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Aos mestres, com carinho

Ricardo Pinheiro

Na semana passada o Brasil perdeu dois gigantes da Arte. Paulo José e Tarcísio Meira. Digo Arte com A maiúsculo porque não é “só” (aqui, muita aspas no “só”) uma tela de cinema ou de TV, mas é, antes de tudo, um projeto de construção de país. Em maio do ano passado, Fernanda Montenegro disse que “sem a cultura das artes, não existe país”. Faço coro à ela, outra gigante. 

Paulo, o padre, o Macunaíma, o Quincas Berro D’água, o palhaço e tantos e tantos outros Paulos mais. Dos muitos personagens que eu poderia destacar, escolho falar de Macunaíma porque quando penso em Paulo penso nele e vice-versa. Significativa essa associação. Paulo fixou sua imagem nesse herói sem nenhum caráter, nenhum escrúpulo, nenhuma consciência, mas demasiadamente brasileiro. O livro foi escrito pelo modernista Mário de Andrade em 1928, o filme foi escrito e dirigido por Joaquim Pedro de Andrade em 1969 e, ainda hoje, 93 e 52 anos depois, respectivamente, a epopeia desse anti-herói continua atual e viva. Penso que tudo o que Paulo fez na vida foi com essa irreverência, com essa insubmissão e com esse Brasil pulsante de Macunaíma. 

Paulo José em 'Macunaíma', 1969 (Foto: Divulgação)

Tarcísio, o João Coragem, o Capitão Rodrigo, o Hermógenes, o patriarca Berdinazzi. O Brasil das novelas, do costume diário de parar tudo o que se está fazendo para sentar no sofá e, durante alguns minutos, esquecer do dia, dos problemas, dos amores e mergulhar nos sofrimentos e nas paixões inventadas dos outros - que viram nossas, também. Televisão é jogo de espelhos e Tarcísio, refletido dentro de nossas casas, acabou atravessando gerações e fazendo parte da nossa história mais íntima. Com mais de 70 trabalhos na TV, a biografia de Tarcísio se confunde com a da própria teledramaturgia brasileira. A força, a postura e a voz que ele emprestava para os seus personagens transmitiam uma vitalidade que era sua marca registrada. 

Tarcísio Meira como Giuseppe Berdinazzi em ‘O Rei do Gado’ (Foto: CEDOC/TV Globo)

É muito estranho pensar em um país sem eles dois. Ainda mais nesse momento de estranheza quanto ao retorno aos cinemas e de distanciamento daquela aptidão geracional para se sentar no sofá depois do jornal. Perdemos muito do nosso frisson e da nossa capacidade de nos emocionarmos, é certo. Mas eles hão de ser recuperados. Obrigado, Paulo e Tarcísio. Bravo. De pé, muitos e muitos aplausos.

Para ver: O documentário “Todos os Paulos do mundo”, homenagem aos 60 anos de carreira do ator, completados em 2017, está disponível em plataformas como Now, Apple TV, Google Play e Looke.

Para ouvir: O episódio de hoje do podcast Arte IN FORMA é um bate-papo com a atriz Renata Mattos (@renatawmattos). Ela tem um canal no Youtube chamado Divas de TPM, onde debate sem tabus e sem poses questões comuns às vidas das mulheres e está na série Fim, adaptação de livro homônimo de Fernanda Torres, que deve ser lançada no Globoplay no ano que vem.

Quem somos 


Somos três arquitetos e professores de história da arte apaixonados. Nosso objetivo é mostrar a arte e a arquitetura através de narrativas do passado e, criando correlações estéticas e estilísticas, estabelecer uma interação ativa com o presente. A Arte (que) IN FORMA e TRANS FORMA.

Já conhece os nossos Guias Culturais? Temos dois! Lisboa & Arredores  e
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