O paradoxo de Gibson é a pedra fundamental do investidor americano. Não se preocupe se você nunca ouviu falar nele, pois apesar de conhecermos o conceito, só ficamos sabendo que ele tem esse nome no início dessa semana, em um dos relatórios de uma consultoria de investimento que a Vita contratou.
O paradoxo diz que há uma correlação positiva, no longo prazo, entre o rendimento da renda fixa e preços de ativos. O relatório observa que nas últimas semanas as ações caíram, enquanto os juros ficaram parados. Isso pode indicar que o mercado espera que daqui para a frente a inflação seja controlada e os rendimentos oferecidos pela renda fixa sejam positivos.
Essa relação, que governou o mercado americano por mais de vinte anos, deixou de ser observada no primeiro semestre de 2022. Isso causou prejuízos para o portfólio tradicional do investidor americano, que costuma investir 60% de seus ativos em ações e 40% em renda fixa.
Se a consultoria Alpine, que assina o relatório, estiver correta, será uma boa notícia para os portfólios internacionais, pois migramos para a renda fixa parte dos recursos parados em caixa.
A última semana no Brasil não foi marcada por um paradoxo e sim por uma síndrome. Não gostamos de concentrar os portfólios em ativos brasileiros. Passamos o ano de 2021 quase sem alocação na bolsa local. E começamos a comprar títulos de mais longo prazo apenas no segundo semestre de 2021. O motivo pode ser resumido pelo nome da PEC que foi aprovada por quase unanimidade no Senado, e enquanto essas linhas são escritas, tem sua votação acelerada na câmara. A PEC Kamikaze é uma solução equivocada e que contribui para o aumento da incerteza na gestão das contas públicas. O resultado são juros, dólar e prêmio de risco mais altos, este último responsável pela queda das ações brasileiras.
Na atual conjuntura, não alocar em ativos no exterior, ainda que a performance dos últimos meses seja sofrível, é ser acometido por uma síndrome de Estocolmo.
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