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<<Nome>>,

Boa tarde! Acho que ninguém vai ficar com saudades deste Setembro. Torçamos por um começo de 4º trimestre um pouco menos tumultuado.” 

Assim começava minha carta #55, de 2 de outubro do ano passado (2020). Não consigo me cansar da citação de Mark Twain, onde “a história não se repete, mas por vezes, rima”. 

Throwback

Continuando minha sexta-feira de throwback, tal carta continha uma seção inteira dedicada ao tema precatórios. Soa incrivelmente familiar, dado que estes títulos continuam sendo umas das “bolas da vez” da atual crise. Na época, o governo planejava utilizar a verba destinada ao pagamento dos precatórios para bancar o “Renda Cidadã”, e foi universalmente criticada como mais uma pedalada. Recordando: o “Renda Cidadã” foi nossa curta incursão pelo mundo da renda básica universal. Proponho, portanto, que não nos surpreendamos com problemas envolvendo estes títulos de dívida pública. Eles sempre estiveram aí. Quando mudei para São Paulo, em 1997, estourava um escândalo envolvendo precatórios durante a gestão de Celso Pitta (protégé de Paulo Maluf) na prefeitura. Precatório vem do latim “precatorius”, ou “que contém um pedido”. A palavra já é feia por si só, e, a partir daquele ano, virou praticamente um palavrão. Os desmandos de Pitta foram tão extensos, que ficaram conhecidos como Pittagate – em referência ao escândalo envolvendo Nixon no começo da década de 70. 

Inflação

Durante o final do segundo semestre do ano passado, dediquei algumas cartas à contar “causos da inflação” vividos por este autor, na época da hiperinflação (anos '80). Aproveito para informar que a segunda temporada está à caminho! Incomodava o descompasso na época entre a inflação de atacado (IGP-M), que fechou 2020 em mais de 23% e a inflação ao consumidor (IPC-A), de “apenas” 4,52% ao final daquele ano. Analistas do mercado saíram então com a curiosa brincadeira de que o IPC-A estaria “grávido” do IGP-M, indicando que a inflação no atacado não tinha como não respingar no varejo. Pois bem, passados estes 9 meses de gestação em 2021, parece que as preocupações eram bem fundamentadas. O IPC-A de setembro acelerou para 1,1% levando o acumulado em 2021 para incômodos 6,84%. Sustento que inflação é um dos principais inimigos da construção de patrimônio no longo prazo, especialmente num pais com tamanha cultura inflacionária enraizada. Como gestores, esse é uma de nossas maiores preocupações ao estruturar portfólios robustos.

Final de Ano

O dia de hoje marca o início do quarto trimestre de 2021. Mesmo com os constantes sustos com novas variantes, e ainda que nenhum de nós tenha imaginado sobreviver há mais de 18 meses de restrições sociais, penso que fizemos avanços. Por outro lado, um acúmulo de tensões e eventos desfavoráveis, tanto externos quando internos, conspiram para tornar a vida do investidor desafiadora. Nossa bolsa perde 6,57% em Setembro, e acumula -6,75% no ano – acompanhada, ainda que em escala menor, por quase toda classe de ativo de risco local. Ao tentar compilar todas as mazelas que afligem os mercados, me dei conta de quantos sustos temos tomado ultimamente – mais do que faria sentido listar aqui, e todos de alguma forma cobertos em cartas anteriores. Como se não bastassem nossos problemas políticos e fiscais, notícias dos EUA e China completam um cenário que as vezes parece mais amedrontador do que quando a principal notícia era a Covid. Como um otimista nato, proponho que fiquemos alertas contra o catastrofismo que parece teimar em querer tomar nossas emoções.

Hamster

Permitam-me fechar a carta com 2 seções para alegrar um pouco nossos humores. Mercado financeiro também é lugar fértil para memes, e a imperdível história do curioso (e bem sucedido!) ratinho trader de criptomoedas, Mr. Goxx, certamente qualifica como a notícia mais divertida da semana. Me lembra a brincadeira de Nassim Taleb descrevendo um experimento mental onde infinitos macacos, furiosamente teclando em infinitas máquinas de escrever, em algum momento produziriam a Ilíada de Homero. Imagino que o nome do bichinho certamente tenha sido inspirado no icônico caso da corretora de criptomoedas Mt. Gox, baseada no Japão, que faliu após ter aproximadamente 450 milhões (de usd) roubados em 2014. Neste estranho mundo onde até um perfil de uma prensa hidráulica, no Instagram, acumula milhões de seguidores, a popularidade de Mr. Goxx parece mais do que provável.

Retomo a veia musical na dica desta semana. O fechamento de Setembro me fez lembrar da canção homônima da icônica banda americana Earth, Wind & Fire. A canção “September”, de 1978, talvez seja um dos pilares da época da discoteca. De catastrófica não tem nada. Muito pelo contrário, impossível não levantar da cadeira e querer dançar - à menos, claro, que você seja da geração das minhas filhas, em cujo caso isso seria totalmente cringe. No melhor estilo de “quem sabe faz ao vivo”, a recomendação é por uma versão live de 2016, bem mais recente e que mostra que a turma lá ainda sabe exatamente o que está fazendo – com direto ao refrão nonsense “ba de ya” que todo ex-frequentador de discoteca sabia entoar. Além disso, minha confessa paixão pelo baixo, me força também à recomendar o vídeo da baixista polonesa Kinga Glyk tocando a linha melódica da música. Afirmo, com toda convicção, que o gingado do baixo desta música só é rivalizado pelo grande Bernard Edwards, da banda Chic – sim, aquela dos hits “Good Times” e “Le Freak”. Pronto, confessei que adoro disco music!

 

bom final de semana! -pedro.


ENGLISH VERSION
 
<<Nome>>,

Good afternoon! I´m quite sure none of my readers will miss this September. Here´s to wishes for a less tumultuous fourth quarter.

So went the opening remarks of letter #55, dated October 2nd of last year (2020). Somehow, I never seem to get tired of Mark Twain´s quote, where “history does not repeat itself, but if often rhymes”.

Throwback

While on this same page of a throwback Friday, said letter had an entire section dedicated to “precatórios”, which are debt obligations issued by our government on tax disputes where it can no longer appeal. It all sounds incredibly familiar, as these instruments continue to be at the center of our current fiscal crisis. At that time, the government planned to use the resources allocated to paying “precatórios” to fund the “Renda Cidadã” project, a maneuver that was universally criticized as an accounting gimmick. “Citizen´s Income”, we might remember, was our own failed incursion into the world of UBI (universal basic income). I, therefore, propose that we should no longer be surprised by problems involving “precatórios. They´ve been around for a long time. When I moved to São Paulo, in 1997, we witnessed a scandal involving such obligations, during Celso Pitta´s tenure as city mayor. “Precatório” derives from the Latin “precatorious”, or “that which contains a request”. The word is rather ugly in and of itself, but, beginning that year, it practically became a swear word. Pitta´s machinations were so wide-ranging, that the episode became known as PittaGate – in reference to the scandal involving Nixon back in the ‘70s.

Inflation

During last year´s second semester, I dedicated some letters to tell “inflation stories” lived by this author, during the hyperinflation years (‘80s). Season 2 is on the way! Back then, I was intrigued by the apparent mismatch between producer inflation (IGP-M index), which clocked in at over 23% at the end of 2020, and consumer inflation (IPC-A index), at “just” 4.52%. Market analysts where quick to coin the curious notion that the IPC-A was “pregnant” with the IGP-M, indicating that producer inflation had no other option than to spill over into consumer inflation. Well, as this 9-month pregnancy comes to term, it seems that those worries were justified. The IPC-A in September accelerated to 1.1%, taking the year-to-date figure in 2021 to a whopping 6.84%. I continue to argue that inflation is one of our main enemies in building long-term wealth, especially in a country with an ingrained inflationary culture. As money managers, this is one of our main concerns when structuring robust portfolios.

End of Year

Today marks the start of 2021´s last quarter. Even with the constant scares delivered by new variants, and although none of us ever imagined surviving over 18 months of social restrictions, I believe we´ve made advances. On the other hand, an accumulation of tensions and unfavorable events, both external and internal, conspire to make the life of investors ever more challenging. Our local stock market lost 6.57% in September, taking the year-to-date figure down to -6.75% – accompanied, although to a lesser degree, by almost all local risk-bearing asset classes. In trying to compile a list of everything that´s been affecting markets lately, the sheer amount of scares we´ve been through surprised me – a little too many to enumerate here, and all, in one shape or another, briefly described in previous letters. As if our own political and fiscal problems were not enough, news from the US and China complete a scenario that at times seems scarier that when Covid as all over the news. As an eternal optimist, I offer that we should stay alert against the catastrophism that so badly wants to take over our emotions.

Hamster

I want to wrap up this letter with 2 sections meant to cheer us up. Financial markets are also fertile ground for memes, and the curious case of a little mouse that successfully trades cryptocurrencies, Mr. Goxx, certainly qualifies as this week´s most delightful story. It reminds me of Nassim Taleb´s thought experiment, where infinite monkeys, furiously typing away at infinite typewriters, will eventually produce Homer´s Iliad. I´m sure the creature´s name is certainly inspired by the iconic case of the crypto exchange in Japan, Mt. Gox, which succumbed after having $450 million stolen from its coffers in 2014. In this strange new world, where even a hydraulic press gets it own million-plus subscriber Instagram profile, Mr. Goxx´s popularity seems to be more than probable.

This week I´m back to my favorite pastime, music. September´s closing reminds me of a song by the same name, by the iconic American band Earth, Wind & Fire. “September”, released in 1978, is perhaps one of the pillars of the disco era. And there´s nothing catastrophic about it. Quite the contrary: it´s impossible not to stand up and want to dance to it – unless, of course, you belong to my daughter´s generation, in which case that would be the cringiest thing one could do. I want to recommend a live version of the song, from a much more recent 2016, which proves that the gang “still got it” – up to and including the nonsensical “ba de ya” catchphrase that every disco-loving person can certainly sing along to. Also, my self-confessed passion for bass, forces me to recommend the excellent Kinga Glyk, a polish bass player, rocking to the bass line. I contend that this song´s funky bass line is rivaled only by those of Bernard Edwards, who played with the band Chic – yup, responsible for hits like “Good Times” e “Le Freak”. And there you have it, I´ve confessed to my love of disco music!
have a great weekend! -pedro.
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Esta carta semanal, destinada a clientes de Pedro Saboia, tem o objetivo de fazer um apanhado breve e bem-humorado das notícias do mercado financeiro, com foco nos temas de gestão de riqueza e planejamento financeiro. O texto não constitui nenhuma oferta de produto financeiro, ou recomendação de investimento.

Pedro Saboia é sócio da Portofino Multi-Family Office, investidor profissional, CEA (Certificação de Especialistas em Investimentos ANBIMA), e Consultor de Valores Mobiliários autorizado pela CVM, conforme instrução 592. As opiniões pessoais aqui contidas não necessariamente refletem o posicionamento oficial da Portofino.

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