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Falta pouco para o fim da Convenção Constitucional. E não é coincidência que esta newsletter também está quase fazendo aniversário de um ano! Parabéns para quem nos acompanhou até aqui. 🥳


Nesta edição, a editora do projeto Nuestras Cartas, Carol Pires, escreve sobre a possibilidade do Chile tornar-se o primeiro Estado ecológico do mundo. Trazemos atualizações sobre a fase de harmonização do texto constitucional e sobre o grande marco da aprovação de uma democracia paritária no Chile.

O Chile pode se tornar o primeiro Estado ecológico do mundo. Isso se a nova Constituição sendo escrita pela Convenção Constitucional do Chile for referendada pelos eleitores em setembro. 

Sendo escrita desde o ano passado, a nova Constituição chilena está com seu rascunho quase todo pronto e seu primeiro artigo consagra o Chile como um Estado "plurinacional, intercultural e ecológico" que tem como valor irrenunciável a igualdade dos seres humanos e sua relação "indissociável" da natureza. Ou seja: sem a natureza, não existimos. Logo, devemos protegê-la. Ou, como escreveu o poeta chileno Nicanor Parra, o erro está em "acreditar que a terra era nossa quando a verdade das coisas é que somos da Terra". 

Em outro capítulo da nova Constituição ficou estabelecido que a natureza tem como direito o respeito e proteção à sua existência, regeneração, a manutenção e a restauração de suas funções e equilíbrios dinâmicos. E o responsável por isso é o Estado. 

Mas o que isso significa na prática ser um Estado Ecológico?

Em entrevista ao La Pauta, Ezio Costa, diretor executivo da ONG chilena FIMA, especializada em direito ambiental, explicou que o reconhecimento do Chile como Estado ecológico significa que as ações estatais deverão ter como prioridade "equilibrar as atividades do país com a natureza". Como isso será colocado em prática, no entanto, dependerá de leis a serem discutidas pelo Congresso.

De acordo com as Nações Unidas, 37 países já incorporaram esta questão de alguma forma em nível oficial e institucional. Na Bolívia, por exemplo, e garantido o direito da população de viver em um "ambiente sano y ecológicamente equilibrado". E o Estado, por sua vez, tem o dever de preservar, conservar e contribuir com a proteção ambiental.

Mas se a nova Constituição Chilena for aprovada em referendo, o Chile será o primeiro país do mundo a se definir como tal em sua essência.

Carol Pires.


Últimos acontecimentos na Convenção:

Um dos últimos artigos aprovados na nova Constituição define o Chile como uma democracia paritária. Ou seja, deve haver ao menos 50% de mulheres no Congresso, nas Câmaras municipais e também nos diretórios das empresas públicas.

A última sessão de votações da Convenção Constitucional chilena aconteceu este mês, quando a primeira versão do rascunho da nova Constituição foi oficialmente apresentado..

            

Mas isso não significa que os trabalhos terminaram.
No dia 17 a Comissão de Harmonização inaugurou a tarefa de analisar a qualidade técnica e coerência dos artigos aprovados. Nesta etapa, 40 dos 155 constituintes foram escolhidos para checar se tudo está em ordem. Eles terão ajuda de linguistas para harmonizar o texto - mas sem fazer nenhuma mudança nos conteúdos!

Os demais constituintes estão divididos em outras tarefas importantes, entre elas, escrever preâmbulo, que é o texto introdutório que apresenta os objetivos e valores da Constituição. É esperado que esse texto mencione as manifestações sociais de 2019 que fizeram o chamado à nova Constituição. 

A revisão deve ser finalizada até o dia 5 julho, prazo final de funcionamento da Convenção. Depois disso, a bola estará com a sociedade, que terá que referendar - ou não - a nova Constituição no chamado plebiscito de saída. 

O clima, no entanto, é de preocupação. As pesquisas mais recentes mostram a rejeição à nova Constituição chega a 48%. Vale destacar que, mesmo se o texto for aprovado no plebiscito em setembro, a aplicação das normas da nova Constituição pode demorar anos, ou até mesmo décadas.   


O que escrevemos:

> Aborto, sexualidade e prazer na nova Constituição chilena: a jornalista Cecília Roman escreveu sobre a os direitos sexuais e reprodutivos que podem se tornar direitos constitucionais no Chile. Confira o texto que é parte da parceria do projeto Nuestras Cartas e do portal Democracia Abierta.


O que recomendamos:

> Depois de muita luta por parte dos representantes dos povos originários, foi incorporado na primeira versão da Constituição o texto que define que o Estado chileno deve reconhecer e garantir o direito dos povos indígenas de suas terras e territórios. Esse é o tema da matéria do La Pauta.

> A ONG Firma publicou um relatório cheio de dados sobre a preservação ambiental no Chile. 

> Nesse comparador de Constituições,
é possível ver em quais cartas magnas do mundo o termo ecológico é usado. 

> A constitucionalização da caráter ecológico do Chile é uma vitória e tanto para os chamados eco-constitucionalistas, grupo de convencionais que pautou o debate. Aliás, falamos deles no último texto para a Democracia Aberta assinado pela repórter Cecília Román

> O texto da nova Constituição passa a definir que as polícias sejam instituições “não militares” como explica o artigo da Rádio da Universidade do Chile.

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#NuestrasCartas é um projeto multiplataforma do Instituto Update em parceria com FES Chile.

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