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#17 | Sexta-feira, 3/4/2020

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Por Ivana Moreira*
 

Bom dia!

Eu já devo ter dito aqui mais de uma vez o quanto sou fã do pediatra carioca Daniel Becker. Ontem, me deparei com uma postagem dele, no Instagram, muito pertinente para o momento atual. É possível que você, como eu, já nem saiba mais o que dizer a seu filho sobre tudo isso que está acontecendo. Como passar segurança num momento que nós mesmos, os pais, estamos tão inseguros? Temos de acolher todas as emoções que a quarentena provoca no nossos pequenos e ajudá-los a lidar com elas. “Empatia nunca é demasiada”, diz Becker. O médico dá dicas aos pais sobre o que as crianças precisam ouvir quando estão com raiva, tristes, ansiosas ou decepcionadas. São várias respostas possíveis, mas se não guardar todas, não se preocupe. Basta que você tenha uma resposta pronta: “eu estou aqui”. Confira as dicas do pediatra numa das notas desta edição.

Boa leitura! 

 


 

 família 

Guarda compartilhada em tempos de coronavírus

Ilustração mostrando um menino no centro, seu pai e sua mãe.


A quarentena vem obrigando pais a criarem uma nova rotina para os filhos. No caso dos pais separados, que têm guarda compartilhada, surgiu uma dúvida: o que é ou não correto? Se por um lado existem os direitos e obrigações dos genitores, do outro, há as recomendações das autoridades de saúde para evitar toda saída desnecessária. Como ficam crianças que vivem dias alternados entre a casa da mãe e do pai? O que deve prevalecer?

“Tem de haver bom senso entre os pais”, afirma Marcelo Santoro, professor de direito da família da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio. Segundo ele, apesar do convívio com ambos os genitores ser um direito da criança, previsto na Constituição Federal, é preciso respeitar o princípio do melhor interesse da criança – que pode ser, por exemplo, ficar com um dos pais e manter contato com o outro por meios digitais.

Debora Ghelman, advogada especialista em direito humanizado nas áreas de família e sucessões, tem opinião semelhante. “O ex-casal precisa dialogar e, principalmente, buscar entender o que é ideal para seu filho, para a sociedade e para todos os que estão ao seu redor. Este é o primeiro questionamento a ser feito.” 

Confira as ponderações dos especialistas:

Cada família, um caso. Isso quer dizer que não há uma regra a seguir e cada família tem de decidir em conjunto – e com a participação do filho – qual a melhor medida. “Os pais têm autoridade para decidir o que é melhor para a criança, visto que ela não tem maturidade para decidir essa questão sozinha, mas é importante conversar com ela e explicar o que está acontecendo numa linguagem que possa entender”, afirma a psicopedagoga e terapeuta familiar Edith Rubinstein. 

Envolva a criança. Se os pais optaram por deixar o filho em uma das casas, suspendendo a guarda, é preciso explicar à criança porque escolheram essa opção. “O que vai trazer tranquilidade é a possibilidade de combinar juntos para atender minimamente a condição do momento, não só da família, mas dessa experiência planetária que estamos vivendo”, explica Edith.

O acordo é a melhor solução. Quanto maior o diálogo, menor a chance dessa decisão ir parar na Justiça, recorda a advogada. “Por ser um momento atípico, ainda não há muitas decisões judiciais sobre a guarda compartilhada no caso de uma pandemia. É um tema novo e que precisa ser bastante discutido. Os pais precisam conversar muito, não é o momento de ficar acionando a Justiça por qualquer razão. É hora de evitar conflitos”, aconselha Debora.

Leia abaixo, na seção “História de Mãe”, o relato de uma mãe que faz guarda compartilhada, e, neste momento, cuida dos filhos sozinha.

Leia também: Guarda compartilhada: foco no interesse dos filhos
 


 

 comportamento 

Você sabe o que seu filho precisa ouvir?

Foto de mãe consolando seu filho na cama


As emoções das crianças andam muito aguçadas – tanto quanto as nossas. Nós, pais adultos, estamos assustados diante desse cenário de pandemia, tão cheio de incertezas. O que imaginar das crianças? É natural que os pequenos estejam com dificuldade para administrar as próprias emoções despertadas pela mudança brusca na rotina. Raiva, tristeza, ansiedade, decepção. Tudo isso é esperado.

“É muito importante escutar a criança e demonstrar que estamos legitimando o que ela está sentindo”, escreveu ontem o pediatra Daniel Becker, em seu perfil no Instagram. “Todo sentimento é legítimo, mesmo que seja negativo e mesmo sem razão aparente.” Segundo o médico, acima de tudo, empatia pelos filhos nunca é demasiada. Ontem, ele relembrou post que fez o maior sucesso nos grupos de mães e pais. Se você anda sem saber o que dizer a seu filho neste momento tão desafiador, vale a leitura.

O que uma criança com raiva precisa ouvir?
Estou aqui./ Está furioso? Tudo bem sentir raiva./ Todo mundo se sente assim às vezes./ Só não posso permitir que você faça coisas erradas porque está com raiva./ Não pode bater.

O que uma criança triste precisa ouvir?
Estou aqui./ Você está triste...tudo bem se sentir assim./ Eu também fico triste às vezes. Tudo bem chorar...quer um abraço? / Você quer falar sobre o que está te deixando triste?

O que uma criança ansiosa precisa ouvir?
Estou aqui./ Tudo bem se sentir assim, todo mundo fica ansioso às vezes. Você pode me contar, se quiser./ Vamos pensar em um plano juntos?

O que uma criança decepcionada precisa ouvir?
Estou aqui./ Tudo bem se sentir assim. /Quer falar sobre isso?/ É difícil quando as coisas não saem do jeito que a gente queria./ Às vezes, as coisas parecem injustas.

5 ferramentas que podem ajudar na educação emocional

Seu filho é emocionalmente inteligente?
 


 

 casamento 

 

Os casamentos diminuem...

1,6% 

foi a redução no número de casamentos civis no Brasil em 2018 (última pesquisa divulgada)


os divorcios aumentam...

3,2% 

foi o aumento no número de separações no Brasil no mesmo período.


a guarda compartilhada cresce...

24,4% 

foi o percentual de casais com filhos pequenos que se divorciaram e fizeram guarda compartilhada em 2018 (mais que o triplo do percentual de 2014, que foi 7,5%).


nas mãos das mulheres.

65,4% 

foi o percentual dos casos em que, mesmo com guarda compartilhada, a responsabilidade pelos filhos ficou com as mulheres.
 

Fonte: Última pesquisa realizada de Estatísticas do Registro Civil, do IBGE, que compara dados de 2017 e 2018.
 



 história de mãe 

‘Tenho chorado, sozinha e na frente deles, porque não sou e nem quero ser perfeita’


Antônio, de 9 anos, e sua irmã Manuela, de 5, se revezam entre a casa da mãe e do pai. Com as medidas de isolamento social, o pai preferiu deixar os filhos quietinhos na casa da mãe. Assim, a educadora ambiental Marina Reina, de 45 anos, viu sua rotina virada de ponta a cabeça: sozinha em casa, cuidando de duas crianças e ainda tendo de trabalhar. Ela está exausta, claro. Até chora, às vezes.  Mas acha que é um privilégio poder estar segura, em casa e com os filhos.

Confira o relato da nossa leitora sobre a quarentena de uma mãe separada:

“Apesar de eu fazer guarda compartilhada com o pai, ele optou por deixá-los comigo durante o isolamento e sumiu. Não é fácil (é bem difícil, pra falar a verdade) cuidar de duas crianças sozinhas, mas só tenho a agradecer de ter casa, trabalho, saúde e filhos neste momento. 
 
Estamos tomando café da manhã os três juntos na mesa. Sempre gostei dessa hora, que nem sempre acontece devido à correria do dia a dia. Eu preparo tudo e cada um tira e lava o seu prato e copo – e eu lavo o resto. Mas eles colaboram, o que vale é o movimento coletivo. 
 
De segunda a sexta, improvisei um escritório na minha mesa da sala. E está dando certo. Difícil tem sido lidar com os clientes, alguns surtaram, parece que estão fora da casinha ou sei lá o que.
 
Fiz 0,3 % das atividades que recebi como dicas pelos grupos de WhatsApp. Mesmo assim, fizemos bastante exercícios físicos, brincadeiras, leituras, festa de boneca, artes – e dancei como se não houvesse amanhã!
 
Às vezes, dá vontade de pedir para pararem: não vou dar conta! Tenho chorado, sozinha e na frente deles, porque não sou e nem quero ser perfeita. Todos os dias me dou de presente 15 minutos de ginástica ou alongamento com aula na internet. Estou fazendo isso para não surtar!
 
Minha dor no corpo está demais. Não sei o que aconteceu na última semana: às 23 horas, eles começam a correr, brincar de pega, de luta, ficam a mil. Será efeito do isolamento? Meus sais… Essa hora eu sinto medo. Choro, leio tudo no celular que não dei conta durante o dia ( ou 10% de tudo), mas desisti de acompanhar os 234 grupos dos quais que faço parte. 
 
Agradeço por ter minha casa, por ter comida, emprego, água e sabão. Por ter meus filhos do lado e por estarmos com saúde. E de achar gostoso estar com eles, nós três juntos. Força, fé e muita água com sabão pra quem tem esses privilégios.”
 


Foto da fundadora da Canguru News, Ivana Moreira

Ivana Moreira

Jornalista com mais de 20 anos de experiência em grandes redações. É colunista de educação do jornal Metro e tem certificação como coach parental pela The Parent Coach Academy, de Londres. É uma mãe apaixonada por seus dois meninos, Pedro e Gabriel.


 

*Com Verônica Fraidenraich e Heloísa Scognamiglio

 

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