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#8 05-04-2020 
Notas semanais sobre vida académica, inovação nos media e indústrias criativas, inspiradas nas 164 "listas de coisas" que Sei Shōnagon partilhou no The Pillow Book (Séc. XI). 
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Deeply Irritating Things I

A man who has nothing in particular to recommend  discusses all sorts of subjects at random as though he knew everything

(Sei Shōnagon’s Lists, The Pillow Book)

_COISAS DA VIDA ACADÉMICA

#1 Desde fevereiro deste ano que a NOVA FCSH colabora com o Diário de Notícias na secção "Isto é Lisboa". O projeto resulta de uma unidade curricular opcional oferecida pelo ICNOVA, chamada Laboratório de Jornalismo Avançado, na qual os estudantes têm acesso à rotina real de uma redação, participam em reuniões de agenda e criam peças jornalísticas para a secção. Do lado da faculdade, é coordenado por mim e pelo António Granado; do lado do DN, estão à frente o Filipe Gil e a Catarina Carvalho. Mesmo em circunstâncias extraordinárias, os estudantes têm sido fantásticos, a comprovar pelas peças de imensa qualidade que já foram publicadas nesta secção. É um orgulho e um óptimo exemplo de parceria entre academia e media. Os alunos que fazem parte da equipa deste semestre são a Ana Cunha, a Bárbara Barbosa, a Beatriz Caetano, a Beatriz Ribeiro, a Carolina Amado, a Leonor Carmo, o Pedro João Santos, a Rafaela Teixeira, o Rúben Henriques e a Sofia Pancada.
 

_COISAS DOS MEDIA

#1 What makes a media entrepreneur? Por falar em dedicação dos estudantes, um estudo dos investigadores alemães Christopher Buschow e Rabeca Laugemann concluiu que os estudantes universitários na área da comunicação que se descrevem como curiosos, criativos e atentos à vida contemporâneas são aqueles que terão maior probabilidade de identificar oportunidades de empreendedorismo. Os académicos identificaram também uma forte ligação entre a atmosfera empreendedora de uma universidade e as intenções dos estudantes em criar start-ups. O artigo foi publicado na revista Journalism & Mass Communication Educator, da Sage.

#2 RQ1. Mark Coddington e Seth Lewis lançaram a newsletter mensal RQ1 (a abreviatura vem de uma expressão habitual no mundo académico - "Research Question") onde fazem uma curadoria da produção científica sobre jornalismo publicada no mês anterior. É muito boa.

#3  #Tracker_19Os Repórteres sem Fronteiras lançaram o microsite #Tracker_19 onde fazem a cobertura do impacto da Covid-19 na liberdade de imprensa. Recentemente, encorajaram os media internacionais a exigir que o Governo da Coreia do Norte divulgue os dados reais sobre a pandemia ("zero", neste momento) e que o Myanmar restitua o acesso a 221 websites de notícias, bloqueados aleatoriamente por disseminarem notícias falsas, segundo esse regime autoritário.
#4 Tendências cognitivas dos jornalistas que afetam o seu trabalhos O Paul Bradshaw publicou um mini guia sobre enviesamentos cognitivos ("cognitive bias") no jornalismo, que descreve como "common ways of thinking that lead journalists (and audiences and sources) to make avoidable mistakes". Desde o efeito IKEA (dar mais valor às coisas que nós próprios fizemos) à relutância em desistir de estórias que não vão a lado algum, mas que já deram algum trabalho, o jornalista e académico inglês, autor do Online Journalism Blog, agrega os cognitive bias mais comuns e dá soluções para as ultrapassar. (A infografia, desenvolvida pelo designhacks.co pode ser vista em alta resolução.)

_COISAS DAS INDÚSTRIAS CRIATIVAS

#1 Mobilização cultural das cidades face à Covid-19. Roma lançou a iniciativa #laculturaincasa, que inclui recursos digitais e acesso gratuito a livrarias online, concertos e outras atividades culturais. Em Nova Iorque, o setor lançou The People’s Cultural Plan, com uma lista de exigências.  Estes exemplos fazem parte de uma lista de iniciativas de todo o mundo compiladas pelo Comité de Cultura da UCLG (United Cities and Local Governments).

#2 SOS ARTE PT Por cá, a sociedade civil também se uniu: destacam-se o movimento SOS Arte PT (ao qual também me uni) que tenta responder aos danos provocados pela pandemia Covid-19, e o da RELI - Rede de Livrarias Independentes, que tem como objetivo dotar o país de uma rede de livrarias especializadas e de proximidade.

_OUTRAS COISAS QUE LI, VI E OUVI

#1 Greta's World. Este perfil da Greta Thunberg, escrito por Stephen Rodrick e publicado na Rolling Stone, é absolutamente fas-ci-nan-te. Transcrevo só o lead: There is persona and there is reality in Greta Thunberg. It is Valentine’s Day in her hometown of Stockholm, but there’s only wind, no hearts and flowers. A few hundred kids mill about, with a smattering of adults. If there were not signs reading “Our Earth, We Only Have One,” it could be mistaken for a field trip to the ABBA museum.

#2 Medievalists.net A Mariana Pereira, aluna da Pós-Graduação em Comunicação de Cultura e Indústrias Criativas, já me tinha falado deste projeto, mas só ontem o vi com atenção. É um excelente exemplo de comunicação de cultura e ciência, neste caso totalmente dedicado à Idade Média. 

#3 Impacto da Covid-19 nas semanas de moda de todo o mundo É um artigo interessante, sobre como as semanas de moda se estão a reiventar, e que pode ser lido na íntegra na Vogue Portugal.

 

_COISAS DE CRIADORES: PEDRO MENDES

Em 2006, fundou o portal de artes Coffepaste e, em 2017, o contraCenas, dedicado à review e crítica culturais. Para Pedro Mendes, os dois projetos atuam como media comunitários, preenchendo o vazio que às vezes é deixado pelos órgãos de comunicação social nesta área. 
 

Um engenheiro informático que se apaixonou pela comunicação de cultura

Tive a sorte de, em criança, estudar na Academia de Música de Santa Cecília, que alia ao currículo normal o ensino musical. Assim, vi-me exposto à cultura desde muito novo, e isso marcou-me indelevelmente. O papel da minha família também foi muito relevante. A paixão nunca desapareceu e tornei-me num espectador regular. Posso por isso dizer que a cultura entrou na minha vida bem antes da informática. O Coffeepaste surgiu em 2006, no curso de Produção e Gestão das Artes do Espectáculo do Forum Dança. O projeto final dos meus colegas Rita Lucas Coelho e Carlos Custódio materializou-se num blog chamado Coffeepaste, para o qual me convidaram pouco depois. E o resto, como se diz, é história.
 

O que paga as contas
Sou um estudante permanente, por isso não perco uma oportunidade de aumentar os meus conhecimentos na área das artes. Aliás, estou a fazer um curso de Arte Contemporânea dado pelo MoMA no Coursera (aconselho). No entanto, ainda é a engenharia que paga a maior parte das minhas contas. O setor cultural é, como sabemos, muito precário, e o salto não pode ser dado sem ponderação e muitas contas (e dores) de cabeça. Por brincadeira, digo que o meu empregador é um mecenas indireto dos meus projetos culturais.

O papel destes projetos
As artes e a cultura têm vindo a perder espaço nos órgãos de comunicação social. As secções de cultura dos jornais são cada vez menores, e os magazines culturais na televisão contam-se pelos dedos de uma mão. Assim, penso que ao estarmos perto da comunidade e ao levar-lhe conteúdos e serviços que julgamos serem úteis estamos a complementar a oferta nesta área. No caso do Coffeepaste, pelo já extenso arquivo de entrevistas (mais de 200 em vídeo) e artigos, contribuímos para a informação sobre o que se passa no panorama cultural português, pontuando o calendário de estreias, bem como fazendo balanços do percurso de inúmeros agentes culturais. No contraCenas, colmatamos um vazio crescente de crítica e review no espaço público. Em ambos os casos, ajudamos a fixar memória sobre artistas e eventos.

Um retrato do artista português
Uma característica que atravessa o setor é, infelizmente, a precariedade. Os artistas subsistem com dificuldades, e o seu trabalho é intermitente. Faltam mais apoios financeiros do Estado e de entidades privadas, para dar alguma estabilidade a uma classe tão importante da vida de um país. Estamos a ultimar um estudo sobre o perfil do artista/agente cultural que frequenta o Coffeepaste, a publicar  em breve.


Sustentáveis? Ainda não
Infelizmente, os dois projetos ainda não são sustentáveis. Se assim fosse, eu, a Rita Coelho e o Carlos Custódio faríamos muito mais. Temos tentado, e continuamos a tentar, ao longo dos anos, obter apoios. Mas muitos deles estão virados para a criação, algo que já fizemos, mas não é a nossa atividade do dia a dia. O que nos ajudaria seria um apoio sustentado, para que pudéssemos fazer mais e melhor. Se algum dos teus leitores tiver alguma ideia, somos todos ouvidos. 

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