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#8 | Segunda-feira, 23/3/2020
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Por Ivana Moreira*

Bom dia!

Meus filhos comem mal. E boa parte da culpa é minha. Não insisti o suficiente com eles para criar bons hábitos. Se eu tivesse visto as imagens impressionantes do trabalho de Charles Nelson, pesquisa da Escola de Medicina de Harvard (EUA), talvez tivesse me esforçado mais. Nelson deu cores (números, estatísticas e análises) ao que todo nutricionista sabe: a importância dos alimentos nutritivos para o desenvolvimento das habilidades de uma criança. Tem tudo isso na edição de hoje: dicas de alimentação, reflexões sobre culpa materna e, claro, coronavírus. Porque nós, mães e pais, temos um papel super importante no combate à pandemia.

Boa leitura!
 redes sociais 

Ainda não foi dessa vez que o Cascão tomou banho

Você ouviu dizer por aí que o Cascão, da Turma da Mônica, resolveu tomar banho para se proteger do coronavírus? Muita gente ficou surpresa com a imagem compartilhada nas redes sociais que mostrava o famoso personagem tomando uma ducha. Não, ainda não foi dessa vez que ele teve de se molhar por inteiro. As mãos, porém, dizem que ele está lavando... 

Em tempo de pandemia, Maurício de Souza o desenhou na frente de uma pia junto com os amigos. A imagem faz parte da campanha da Turma da Mônica que incentiva todos a lavarem as mãos e seguirem os hábitos de higiene recomendados pelas autoridades de saúde para prevenir a transmissão do vírus. Que susto, hein? 

A propósito: a imagem do Cascão debaixo do chuveiro também é do Maurício de Souza e foi feita em 2015 como uma brincadeira para o dia 1 de abril daquele ano.
 especial coronavírus 

“A hora é de radicalizar”, diz infectologista

Se você anda angustiado com a rotina de isolamento social e às vezes se pergunta se tudo isso é mesmo necessário, tenha certeza de que é sim. Que a atitude de cada indivíduo é fundamental para o bem-estar de todos. “É hora de radicalizar, sim”, afirma o infectologista Ivan Marinho. “O distanciamento social é a única forma de diluir a doença no tempo, de atacar a progressão exponencial da contaminação.” 

Embora venha apresentando taxas de letalidade mais baixas do que o H1N1 (vírus que causa a gripe suína), por exemplo, o coronavírus é muito mais contagioso. Enquanto a taxa de contágio do primeiro esteja em torno de 1,5, a do Covid-19 tem chegado a 4 – o que significa que cada pessoa impactada pode transmitir o vírus para até 4 pessoas, alimentando uma curva de crescimento exponencial da doença. Por isso o isolamento social é tão importante: é preciso impedir que as pessoas se transformem em transmissores do vírus.

“A maior parte das pessoas infectadas não ficará mal, terá os sintomas de uma gripe comum”, explica o infectologista. “Mas se um número gigantesco de pessoas ficarem doentes ao mesmo tempo, o sistema de saúde não conseguirá atender o volume de pacientes que precisará de atendimento hospitalar.”

Segundo o infectologista, os pais têm uma responsabilidade enorme na estratégia de contenção social. Eles precisam conversar com os filhos para que estes consigam assimilar a realidade que estamos enfrentando – com compreensão da gravidade, mas sem entrar em pânico. Os médicos andam preocupados com o impacto da pandemia na saúde mental das crianças. Não por acaso, organizações como OMS e Unicef divulgaram orientações sobre como os pais devem explicar tudo isso aos pequenos. Para quem ainda tem muitas dúvidas, a Canguru News criou uma seção especial “Tudo sobre corononavírus para a família”. Para ler, clique aqui.

Segundo Ivan Marinho, os pais precisam também proteger os parentes que estão nos grupos de risco – os idosos, os diabéticos, os pacientes oncológicos, os portadores de doenças cardiovasculares e doenças crônicas de modo geral. “Não é hora de fazer festinhas, reuniões. É hora de colocar o interesse coletivo acima do individual”.

Você tem dúvidas sobre como ajudar parentes do grupo de risco? Ouça o podcast que fala justamente sobre isso, com a participação do infectologista Ivan Marinho e outros três especialistas.
 
 alimentação 

O cérebro do seu filho é resultado do que ele come

Fonte: YingYing Wang, Charles A. Nelson and Nadine Gaab. Projeto desenvolvido em Dhaka, Bangladesh, financiado pela fundação Bill and Melinda Gates.
As imagens acima são do cérebro de duas crianças da mesma idade – 3 anos –, fruto de um trabalho realizado em Bangladesh, pelo pesquisador Charles Nelson, da Escola de Medicina de Harvard (EUA). A imagem da direita mostra o cérebro de uma criança bem nutrida, já a da esquerda, de uma criança malnutrida – isto é, que come alimentos pouco nutritivos, pobres em proteínas, vitaminas e minerais, por exemplo (atenção: malnutrida não é sinônimo de desnutrida).

O que isso quer dizer? Que o tipo de alimentação impacta diretamente no cérebro da criança: a mal alimentada apresenta muito menos conexões cerebrais e, logo, tem o seu desenvolvimento prejudicado. “Cada linha dourada representa um ’trato de fibra’; isto é, as fibras longas e finas (axônios) no cérebro que conectam uma área à outra”, explica a pesquisa. Estudos mostram que quanto mais conexões cerebrais a criança tem, maior é o seu desenvolvimento. 

Nos primeiros 1000 dias de vida, que incluem a gestação e os dois primeiros anos do bebê, as células cerebrais fazem até 1000 novas conexões por segundo, uma velocidade única na vida. Essas conexões contribuem para o funcionamento do cérebro e podem interferir na maneira como as crianças aprendem e pensam, e influenciar até o sucesso delas na vida adulta.

Alimentação não é único fator para o desenvolvimento de uma criança. “Tem um conjunto de questões importantes: a relação social, do afeto com um adulto próximo e com outra crianças, e mesmo o simples fato de jogar conversa fora e fazer perguntas que promovem a descoberta também são essenciais para o desenvolvimento da criança, várias pesquisas mostram isso. A nutrição e esses aspectos juntos têm um potencial gigantesco de desenvolvimento cerebral”, afirma Fernanda Vidal, coordenadora da Fundação Bernard van Leer, voltada à primeira infância. Mas garantir que seu filho coma bem é um passo importante.
 comportamento 

Pare de procurar culpados e viva melhor com seu filho (com todo mundo)

Vivemos dias difíceis no mundo. A pandemia está mexendo com todos nós. Todo mundo tem algo a comentar, uma opinião diferente a dar. Quem são os culpados? Os chineses? Agora e sempre, seres humanos têm a necessidade de buscar culpados para as situações que nos desagradam. “Temos sempre que expiar as culpas em alguém ou em alguma coisa”, diz a pedagoga Priscila Boy, em artigo publicado pela Canguru News.

Se o casamento não vai bem, você culpa o parceiro. Se o clima em casa é de desarmonia, você culpa o filho rebelde. Segundo Priscila, mães e pais muitas vezes transferem para os outros culpas que são deles próprios porque não conseguem analisar suas atitudes. “Agir assim não vai mudar a sua vida”, garante Priscila. “Nada muda se você não mudar”, ressalta ela. Que tal refletir sobre isso? Se você o fizer, saiba que a culpa é da Priscila. Ela mesma já assumiu o ônus. 
 infância no Brasil 

35,5 milhões
é a população de crianças (até 12 anos de idade) no Brasil, o que representa 17,1% do total da população. Destes, 50,9% são meninos,
49,1% são meninas.

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018
 história de mãe 

Hora de se conectar com quem está perto e mandar energia positiva para quem está longe

Jogos de tabuleiro, filmes, receita de bolos... Haja criatividade para distrair os filhos em casa, não? Arquiteta urbanista e fundadora do grupo de mães “Padecendo no Paraíso”, Bebel Soares, assim como as outras mães, está “se virando nos 30” para equilibrar a nova rotina com o filho em casa. “Estou aproveitando para me conectar mais por quem está por perto e mandar as melhores energias para quem está longe”, diz ela. Confira o vídeo que ela enviou pra gente, para compartilhar um pouco da experiência que está vivendo ao lado do filho, Felipe, e do marido, Alexandre. 
Ivana Moreira

Jornalista com mais de 20 anos de experiência em grandes redações. É colunista de educação do jornal Metro e tem certificação de coach parental pela The Parent Coach Academy, de Londres. É uma mãe apaixonada por dois meninos, Pedro e Gabriel.
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*Com Verônica Fraidenraich e Heloísa Scognamiglio
 
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