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2 de agosto de 2021

Covid-19, ano 2. Depois de férias, em setembro teremos a prova dos 9 do que será o novo mundo do trabalho pós-pandemia, ou pelo menos, pós-confinamento e, para muitos, pós-teletrabalho obrigatório.

Como é que vai ser daqui para a frente? Essa é a resposta que procuramos dar nesta newsletter, focada no trabalho híbrido e no futuro das organizações.

Obrigada por nos acompanharem,

Catarina Marques

Long Stories Short 

 Diz-se que é o futuro 

Trabalho híbrido – dizem que veio para ficar. Depois de uma pandemia, que nos obrigou a ficar fechados em casa, este modelo foi adotado por muitas organizações, nomeadamente nos setores e áreas em que isso era possível. E, a julgar pelos dados disponíveis em estudos e inquéritos, parece que, mesmo depois de o vírus deixar de ser uma ameaça, vai continuar a ser uma opção para grande parte das empresas.

Na verdade, o conceito de trabalho híbrido não é novo. Já todos tínhamos aquele amigo que trabalhava em casa há uns quantos anos. Mas era a exceção, não a regra. Hoje sabemos que é possível viver desta forma e até reconhecemos vantagens de o fazer.

Do lado das empresas, há uma redução significativa de despesas, por exemplo, nos custos de renda (uma vez que podem ter espaços menores e onde o desgaste das instalações acaba por ser menos acentuado). Do lado dos colaboradores, há a flexibilidade de tempo e de espaço, de acordar mais tarde, de não ter de apanhar o autocarro e de, por todos estes motivos, ter mais disponibilidade para conjugar a vida profissional com a pessoal.

Mas neste ano e meio também aprendemos outras coisas. Como, por exemplo, que trabalhar num modelo híbrido não é trabalhar em casa: é ter essa possibilidade, mas poder optar por passar uns dias no escritório da empresa, ou escolher outros locais para o fazer, como bibliotecas, espaços de cowork, cafés e todos os sítios onde seja possível produzir. Muitos asseguram que até se produz mais.

Andamos todos ao mesmo

Segundo um estudo feito pela Microsoft, no qual participaram mais de 30 mil pessoas em 31 países e que analisou “biliões de sinais de produtividade no Microsoft 365 e no LinkedIn”, as ofertas de emprego remoto nesta rede social ligada ao trabalho aumentaram 5 vezes durante a pandemia. E 46% daqueles que trabalham nestes moldes estão a pensar mudar de casa porque, afinal de contas, já não precisam de estar amarrados à secretária que os espera, todos os dias, algures no centro (ou não tão no centro) de uma cidade barulhenta.

Já um outro estudo, realizado pela consultora McKinseyque analisou 100 organizações da Europa, da Ásia, da América Latina e dos EUA, revela que 9 em cada 10 empresas querem optar por este modelo misto de escritório + trabalho remoto.  

As duas faces da moeda

De acordo com os dados recolhidos pela McKinsey, 58% dos executivos de topo afirma que, com o trabalho híbrido, a produtividade dos trabalhadores aumentou ao nível individual, e 49% afirma que aumentou ao nível global. No que toca à satisfação do cliente, 36% também aponta para um aumento.

No entanto, há muitos colaboradores a acusar níveis algo preocupantes de ansiedade e 49% revela estar a passar por ou estar perto de ter um burnout (estado de esgotamento físico e mental causado pelo trabalho). Por vezes, a transição do in loco para a conetividade digital torna difícil que “desliguemos” e, fora de horas, ignoremos aquele mail que nos caiu na caixa de entrada quando já estávamos no sofá prontos para ver uma série.

Colegas ou amigos?

Ainda na linha da produtividade, o trabalho feito pela McKinsey mostra que as organizações que mantiveram os colaboradores em contacto foram os que mais beneficiaram neste sentido, para debater ideias, discutir projetos ou ter pequenas sessões de mentoria. E o estudo da Microsoft dá-nos outro dado interessante: com a pandemia, reduzimos as nossas redes de contactos pessoais e agarrámo-nos mais aos nossos colegas de trabalho.

De certa forma, o trabalho tornou-se mais humano. Durante estes tempos atípicos, que obrigaram as nossas casas a ser escritório, infantário e escola, 20% dos trabalhadores conheceu os familiares ou animais de estimação dos seus colegas de trabalho através de videochamadas, e 17% chorou com um colega de trabalho.

As empresas líderes vs. as outras

Nem todas as empresas são iguais e os dados, obtidos no estudo da McKinsey, mostram como organizações diferentes lidaram com esta realidade de forma diferente. Tipos de empresa analisados: leaders (empresas inovadoras, que concebem produto e criam conceitos), middlers (empresas no meio termo), e laggards (empresas obsoletas e de estrutura pouco flexível). O que lhes aconteceu perante a realidade do trabalho híbrido?

  • As empresas leading são aquelas cujos gestores mais mudaram a sua forma de liderar as equipas (57%).
  • As empresas lagging são as que estão menos predispostas a mudar o seu modus operandi e a experimentar modelos de trabalho diferentes (63% não fez mudanças significativas).
  • A maioria das organizações mudou o seu processo de recrutamento, mas grande parte das empresas leading redesenharam-no totalmente (41%).
  • A maioria das organizações reavaliou a adequação dos trabalhadores para cada função, mas apenas algumas (8% das leading) fizeram efetivamente mudanças. 


O caminho a percorrer

O trabalho híbrido pode ser o futuro, mas a maioria das empresas (68%) ainda não sabe como é que vai desenhar este modelo de gestão de recursos humanos e implementar medidas que tornem isso possível. No entanto, podemos já olhar para exemplos de algumas gigantes que estão, ao que tudo indica, a fazer algo de certo:

  • Microsoft. Os colaboradores desta big tech podem passar 50% do horário laboral em casa. Mas, com autorização da gestão, este tempo poderá ser estendido.
  • Amazon. A gigante do e-commerce optou por um modelo de 3 dias por semana no escritório. Contudo, as equipas mais pequenas dentro da própria empresa podem ajustar-se internamente. Além disso, os funcionários podem ainda trabalhar durante quatro semanas, de modo totalmente remoto, num local à escolha.
  • Citigroup. Grande parte dos trabalhadores do maior grupo de serviços financeiros do mundo optou pelo modelo 50/50, entre trabalho remoto e presencial. Já os funcionários do data center (armazenamento e organização de informação tecnológica no espaço físico da empresa) devem voltar ao escritório. Como "bónus", foram banidas as videoconferências à sexta-feira.
  • Lockheed Martin. Na empresa aeroespacial cerca de 45% da força de trabalho vai permanecer em casa. Contudo, foram feitas várias formações para que isto fosse exequível num mundo pós-pandémico.
  • Target. A gigante do retalho norte-americana vai reduzir a área dos seus escritórios a um terço e deixar o espaço de mais de 300 mil metros quadrados que ocupava anteriormente, na cidade de Minneapolis, Minnesota, e onde trabalhavam cerca de 3.500 pessoas. Alguns destes funcionários, vão permanecer em trabalho remoto. Outros serão espalhados por diferentes escritórios.

Por aqui, a equipa do Next (ainda) escreveu este texto a partir do sofá de casa.

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“Se eu marco o meu hotel, se eu marco o meu restaurante, se eu marco a minha vacina, eu também tenho de conseguir marcar o meu barbeiro, o meu spa, ou o meu personal trainer de forma fácil e eficiente”. São palavras de Miguel Alves Ribeiro. O empreendedor, cuja assinatura é trazer a tecnologia para negócios que tradicionalmente não a usam, como foi o caso da Zomato, dá agora a cara pela sheerMe

A plataforma, que não tem qualquer custo para os 5 mil utilizadores já registados, gere as disponibilidades de espaços como salões de beleza, spas, ginásios ou estúdios de tatuagens, dando a possibilidade de fazer marcações e pagamentos. De momento, trabalha com cerca de 7.200 estabelecimentos.

Miguel Alves Ribeiro garante que a proximidade típica nestes ramos de negócio se mantém e que a sheerMe surge para ajudar a gerir e dar exposição a espaços que não têm uma pegada online, apoiando o seu crescimento. Do lado do cliente, o empreendedor garante mais eficiência, uma vez que este deixa de estar sujeito ao ping-pong de chamadas telefónicas de cada vez que quer fazer um corte de cabelo.

  • Uma conversa para ver na íntegra aqui

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Ronda de Investimento 

Elaborámos uma lista de sugestões de produtos ou serviços relevantes para o seu negócio. Trata-se de uma seleção que fazemos a pensar nas propostas que melhor podem ajudar as empresas e os novos negócios e ao comprar qualquer um deles, através dos links afiliados que disponibilizamos, vai também apoiar o trabalho da Next e do The Next Big Idea na produção semanal de conteúdos sobre inovação, criatividade e empreendedorismo.

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E obrigado por contribuírem para uma informação de qualidade sobre o que faz mexer o mundo da inovação.

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Vi algures na Internet  💻

Conteúdos que valem a pena espreitar:

Trabalho. Ainda no contexto de trabalho híbrido, a Vox está a recrutar para várias das suas publicações e para várias funções diferentes. Grande parte destas vagas estão disponíveis para colaboradores dispostos a trabalhar exclusivamente em modo remoto. Hoje pode ser o dia certo para tentar a sua sorte.

Tecnologia. A pandemia trouxe consigo o receio de tocar em tudo e mais alguma coisa. Por esse motivo, é normal que utilizemos cada vez mais QR Codes. Eles já fazem parte do nosso dia-a-dia nos restaurantes, nos aeroportos, nas lojas na hora de pagar, e vieram para ficar. Este artigo do New York Times explica-nos o fenómeno da ferramenta que nos garante mais segurança, mas que também pode recolher demasiadas informações pessoais e pôr em causa a nossa privacidade.

Redes Sociais. 3 mil milhões de dólares é quando deve ser gasto em marketing nas redes sociais, feito por influencers, em 2021, só nos Estados Unidos. Esta é a previsão da empresa de estudos de mercado eMarketer, que aponta ainda para um crescimento deste valor no próximo ano para cerca de 4 mil milhões de dólares.

Saúde. A Malboro quer acabar com os cigarrosO CEO da produtora de tabaco Philip Morris, da qual a marca faz parte, disse que a empresa consegue vislumbrar “um mundo sem cigarros” e que “quanto mais cedo isso acontecer, melhor para todos”. Jacek Olczak acrescentou ainda que este produto devia ser tratado como os carros movidos a gasolina ou diesel, cuja venda deverá ser proibida a partir de 2030.

Ouvir. Planet Money é um podcast que transforma o jornalismo económico num produto interessante até para os mais leigos. Para dar uma oportunidade, agora que as férias fazem o tempo esticar.

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Dois dedos de conversa

  • Esta newsletter é produzida pela MadreMedia e reúne histórias do admirável mundo da inovação e das empresas, por isso andamos sempre à procura de novas ideias e de novos projetos aos quais valha a pena dar o devido destaque. Às segundas-feiras na sua caixa de email.
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Ficha Técnica

Newsletter escrita por:

Miguel Magalhães e Catarina Marques

Edição:
Rute Sousa Vasco, Miguel Magalhães

Revisão:
Catarina Marques

Ilustrações:
Rodrigo Mendes, Diogo Gomes
 
            

                        
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