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#10 | Quarta-feira, 25/3/2020
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Por Ivana Moreira*

Bom dia!

Quem me conhece sabe que me tornei uma embaixadora da educação financeira no jardim da infância, apoiando diferentes projetos nessa área. Mas meu caso é o clássico “faça o que digo, não faça o que eu faço”. Com a melhor das intenções, meus pais me pouparam de discussões sobre a grana da família. Se passaram aperto (e é claro que passaram), não me deixaram desconfiar. Um dos resultados: tenho a maior dificuldade para falar sobre dinheiro com meus próprios filhos. Mas a pandemia do coronavírus me deu uma chacoalhada. Reuni as crianças em volta da mesa e falei das minhas inseguranças sobre os próximos meses, que vai ser preciso economizar para não faltar. Sem dramalhão, depois do almoço de domingo. Lembrei a eles o quanto somos privilegiados e quantas famílias sofrerão mais restrições do que nós. Que além de economizar, vamos precisar ajudar. É como diz o educador financeiro Carlos Eduardo Costa, numa das notas de hoje: “Dinheiro é assunto para criança, sim”. Principalmente agora. É nosso dever como pais traduzir o que está acontecendo para nossos filhos e fazê-los compreender que isso também vai passar.

Boa leitura!
 atividade física 

Dá para se exercitar dentro de casa?
Dá, sim, senhor

Você tem a impressão que a energia das crianças quintuplicou desde que a quarentena do coronavírus teve início? Ufa! Quanta energia, não? Isso tem explicação. É que movimentar o corpo faz parte do dia a dia das crianças – é por meio dele que elas exploram o mundo desde quando são bebês. Então, lembre-se que seu filho tem uma necessidade natural de se exercitar. E dá para fazer atividade física dentro de casa, no isolamento? Dá sim. 

Nós conversamos com o educador físico Rafael Martins para elaborar uma listinha de atividades que podem ser realizadas até dentro de apartamentos bem pequenos e vão garantir o movimento que as crianças tanto precisam. “Mas brincar junto é fundamental nesse momento”, afirma Martins, que é coordenador-geral da Escola Bakhita, em São Paulo, referindo-se à participação dos pais na diversão. Confira algumas sugestões para cada faixa etária:

De 0 a 3 anos

Circuitos de obstáculos: A ideia é criar um percurso que demande a utilização de movimentos diversos, por meio de objetos e móveis existentes na casa, como cadeira, mesa, caixas etc. Linhas, fitas e giz também podem compor esse percurso.

Manipulação de objetos:  A criança deve criar movimentos diferentes com objetos que já conhece, como bola, bambolê e corda, entre outros. Tente também objetos inusitados, como uma rolha, uma pena ou um travesseiro, para estimular novos movimentos.

De 4 a 8 anos

Desafios motores: Crie circuitos com a ajuda das crianças usando, por exemplo, caixas de sapato para que os pequenos saltem sobre elas; fitas ou cintos que definam o tamanho da "pista de corrida"; cadeiras que exijam passar agachado por debaixo delas. As crianças adoram cronometrar o tempo e tentar superá-lo a cada nova tentativa.

Brincadeiras de roda: Promova dinâmicas que envolvam as crianças em contextos lúdicos e com regras simples. Por exemplo: corre cotia, mímica e passa-anel.

Clique aqui para ver outras ideias de brincadeiras.
 finanças 

Dinheiro é assunto para criança, sim (principalmente agora)

Tem gente que não gosta de falar sobre dinheiro com as crianças, pois acha que elas não têm maturidade para participar das discussões sobre o orçamento doméstico. Mas trata-se de um equívoco, segundo os especialistas em educação financeira. “Dinheiro é assunto para falar com crianças, sim”, costuma dizer o economista Carlos Eduardo Costa, autor dos livros “Meu Dinheirinho” e “Sim! Dinheiro é assunto para criança”. Em tempos de quarentena, quando muitas famílias poderão ficar com a renda mais apertada, é preciso envolver os filhos no planejamento para enfrentar a crise.

É hora de rever as despesas. A verdade é que o coronavírus já está afetando muitas famílias – ou pelo menos trazendo muita insegurança sobre a entrada futura de receitas. Mães e pais que trabalham como autônomos e agora estão em quarentena, por exemplo, podem ter visto o faturamento ir a praticamente zero de uma semana para outra. Será preciso avaliar todos os os custos da família, listar despesas que podem ser diminuídas, temporariamente suspensas e ou canceladas para enfrentar tempos que poderão ser difíceis.

É preciso eleger as prioridades. A adequação do orçamento deve ser feita por cada família, baseada em um diagnóstico das finanças e necessidades do grupo. E não dá para excluir as crianças disso. Carlos Eduardo ressalta que as decisões competem aos adultos, mas que as crianças podem – e devem – ser chamadas a colaborar no processo, sempre respeitando a idade e a maturidade de cada filho. 

É seu dever explicar o momento aos filhos. “Se a criança não quer deixar de pedir aquela pizza que ela pedia, e não quer que você diminua o número de canais da TV a cabo, isso é natural”, afirma. “Cabe a você explicar que isso vai ser durante um tempo, até que as coisas melhorem.” Segundo Carlos Eduardo, talvez seja hora de “fazer do limão uma limonada”. “Sua família pode aproveitar para refletir sobre nosso modo de vida hoje, sobre a questão do consumo: será que precisamos de tanto?”
  • Quer saber mais sobre educação financeira para crianças? Confira outras dicas aqui.
  • Quer dicas sobre como falar com os pequenos sobre a pandemia? Leia as orientações da ONU e do Unicef para os pais aqui.
  • Quer tirar suas dúvidas sobre o vírus? Veja nossa página especial “Tudo sobre coronavírus para a família", com informações dos especialistas do Hospital Leforte.
 família 

Um manual para “boadrastas”

Você não é a mãe biológica, mas quer muito merecer o afeto verdadeiro de seus enteados? Especialista em psicologia social e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Laura Cristina Coelho Soares tem um livro muito útil para você – e para qualquer casal em segunda (ou terceira união…) e que tenha filhos de outros relacionamentos. A obra é “Pais e Mães Recasados: Vivências e Desafios do Fogo Cruzado das Relações Familiares”. 

Segundo Laura, as estatísticas crescentes de divórcio contribuíram para mudar o estereótipo de vilã, tão comum no passado (com reforço dos contos de fada). Madrastas – e também padrastos – passaram a ser mais respeitados pelas crianças. Para quem quer conquistar afeto verdadeiro dos enteados, vale a pena conferir os “mandamentos para a boa convivência”:
  • Nunca tente substituir os pais biológicos. Jamais faça comparações.
  • Ouça a criança. Entenda o que ela está sentindo e a ajude a se comunicar.
  • Não empodere a criança, nem a coloque acima de todas as coisas.
  • Preste atenção ao ambiente, observe comentários feitos na presença dos enteados.
  • Não invada a vida da criança. Deixe ela se aproximar de espontânea vontade.
  • Não trave competição pela atenção do parceiro. O adulto da relação é você.
  • Não compre a criança com presentes e bem materiais. Trate-a com carinho e cumplicidade. É o suficiente.
 comprinhas 

Uma caixa de ideias

As cartas do jogo “Brinca Comigo?” (R$ 12,90) trazem 52 ideias de atividades simples e divertidas que usam apenas a imaginação – e podem divertir a turma em casa por um bom tempo. A cada carta tirada, um desafio é proposto. Tem desde adivinhar o sentimento que o outro participante está encenando até achar objetos pela casa com letras do abecedário. 
 
Acesse a loja Banca do Bem clicando aqui.
 uma pergunta para... 

Thais Fersoza

Atriz, escritora, mãe de Melinda, de 3 anos, e Teodoro, de 2 anos
 
A maternidade te inspirou a publicar o livro "Nasce Uma Mãe". O que seus filhos fizeram você descobrir sobre a vida?

“Que ser mãe a gente aprende sendo, quando busca ser a melhor mãe possível para o nosso filho – o que não quer dizer que seria uma boa mãe para uma outra criança. É um aprendizado. Um amor que não cabe no peito, uma doação e uma entrega que você nem sabia que era capaz de sentir. A descoberta desse amor acima de tudo, maior que tudo, essa entrega absoluta, é muito linda, e nos faz querer ajudar na construção, na formação desse ser humano. Sempre me emociona pensar que desde que eu tive a Melinda até agora, o tanto que eu me descobri como ser humano, como mulher. Tudo mudou, as prioridades mudaram, o jeito de ver a vida mudou. É mágico, acho que só mesmo a maternidade causa isso na gente.”
Ivana Moreira

Jornalista com mais de 20 anos de experiência em grandes redações. É colunista de educação do jornal Metro e tem certificação como coach parental pela The Parent Coach Academy, de Londres. É uma mãe apaixonada por seus dois meninos, Pedro e Gabriel.
*Com Verônica Fraidenraich e Heloísa Scognamiglio
 

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