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O blog tem casa nova. E você continua a receber aqui as histórias do caderno

Chego tarde, mas chego animada para contar que quem lia o blog em ocadernodereceitas.com.br agora pode segui-lo no site do jornal O Globo (sem contar o Instagram e o Facebook). No meu primeiro post por lá, fiz um balanço desses anos de O Caderno de Receitas, contando o que eu aprendi ao cozinhar receitas de cadernos de família. Você, que assina a newsletter, lê o texto também por aqui. Confere ainda uma seleção de sopas para aquecer o fim de semana, porque, pelo menos em São Paulo, a previsão é de friozinho. 

Como cozinhar receitas de cadernos de família mudou meu jeito de ver o mundo

Cinco anos atrás, sequestrei o caderno de receitas da minha mãe. Queria apresentar para o meu filho os sabores que marcaram minha infância. Mas não sabia prepará-los. Em casa, ninguém me ensinou. Porque fui criada para ganhar o mundo, não a cozinha. E só depois de andar um bocado mundo afora percebi que não precisava escolher entre um território e outro.

Com o caderno em mãos, resolvi testar as receitas e contar em um blog as histórias que apareciam nas entrelinhas — sobre os ingredientes, as épocas, as pessoas. À medida que seguia com a experiência, recebia mais cadernos (de parentes, de parentes de amigos, de desconhecidos, de gente da gastronomia) e ouvia mais histórias de comida.

No início era um hobby, depois virou meu foco profissional. E hoje estou aqui para contar algumas conclusões a que cheguei ao longo do processo.

1ª – Não dá para confiar em caderno de receitas

Quase sempre faltam passos importantes. Fora que o texto diz uma coisa, mas a dona do caderno fazia outra. Algumas receitas só mostram os ingredientes e não dão instruções, outras dão instruções e não dão quantidades. Ou dão medidas quase tão exatas como os cálculos de certas obras públicas: um pires meio cheio, um copo menos um dedo…

Enfim, seguidas ao pé da letra, as receitas com frequência zicam. Melhor seguir a intuição, pesquisar ou telefonar para a mãe, que liga para uma tia, que lembra de ter comido de outro jeito na casa de outra tia… O que me leva à segunda descoberta.

2ª – Cadernos de receitas são redes sociais femininas

Bem antes do Facebook, eles já traziam conteúdos compartilhados, comentados, curtidos ou espinafrados. Com a vantagem de que alimentam, e não apenas nossos egos. A receita da vizinha ou da tia ou da prima, muitas vezes creditada no título (pãezinhos da Dona Cordinha, bolinhas de queijo da Ana…), recebe adendos, dicas, avaliações: “é assim mas faço assado”, “muito bom”, “ruim” (vi uma dessas resenhas negativas, sobre um pudim de ovos cozidos, em um caderno da minha avó Viquinha). Em um telefone sem fio que borra o original, mas acrescenta novas camadas de lembranças e sabores, a receita pulava para outro caderno, e dali para outro e outro e outro. E, sim, era uma rede feminina, com raras aparições masculinas — geralmente para dizer que esse era o prato preferido do sicrano ou do beltrano.

3º – Falar de comida é um jeito de falar da nossa história

À mesa criamos algumas de nossas melhores memórias. E, quando comemos, cozinhamos ou conversamos sobre comida, temos a chance de retomar tudo isso.

Para mim, falar de comida é uma boa desculpa para contar histórias. Pode ser a história de uma pessoa, de um lugar, de um ingrediente que já não se acha, do caminho do alimento até o prato, de uma lembrança querida.

4ª – Vó gosta de modernidade

Muita gente, inclusive nossas doces ou não tão doces avozinhas, caiu de amores pelas modernidades que a indústria alimentícia colocou na mesa (e nos cadernos de receitas) a partir de meados do século 20. Caldo em cubinhos, sopa em pó, sobremesas de leite condensado eram soluções práticas para o dia-a-dia. E, se praticidade é um atributo tentador hoje, pense como era quando a mulheres começavam a entrar no mercado de trabalho e ainda estavam muito longe de dividir com os parceiros as tarefas da casa.

A verdade é que sou bem mais desconfiada dessas modernidades do que minhas avós eram.

5ª – Cozinhar dá autonomia (e não saber cozinhar é loucura)

A gente terceirizou e perdeu a capacidade de fazer um bocado de coisas na vida. Não pretendo costurar minhas roupas ou construir minha casa, mas abrir mão de uma habilidade tão básica como preparar o próprio alimento parece uma perda grande demais. É bom saber, nem que seja só para fazer escolhas melhores ao comprar comida pronta ou para escolher quando e como cozinhar.

6ª – A gente escolhe o grau de dificuldade da cozinha

Cozinhar é difícil? Não precisa ser. No dia a dia, depende um pouco de organização e de aproveitar os ingredientes à mão. Verdade que muitas vezes falta tempo, mas existem opções tão simples (ou quase tão simples) quanto esquentar comida pronta. E existem atalhos e existem armadilhas na cozinha. Fazer macarrão com molho de tomate caseiro, a partir de tomate pelado, pode ser quase tão rápido quanto macarrão com molho pronto — e tão melhor.

7ª – A vida é curta para pagar por comida média

Mil vezes comer minha própria comida do que gastar meu dinheirinho em restaurantes mais ou menos. Melhor reservá-lo para lugares que valem realmente a pena.

8ª – Cozinhar pode ser um ótimo passatempo

Acho um programão de fim de semana. Com o meu filho do lado, então, é aquela bagunça (controlada). Quer tentar? No blog dou uma receita de bolo de fubá de um caderno da minha avó materna. Recomendo puro ou com geleia

Receitas do caderno

Sopa de pedra com carne e legumes

A lenda é antiga. Dizem que nasceu em Portugal. Sobreviveu à travessia do oceano para embalar jantares da minha infância, depois encontrou seu lugar na curiosidade do meu filho. Contei a história e a receita na minha coluna na revista Crescer

Sopa superfácil ou meio fácil de tomate com ovo

Faz diferença usar tomates frescos bem maduros. Na pressa, ou na falta deles, apele para tomate pelado em lata (mas tirar a pele do tomate não dá tanto trabalho assim). Leia mais.

Missoshiru (sopa de missô) bem rapidinho

O preparo vai aqui mesmo: ferva água, misture missô (pasta de soja) e tempero japonês à base de peixe, então junte cubinhos de tofu, brotos de feijão e cebolinha picada.

Ensopado de lentilha
metido a indiano

Da série “A vida não é sopa, mas sopa é”, esta receita funciona como prato único, acompanhamento ou elemento principal de uma refeição.
Leia mais.

Caldo com bolinhas
de pão e salame

Peguei essa receita anos atrás em Bento Gonçalves (RS), no restaurante Pignattela, que tinha pesquisado preparações entre avós de origem tirolesa. Leia mais.

Dica do caderno
Antes na newsletter eu disse que a vida não era sopa, mas às vezes ela é, sim. Como mostra esse livro da Lizandra Magon de Almeida. Já indiquei no blog um bom tempo atrás, mas todo inverno tenho vontade de indicar de novo. Porque é uma leitura na medida para quem acha que comida com história é mais gostosa. Compre aqui.
Frase do caderno

“Sete virtudes
tem a sopa;
Tira a fome, dá sede pouca,
Faz dormir
E digerir.
Nunca enfada,
Sempre agrada
E põe a cara
Corada.”
Ditado espanhol

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