde quando? Observe que não estou curioso com o que vai acontecer, porém quero saber o que já aconteceu e, principalmente, o que tem acontecido.

Com esse exercício, tenho observado o quanto a minha curiosidade é atiçada por uma combinação entre especificidade (os mesmos gritos) e espaço para imaginação (que gritos, de dor, de medo, de prazer?). 

Algo que estou pensando é essa vírgula. Com ela, não entendo que ela seja acordada pelos gritos, mas que eles estão lá quando ela acorda. Sem ela, creio que eu entenderia que são os gritos que a acordam. Confesso que não estou certo dessa interpretação, por isso mesmo quis destacar essas duas leituras.
Joana acordava todos os dias no mesmo horário, comia um par de ovos cozidos com café e caminhava, religiosamente, até o cemitério da cidade. (Lincoln de Oliveira)
Eu acho lindo como uma palavra inesperada mudou minha relação com o texto. Fui lendo com algum nível de "ah, OK, uma descrição cotidiana", e aí apareceu um cemitério no meio do caminho. Considero a combinação cemitério e todos os dias esquisita o suficiente para me deixar curioso.

De novo, estou curioso não exatamente sobre o que vai acontecer, mas sobre o que está acontecendo, quem é a personagem, por que o cemitério?
Todos os dias, eles acordavam Joana no mesmo horário. (Leandro Leal)
Quem, por que, como assim? Uma pequena brincadeira na frase já produziu uma série de sentidos diversos da frase original, e essa é uma das práticas que mais me enche de graça no processo da escrita: como é simples mudar tudo e explorar possibilidades!

A toalha em cima da mesa era vermelha.
Era vermelha a toalha em cima da mesa.
A mesa em cima da toalha era vermelha.
A mesa estava em cima da toalha vermelha.
Vermelha talhava uma mesa em cima (do quê?).

Talvez possamos considerar um novo uso para a lente da curiosidade: estou sendo curioso o suficiente com relação ao meu próprio texto, minha narrativa, minha linguagem e a conexão com o contexto?
Joana acordava todos os dias no mesmo horário. Acordava mais ou menos: com as exíguas forças que as noites mal dormidas lhes restituíam tentava, mesmo depois de abrir os olhos, continuar sonhando e era nesse estado de torpor que passava suas horas. (Irina Silveira)
Eu adoro esse recurso de dizer algo e em seguida desdizer, ou reorganizar. Ele era lindo. Quer dizer, eu achei lindo, mas... Esse tipo de recurso produz uma quebra na expectativa, algo que acho bem-vindo para trazer o leitor mais para perto. Afinal, o que já julgamos conhecido costuma passar despercebido, irrefletido.

O que estranhamos, por outro lado, passarinho.

Uma das lentes para as quais vamos olhar eventualmente é a lente da reflexão: meu texto convida o leitor a pensar e a sair do conforto do lugar comum?
Joana acordava todos os dias no mesmo horário. Essa rotina se repete nos últimos 5 anos, durante sua prestação de serviços, na empresa Francesa Leroy Merlin; ocupa a vaga de gerência de operações; Acorda sempre as 5 horas, faz sua higiene pessoal, toma banho, escova seus dentes, cabelos rigorosamente bem penteados, destina alguns minutos em seu período devocional, meditando na Bíblia, e orando; coloca seu dia, sua vida aos cuidados de Deus. (Deivid Souza)
Ainda sobre curiosidade e descoberta frente ao estranho, o que procuro quando leio (um texto ou uma pessoa) é algo que me desperte a sensação de que existe um universo complexo esperando para ser desvendado. Isso me interessa e me faz querer saber mais.

Vejo aqui uma Joana que tem uma dose alta de especificidade, consigo percebê-la quase real. Eu acreditaria se me falassem que ela existe em algum lugar. Entretanto, não me sinto curioso por saber mais a respeito dela senão com um esforço consciente de exercer minha curiosidade empática.

Quando leio um texto, aprecio que a escrita e a história me convidem a querer saber mais. Nos comentários de hoje, percebi que isso pode ser criado pela subversão da expectativa. É assim também com você?
Mais uma vez, vou interromper a sequência de comentários. Ainda tenho alguns exercícios para trazer para a newsletter. Creio que na próxima semana será a última sobre a lente da curiosidade, e então poderemos seguir adiante para outras lentes e novos exercícios.

Ah, só para lembrar: você pode se inscrever na minha lista gratuita de distribuição de conteúdos sobre CNV.

Tenha uma excelente semana!

Tales do Ninho






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