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semibreve
por dora guerra 
edição 116 ✶ enviada em 25-08-2022
um bom dia pra quem testemunhou a coisa de outro mundo que é o show da rosalía (e manda esta semibreve com atraso pois estava retornando da ótima, caótica, sobrecarregada de carros e pães de queijo meia-boca, são paulo).

o lado bom é que me parece que vocês estão ocupados vendo a casa do dragão e/ou as sabatinas presidenciais no jornal nacional, também repleta de dragões, e nem notaram a ausência da semibreve ontem. por mim não faz mal vocês ficarem bem sem a semibreve, desde que fiquem melhor com ela.

simbora, povo. 


nesta semibreve vocês irão encontrar: janaína paschoal, o show da janaína paschoal, rapper fictício com letras racistas criado pela inteligência artificial e outras manifestações da contemporaneidade
semana passada pedi:
uma música feita por muita gente
gabriel duarte vem com father stretch my hands pt. 1 - kanye west
henrique schimith vem com ego death - ty dolla sign, kanye west, fka twigs & skrillex
pedro ibarra indica quest for coin II - ezra collective, jme e swindle
eduardo lima manda hold up - beyoncé, escrita por ezra koenig e que passou por mó galera
o que tá rolando
– notícias do mundo musical em tempo quase real
✶ conforme anunciado, la rosalía passou por aqui, fez um SHOWZAÇO, conheceu a gkay, etc. uma passagem pelo brasil como manda o roteiro.
✶ a duplinha simone e simaria, também conhecidas como nosso oasis, se separou;
✶ segundo a microsoft, o clipe de rhythm nation da janet jackson travava computadores. vai fazer o teste com o seu?
✶ olha olha quem tá de volta: vem aí álbum da bjork (eu não sei onde fica a trema nesse teclado, vai sem) e dos arctic monkeys, tudo bem a tempo do primaveríssima sound. eu queria ser 4 de mim, pra poder estar em todos os shows ao mesmo tempo. a quarta fica experimentando comidas.
✶ tem VMAs nesse domingo, com apresentações de gente do brasil à coreia (leia-se: vai ter anitta e também blackpink)
✶ e atenção: se você é um artista ou conhece um artista ou já ouviu falar de um artista, se liga que o digníssimo edital natura musical abriu.
semiagenda
 
vem aí:
festival sarará, no dia 27 de agosto (MG);
rosque en el rio de janeiro, de 2 a sei lá quando de setembro (RJ);
side shows que vão de demi lovato a corinne bailey rae, dua lipa, maneskin (POR AÍ).
e tem essa agendinha completíssima do @polvomanco, que inclui altos shows de pequeno e médio porte.
você não perguntou, mas eu te recomendo:
linda, toda, toda linda ela:
  • é impossível negar a minha mineiridade quando skank começa a tocar: eu acho infalível aquele pop-rock-ska-anos-90 de quem é tranquilão mesmo sem ter mar na cidade. de tempos em tempos eu volto aos clássicos da banda e hoje o salve vai para calango (1994), com os clássicos "macaco cidadão", jackie tequila, o beijo e a reza e te ver. bota aí e me diz se não parece que sabadou.
recomendação muitobreve,
por amélia do carmo
 
new kind of man - OGRE YOU ASSHOLE
 
"é preciso música para se recostar, como a capa deste mesmo nos prenuncia. para abrir a cadeira de praia e alcançar o nirvana via synths cochilantes."
 

quem é de verdade sabe mesmo quem é de mentira?: cara, então. vou contar um caso aqui pra vocês:  "existe" um rapper chamado FN meka, criado via inteligência artificial, com milhões de seguidores e tudo o mais. isso mesmo: é inteligência artificial, ou seja, ele "não existe" – mas tem alguém por trás, compondo as canções, no mínimo. o "rapper" tinha um baita contrato com a capitol records até essa semana, quando as polêmicas se intensificaram porque o artista tem várias músicas com a n-word... e as pessoas compondo as músicas/criando o personagem eram brancas. deu pra sentir o naipe da discussão, né?! inteligência artificial sem consiência racial?! isso é puro suco de anos 2020.
 
as músicas dessa seção e outras recomendações do mês estarão na playlist ago2022. desculpa, tá no spotify a playlist... mas se você tiver spotify, segue lá. 
 
seção fiona apple
– a "palestrinha"

a arte do setlist
 

o show da rosalía me botou pra pensar sobre um elemento crucial na vida de qualquer artista: o setlist. taí um negócio cheio de questões:

 tem macetes? tem. abrir com uma famosa, encerrar com a mais famosa de todas. fazer aquele teatrinho de que vai embora, obrigar a galera a pedir bis e voltar pra dar esse gostinho – mesmo sabendo que eles sabem que é um teatro. é uma dança coreografada entre plateia e artista, em que a energia flui de cá pra lá, lá pra cá.

mas e a meiuca? a meiuca é igualmente importante e infinitamente mais complicada de montar (tenha você inúmeros hits na mão ou não). às vezes, o artista tem um trunfo que pode ser muito bem utilizado: aquela faixa que nem faz tanto sucesso, mas pode se tornar Um Grande Momento ao vivo. afinal, show é uma forma extra de vender tudo o que você tem – e isso inclui as negligenciadas que merecem um carinho extra.

mas a ordem é um negócio complicado. muitas músicas lentas/tristes em sequência podem ser entediantes, assim como a carga de energia em uma música agitada vai se esvaindo, se você montar uma espiral de músicas agitadas. intercalar o rápido com o lento costuma se resolver bem, mas também não é tão simples quanto lenta-agitada-lenta-agitada. você tem que saber trabalhar os sentimentos que tá dando à audiência, envolvendo-os sem cansá-los. 

uma boa forma de fazer isso é com covers, inclusive – fazendo o papel de uma música que você talvez não tenha no repertório. eu sou mega fã de um bom cover no setlist, mesmo (principalmente, aliás!) no caso de quem já tem várias músicas emplacadas com aquela audiência. além do aceno bem-vindo a um artista que o artista admira, também é uma oportunidade de trazer uma surpresinha, dar um novo tom a um clássico sem o compromisso de lançá-lo. eu encaro assim: lançar um cover é um compromisso complicado, que quase diz "esta versão aqui ficou tão legal quanto a original". nem qualquer um consegue bancar isso. mas em um show, é só um "gosto tanto dessa música de fulano que eu a incluí aqui". suave. 


✶  os plot twists são bem-vindos, mas não essenciais (eu acho). novas versões de músicas que a gente já conhece podem ser ótimas, mas a gente também gosta de presenciar ao vivo a reprodução do que a gente ouviu em casa. nem tudo precisa ter firulas nem pegar a gente de surpresa: às vezes, a expectativa do que a gente sabe que vem por aí pode ser um recurso gigantesco. ir criando aquele clima  exatamente como todo mundo espera... mas criando toda a ansiedade do mundo. gostoso é quando artista brinca com as nossas emoções.

✶  e dá pra fazer mágica até com música desconhecida. taí o motivo da rosalía ter me inspirado a escolher esse assunto: a forma que ela pega o básico de um setlist e a dobra à sua mercê é invejável. a artista segue as regras principais, mas acrescenta algumas que só alguém desse porte e confiança consegue – como, por exemplo, ir introduzindo músicas ainda não lançadas ao longo da turnê, sem que ninguém desvie a atenção. reforçando a importância da performance acima de tudo, ela também sabe onde e quando cantar aquelas que ninguém precisa saber a letra pra apreciar: o negócio é ficar encarando aquela entidade flamenca sobre o palco. 

eu me deparei com uma lista de "regras" para um setlist de adoração divina e, por mais estranho que isso possa soar, acho que é um bom guia... que se encaixa perfeitamente no que foi o show da espanhola:
 
1. músicas convidativas – "venha, é hora da adoração"
2. músicas de declaração – músicas que lembrem quem é o artista e o que tá fazendo ali
3. músicas de "resposta" – chamar o público pra interagir: dançar, chorar, conversar, cantar 
4. momento divino – hora de botar tudo pra quebrar e a galera pra transcender

esse script básico é tipo a jornada do heroi: você pode não ver, mas acaba sempre vivendo o mesmo roteiro (e tudo bem, porque ele funciona perfeitamente assim). bons artistas fingem que tão quebrando o script – com rosalía, lembrei que o costume de encerrar com a música mais famosa não é necessariamente por isso, mas porque a ideia é acabar no auge. e quando você explora bem esse conceito, encontra outros caminhos.

em outras palavras, quando a cantora cantou malamente, con altura, despechá e todos os seus grandes hits, era esperado que o show acabasse (por vezes, nada bate a força de todo mundo cantando as palavras mais famosas da sua música famosíssima: caetano veloso encerra em a luz de tieta e é o coro "eta, eta, eta" que coroa a noite. infalível). mas rosalía escolhe encerrar com cUUUTE, faixa que não está nem no seu top 10 mais ouvidas. aqui, o foco está na energia – a ideia é encerrar lá em cima, com uma música que tem a experiência sonora de uma porrada. você se pega pulando, pulando, gritando, e acaba. 

nada como uma adrenalina criada, nutrida, crescente e... interrompida. pra deixar o famoso gostinho de "quero mais". 

né por nada não, mas fazer um bom setlist é uma arte à parte.

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