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1° de junho de 2022

No Brasil de 'Torto Arado', quilombolas barram avanço de empresa inglesa

São muitas as semelhanças entre a vida dos moradores de duas comunidades quilombolas em Piatã, na Bahia, e a narrativa do livro “Torto Arado”, de Itamar Vieira Jr. Na obra do escritor baiano, cuja trama acontece na mesma região, as irmãs Belonisia e Bibiana têm suas histórias atravessadas por um acidente com uma faca e pela intervenção dos seres encantados manifestos no Jarê (religião de matriz africana típica da Chapada Diamantina).

Já na vida real, duas mulheres - Leonísia e a xará da personagem literária, Bibiana - narraram à reportagem como estão sofrendo e resistindo aos estragos causados pela mineração desde que a Brazil Iron Mineração chegou ao local.

A atuação da mineradora inglesa vem rachando casas, matando roças e acabando com o modo de vida tradicional dos moradores. Semanas depois de a equipe da Repórter Brasil visitar o local, o órgão ambiental do governo baiano fiscalizou as instalações da mineradora e decidiu interditá-la temporariamente. A decisão foi motivada por pelo menos 15 irregularidades por parte da empresa, como não prever recursos para recuperar as casas rachadas.

A Brazil Iron também provocou estragos na represa que abastece as duas vilas e em uma nascente perene onde, nos períodos de seca, os moradores buscavam água límpida para beber.

Vale lembrar que quando a reportagem foi até a Brazil Iron ouvir o que a tinham a dizer, a mineradora respondeu chamando a polícia para para nossa equipe.

Leia a reportagem completa aqui

Após reportagem, mineradoras abrem mão de 95 pedidos de pesquisa em terras indígenas

Em maio, outra reportagem da Repórter Brasil provocou impacto nos planos de mineradoras. Empresas do grupo Santa Elina, do empresário Paulo Carlos de Brito Filho, desistiram de 95 pedidos de pesquisa mineral em terras indígenas (TIs) após questionamentos da reportagem e, com isso, deixaram de liderar o ranking de requerimentos que afetam territórios protegidos dos povos indígenas.

O conglomerado era o campeão de requerimentos para pesquisar minerais em áreas indígenas, tendo apresentado 255 pedidos junto à Agência Nacional de Mineração (ANM) nos últimos 40 anos, dos quais mantinha 129 processos até março, como mostrou a reportagem "O caçador de jazidas: quem é o empresário que lidera a corrida pelo ouro em terras indígenas".

Morte, impunidade e violência policial explodem no Pará

Três reportagens publicadas em abril revelam o descontrole da violência que assola o Pará. Mostramos que o delegado Ivan Pinto da Silva, responsável pela Delegacia de Conflitos Agrários (Deca) de Altamira, é investigado por oito ataques a assentamentos de famílias de trabalhadores rurais sem-terra. O delegado é alvo do Ministério Público, da Corregedoria da Polícia Civil e da Secretaria de Segurança Pública do estado por desocupações violentas, sem ordem judicial, em Marabá, São Félix do Xingu e Anapu, onde novo ataque foi registrado em maio. 

Em outra reportagem, a Repórter Brasil teve acesso com exclusividade a dois inquéritos, que correm em sigilo, e mostram que duas investigações que poderiam revelar os mandantes do maior massacre no campo dos últimos 25 anos – em Pau D’Arco – foram encerradas sem apontar os responsáveis pelo crime.

Na chacina, que completou cinco anos, policiais executaram brutalmente dez trabalhadores sem-terra que ocupavam a fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco, no sul do Pará. Dois policiais civis e 14 militares foram acusados como executores e aguardam julgamento por júri popular, mas, apesar de réus, continuam soltos e em atividade nas corporações.

Em Marabá, as margens da ferrovia de Carajás, um segurança que prestava serviços à Vale foi preso em flagrante por seu envolvimento com a morte de Reginaldo Pereira de Oliveira, de 46 anos. É a segunda vez que a mesma família é atingida pelo longo histórico de violência no estado: morta no último dia 14, a vítima ainda era criança quando seu pai foi assassinado na chacina da Fazenda Princesa, em 1985.   

Multinacionais do café ignoram denúncias e mantêm compras de fornecedores ligados a fazendas com trabalho escravo

Flagrantes de práticas análogas à escravidão em fazendas brasileiras de café durante a safra de 2021 não foram suficientes para provocar a reação de grandes importadoras do grão nos Estados Unidos e na Europa. Os casos expõem fragilidade no monitoramento da cadeia produtiva do setor campeão em trabalhadores resgatados na última edição da ‘lista suja’. 

O trabalho análogo à escravidão persiste não apenas no meio rural. No Rio de Janeiro, uma mulher de 84 anos foi resgatada de condições análogas às de escravo após 72 anos trabalhando como empregada doméstica para três gerações de uma mesma família. De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência, essa é a mais longa duração de exploração de uma pessoa em escravidão contemporânea desde que o Brasil criou o sistema de fiscalização para enfrentar esse crime em maio de 1995. 

Anvisa para de testar agrotóxicos nos alimentos

Desde 2020, os brasileiros não sabem quanto de resíduos de agrotóxicos há em maçãs, laranjas, tomates, pimentões e outros alimentos que são vendidos em feiras e supermercados pelo país. Isso porque o principal programa de monitoramento do Governo Federal não divulgou o resultado de coletas feitas desde o início do governo de Jair Bolsonaro (PL). A última publicação foi em 2019, a partir de amostras coletadas em 2017 e 2018.

Na nossa cobertura sobre agrotóxicos, em parceria com a Agência Pública, publicamos outras três reportagens em maio. Mostramos que o feijão tem agrotóxico proibido ou acima do limite, mas governo minimiza risco; também revelamos que a Sabesp não divulga testes que apontam água contaminada em 132 cidades e que cresce uso de drones para aplicar agrotóxicos sem fiscalização adequada.

Também publicamos em maio:

- Governo Bolsonaro descumpre lei que aumentaria oferta de remédios contra Covid no Brasil. Parlamentares e especialistas afirmam que governo deveria ter acionado lei que facilita a quebra de patentes farmacêuticas durante emergências sanitárias. 

Ruralista, novo presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara tem histórico antiambiental. Covatti Filho foi secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul no período em que foram derrubadas leis de proteção pioneiras; filho de políticos, deputado recebeu financiamento do agronegócio para se eleger.

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