Calendário artsy

Final de semana chegando e bate aquela vontade de visitar uma boa exposição. Agora, com os protocolos da Covid-19, os museus e galerias funcionam com um número muito reduzido de visitantes, o que torna os acessos mais escassos. Por isso, dá uma olhada aqui na nossa lista, confere o melhor dia e horário, separa sua máscara, seu álcool em gel e já garante os seus ingressos (a maioria deles gratuitos!).

SP para os amantes de fotografia 

1. Instituto Tomie Ohtake
Se você é apaixonado por fotografia, o Tomie Ohtake é o lugar perfeito para visitar. As exposições “Pierre Verger - Percursos e Memórias” (até 21 de novembro) e “Luiz Braga: Máscara, espelho e escudo” (até 12 de dezembro) passeiam pelas trajetórias artísticas dos fotógrafos de modos bem particulares. O mais interessante dessa dobradinha, no P&B de Verger e nas cores de Braga, fotógrafos de gerações distintas, é poder aguçar o olhar para outras divergências e descobrir muitas convergências entre os seus trabalhos. As exposições estão abertas de terça a domingo, das 11h às 20h. A entrada é franca e não é necessário agendamento. (O Instituto ainda conta, até 17 de outubro, com uma outra exposição bem especial, que dá enfoque ao trabalho de muralista do gigante Di Cavalcanti)

2. IMS Paulista
Esse final de semana é o último de duas exposições no IMS Paulista: “Mario Cravo Neto: Espírito sem nome” e “Madalena Schwartz: As Metamorfoses - Travestis e transformistas na SP dos anos 70”. A de Neto, com curadoria de Luiz Camillo Osorio, reúne um espectro vasto digno de sua trajetória prolífica no mundo das imagens. Seu olhar afiado já captou de tudo um pouco - da cultura popular afro-brasileira às ruas de NY e tudo mais que couber (ou não) nesse caminho -, e essa exposição reflete isso. Já a de Schwartz, como o nome já entrega, reúne retratos de figuras que ela conheceu na efervescência cultural (ou melhor, contracultural) de SP dos anos 70: Artistas transformistas, andrógenos e travestis. A mostra traz retratos de desconhecidos e também famosos como Ney Matogrosso, por exemplo (como pensar nos anos 70 sem pensar nele?). A revolução sexual e comportamental, marca visceral daquela década, ainda pulsa nos belíssimos retratos de Schwartz. As exposições ficam abertas de hoje até domingo, das 12h às 18h, com a última entrada às 18h. A entrada é franca e é necessário um agendamento online. OBS: Sábado e domingo já estão lotados. Só tem agendamento disponível para hoje e amanhã. Corre!

RIO para repensar o monopólio da visão de mundo eurocêntrica

1. MAM Rio
Até janeiro de 2022 o MAM Rio abriga a exposição coletiva “A memória é uma invenção”, com curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente. A exposição é o encontro de três acervos (Museu de Arte Negra/IPEAFRO, Acervo da Laje e do próprio MAM Rio) e reúne cerca de 300 obras de artistas como Abdias Nascimento, Heitor dos Prazeres, Indiano Carioca, Anita Malfatti e Yara Tupinambá, entre muitos outros. “Este projeto trata de legitimidade e invisibilidade, presenças e ausências, bem como de apagamentos de certos acervos constituídos por artistas periféricos, racializados e de fora do eixo econômico do país”, analisa Beatriz Lemos, curadora adjunta do MAM Rio. O trabalho de curadoria está impecável e a visita é imperdível. A exposição abre quintas e sextas, 13h – 18h e sábados e domingos, 10h – 18h (o acesso às exposições se encerra às 17h30, meia hora antes do horário de fechamento do museu). A entrada é gratuita (com contribuição sugerida) e é necessário um agendamento online.

2. Museu de Arte do Rio (MAR)
Duas exposições para se ter no radar: “Imagens que não se conformam”, a partir da coleção do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), com curadoria de Marcelo Campos e Paulo Knauss e “Yorùbáiano”, do artista Ayrson Heráclito. “[...] a exposição ‘Imagens que não se conformam’ lida com questões prementes, como a reparação histórica associada, aqui, aos discursos identitários e ao protagonismo de artistas descendentes dos povos originários, afrodescendentes e de gêneros dissidentes, ausentes das imagens da história”, diz o texto assinado pelos curadores. A exposição conta com obras de Yacunã Tuxa, Uyrá Sodoma, Moisés Patrício, Rubem Valetim, entre muitos outros. “Yorùbáiano”, de Heráclito, joga luz sobre a práxis do artista, que se reafirma, aqui, como guardião da cultura yorubá. Ele faz uma leitura crítica mas também e sobretudo poética do mundo, do Brasil, das dores, do passado. Se ainda não o conhece, corre pro MAR! Você ainda vai ouvir muito o seu nome. As exposições abrem de quinta a domingo, das 11h às 18h (entrada até às 17h15). O ingresso custa R$ 20,00 e cariocas e moradores do Rio também pagam meia!