Você anda gritando com seu filho? Saiba por que está acontecendo (e como parar com isso)

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Por Ivana Moreira* |
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Bom dia!
Uma panela de pressão prestes a explodir. É como você anda se sentindo? Boa parte dos pais e mães estão assim – com os nervos à flor da pele. Sobra para quem? Para os pequenos. De repente, você, que é uma pessoa geralmente controlada, se pega aos berros com as crianças. Por que isso está acontecendo? E, mais importante, como parar com isso? Nenhuma mãe, nenhum pai está livre de chegar a esse colapso. Nem mesmo os especialistas em educação de crianças, como a escritora portuguesa Magda Gomes Dias.
“Aconteceu comigo”, desabafa nossa colunista. Segundo ela explica no artigo que destacamos nesta edição, crises de irritabilidade dos pais criam uma zona perigosa para os pequenos – para toda a família. E, com a pandemia, elas se tornam mais frequentes. Se isso está acontecendo aí na sua casa, é hora de parar e fazer uma sessão de “autoescuta”. Magda ensina como fazer isso.
A experiência do confinamento tem sido um grande desafio para os pais – mas não só para eles. Não podemos esquecer que muitos pequenos também estão se sentindo como “panelinhas de pressão” (embora tenham dificuldade para definir o que sentem). Não por acaso cresce o debate entre os especialistas sobre onde estão os riscos maiores para as crianças: fechadas em casa ou frequentando as escolas?
Nos Estados Unidos, a respeitada Associação Americana de Pediatria divulgou um documento que lista as ameaças educacionais, sociais e de saúde do confinamento e sugere a retomada das aulas presenciais. É o que nos conta a repórter Heloísa Scognamiglio. Por aqui, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação divulgou seu oitavo guia para o contexto da pandemia, com 20 recomendações para a reabertura das instituições de ensino.
São tantos prós e contras na mesa, que fica difícil para mães e pais tomarem uma posição. Eu confesso: às vezes, não sei o que pensar. Então vamos falar de algo que a pandemia não afeta? A sua possibilidade de identificar (e estimular), desde muito cedo, as aptidões do seu filho. É o tema de outra matéria desta edição.
Boa leitura!
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Alguns talentos podem despertar só mais tarde, já na idade adulta. Mas muitos surgem na infância, bem cedo. É possível estimular nas crianças habilidades diversas que podem ajudá-las a identificar suas aptidões.
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A Campanha Nacional pelo Direito à Educação divulgou o seu oitavo guia para o contexto da pandemia. São 20 orientações para a volta às aulas e mais um compilado de documentos nacionais e internacionais com recomendações e precauções para o retorno escolar.
Veja as orientações »
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Pesquisa da revista Nova Escola com professores de escolas particulares e públicas revela que a participação dos alunos nas aulas online é maior na rede privada e no ensino fundamental I. A educação infantil é a etapa de menor aderência ao ensino remoto.
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Segundo a Associação Americana de Pediatria, manter as crianças em casa com o ensino remoto traz muitos riscos para os pequenos – educacionais, sociais e de saúde. Por isso está recomendando a reabertura das escolas, apesar da pandemia do coronavírus.
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Sem nos darmos conta, o estresse nos transforma em outras pessoas. Em pais que vivem aos gritos com os filhos. Nessas horas, o processo de autoescuta ajuda a pôr ordem na vida, diz a educadora portuguesa Magda Gomes Dias. Ela mesma passou por isso e conta como se organizou para não chegar a um colapso.
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O ritmo no qual os bebês se desenvolvem não é linear: os pequenos têm saltos de desenvolvimento que ocorrem quando estão adquirindo uma nova habilidade. A pediatra Thais Bustamante explica um pouco mais sobre o tema.

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Pesquisa feita nos Estados Unidos mostra que gestantes não querem se encaixar no estereótipo de que são incompetentes em seus trabalhos – e, para isso, elas trabalham ainda mais, correndo risco até de se machucarem.
uma pergunta para...

Naercio Menezes Filho
Economista, coordenador da Cátedra Ruth Cardoso e pesquisador do Centro de Gestão e Políticas Públicas (CGPP) do Insper. Integrante do Núcleo Ciência pela Infância (NCPI), dedicado ao desenvolvimento da primeira infância.
Por que o que acontece na primeira infância é tão determinante para o sucesso futuro?
“O retorno social para o dinheiro gasto nos primeiros anos de vida é maior do que nas demais fases do ciclo de vida. O crescimento do cérebro é muito rápido na infância, com formação de sinapses (ligações químicas entre os neurônios), que, se não forem aproveitadas, são desprezadas e não se formam mais. Por exemplo, se você não aprender a falar inglês sem sotaque nos primeiros anos de vida, nunca mais vai conseguir. Crianças que vivem em ambiente tóxico por muito tempo acabam tendo esse processo de desenvolvimento prejudicado. Assim, é preciso fornecer uma rede de proteção social, educação e saúde para as crianças mais pobres, para que elas desenvolvam suas habilidades cognitivas e socioemocionais adequadamente desde o nascimento e possam aprender sem dificuldades na escola. Caso contrário, irão sair da escola antes do tempo e permanecer transitando entre a informalidade e a criminalidade ao longo da vida, ficando para sempre dependendo do Estado.”
*Em depoimento ao Impacto Social, blog da Revista Exame
Obrigada por nos ler!
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