Bom dia!
Desde o dia 20 de março, quando parou de frequentar a escola por causa das medidas de isolamento social, meu Gabriel convive apenas com a família. Alguns de seus melhores amigos estão a alguns andares de distância, no mesmo edifício, mas ele não os viu nem sequer de relance. Com dois casos confirmados de covid-19 entre os moradores, a síndica definiu regras rígidas: nem mesmo o elevador pode ser compartilhado por famílias diferentes. Na semana passada, o aniversário do vizinho do 18o andar, com quem ele costumava brincar com frequência, foi virtual. Todos os dias, meu menino convive com as mesmas – e só com essas – pessoas. E a pergunta que sempre me vem à cabeça (talvez já tenha passado pela sua também) é: que impactos essa convivência exclusiva com os pais, por um tempo tão prolongado, pode ter nos pequenos? Muitos especialistas têm falado sobre a positiva oportunidade de convívio com os filhos (inédita para muitos pais), mas qual será o lado B dessa história? Há efeitos negativos? Sim, há. Pelo menos é isso que demonstrou uma pesquisa realizada com crianças e adolescentes da China – país de origem da doença e o primeiro a adotar medidas de isolamento social. O estudo apontou sete efeitos negativos no desenvolvimento infantil provocados pela mudança brusca de rotina. E a dependência excessiva dos pais lidera os resultados: foi observada em 36% das crianças e adolescentes analisados. Falta de apetite, problemas de sono e agitação também estão na lista. É sobre isso que fala uma das matérias da edição de hoje. Sobre os efeitos negativos do isolamento, mas também sobre como lidar com eles para ajudar seu filho a superar essa experiência que está sendo tão difícil para todos – pequenos ou grandes.
Boa leitura!
equilíbrio emocional
Assim como os adultos, as crianças experimentam emoções de estresse, ansiedade, preocupação, tristeza, raiva e medo à medida que aprendem e crescem. Mas a mente em desenvolvimento nem sempre sabe como processar, liberar ou categorizar adequadamente essas emoções. É preciso ajudá-los a aprender, usando as ferramentas certas – e uma delas é respirar corretamente. “Exercícios de respiração para crianças trazem benefícios como melhor controle das emoções, da capacidade de atenção e o foco”, explica a psicóloga Andrea Romão, especialista em reeducação emocional, em artigo para a Canguru News. “Quando fazem o exercício de respiração, elas sentem-se mais relaxadas e compreendem melhor o corpo, deixam de lado o estresse e maus sentimentos.”
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saúde mental
A pandemia do coronavírus provocou uma mudança brusca na rotina das crianças do mundo inteiro. A nova condição de convívio entre as famílias trouxe medos e incertezas. Trouxe ansiedade, estresse e impactos negativos para a saúde mental de todos. Num recente artigo, o Núcleo Ciência pela Infância (formado por profissionais das áreas de saúde, educação, economia e administração de renomadas instituições de ensino nacionais e estrangeiras) tratou dos efeitos das medidas de isolamento social no desenvolvimento infantil. E destacou um estudo feito na China com 320 crianças e adolescentes. Os resultados da pesquisa mostram os 7 principais efeitos no desenvolvimento infantil. A dependência excessiva dos pais foi identificada em 36% das crianças e adolescentes analisados. Desatenção, em 32%, e preocupação, em 29%. Problemas de sono, falta de apetite, pesadelos e agitação foram os outros efeitos verificados. Segundo os especialistas, pais precisam estimular seus filhos a falarem sobre o que estão sentido. Eles são unânimes: a conversa olho no olho é o melhor remédio contra todos esses problemas.
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coronavírus
Como foram os seus primeiros 40 dias de quarentena, mãe? O que você tem sentido? Publisher da editora Timo, Ana Basaglia saiu fazendo essas perguntas nos grupos de mães que frequenta. Conhecida pela defesa dos valores da criação com apego e pela publicação de títulos alinhados com essa proposta (como os best sellers do pediatra espanhol Carlos González), Ana quer traduzir, na obra, a percepção dessa “maternidade em quarentena”. “A mulher continua sobrecarregada com a casa, os filhos e o trabalho, enquanto o marido se dedica ao home office, e ela tem pouca voz e espaço para falar sobre isso”, diz Ana. Serão selecionados 40 textos de 40 mães – entre mães famosas e anônimas. Segundo ela, ainda dá tempo de se candidatar como co-autora dessa coletânea.
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entretenimento
Como explicar aos filhos o que é a busca pela felicidade? E a importância de aprender a lidar com adversidades? Filmes são um excelente pretexto para puxar essas conversas sobre temas, digamos, complexos. Não por acaso são tão recomendados pelos especialistas como ferramenta para transmitir determinadas mensagens aos pequenos. Presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (seção ES), Fernanda Mappa preparou uma seleção com 14 curtas-metragens que ela sempre recomenda aos pais de seus pacientes. “Piper”, de Alan Barillaro, está na lista: ele conta a história de uma ave-bebê ao sair pela primeira vez do ninho atrás de comida. Já “Hapiness”, do britânico Steve Cutts, nos faz refletir sobre a felicidade ao mostrar o cotidiano de uma comunidade de ratos. “Essas animações trazem mensagens por meio de metáforas que não necessariamente a criança vai entender, mas vale a pena assistir junto com ela e depois puxar uma conversa”, diz a psiquiatra.
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maternidade
Você sabe quem são as mães brasileiras mais pesquisadas na internet? Quem lidera não é alguma famosa mãe de primeira viagem. Ela é mãe de dois filhos adultos e tem três netos. Confira o ranking das 5 mais, segundo pesquisa da empresa SEMrush:
1
Ana Maria Braga
2
Grazi Massafera
3
Tatá Werneck
4
Juliana Paes
5
Marília Mendonça
Quer saber quem são as outras 5 deste ranking e quais são as 10 mães que mais têm seguidores na Instagram? Confira a lista completa aqui.
uma pergunta para...
Andrea Werner
Mãe do Theo, 11 anos, autora do blog Lagarta Virou Pupa, ativista pelos direitos do autismo
Como seu filho Theo está processando o que está acontecendo? Como tem sido a rotina para a mãe de um autista?
“Ele é um menino muito esperto e está me dando uns bailes nessa quarentena. Como meu marido tem trabalhado muito de casa, ele passa o dia fazendo reunião por vídeo e eu fico por conta do Theo durante o dia – mas antes que alguém ache que meu marido não ajuda em casa, eu quero dizer que ele é o melhor parceiro que eu podia ter. Ele dá uma pausa na reunião e vai lá fazer almoço. Faz outra pausa e arruma a cozinha, às vezes, até quando está no telefone em reunião, ele passa aspirador enquanto eu estou com Theo. Mas eu não posso virar as costas que pode acontecer algo. Uma característica da criança com autismo é que ela tem interesses muito restritos e Theo acaba querendo ficar só com o tablet, não gosta de nenhuma outra atividade. Aí, eu viro as costas e acontece uma bagunça, como o shampoo que caiu na cama, a tinta guache que ele jogou no edredom. Dia desses, fui no banheiro e não demorei mais que dois minutos, quando voltei ele estava mexendo na minha maquiagem. A solução tem sido levar ele no banheiro comigo, levo ele junto e me tranco. Mas fico imaginando outras mães que também passam por situações difíceis, como mães solo que têm menino cadeirante ou com paralisia cerebral, como elas fazem quando acabam as compras e precisam ir ao supermercado sendo que o filho é do grupo de risco? Tenho feito esse exercício de pensar em quem está em situações muito mais difíceis que a minha e isso tem me ajudando a não ficar reclamando.”
Depoimento para o canal de Youtube Galãs Feios
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