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semibreve
por dora guerra 
edição 91 ✶ enviada em 14-10-2021 
bom dia, bom dia. você vai me dizer que você notou ontem que era quarta e não chegou semibreve? mentira sua. absolutamente ninguém notou que ontem era quarta-feira.

além de tudo, eu queria ser a portadora de boas notícias: sim, hoje é quinta, amanhã é sexta e, dessa forma mágica, essa semana já foi. quando você assustar, já vai estar logo menos na praia ou no natal de família, ouvindo o novo do silk sonic. estar numa pandemia faz com que você adorar quando o tempo passa rápido, não?

no mais, hoje talvez você fique bravo comigo ao ler a fiona apple – ou talvez concorde. se for preparar meu cancelamento, avisa antes pra eu me maquiar e fazer pedido de desculpas chorando nos stories.

nesta semibreve vocês irão encontrar: adele se informando do jeito certo, indicações coreanas, showzin de marina sena e, gente, chega de beatles!!
semana passada pedi:
músicas épicas & alegres
 mateus santos considera eu mereço ser feliz uma baita épica&alegre
 vitor barbosa indica umbrella como sua contribuição pop
 pedro alux vem com cordas alegres: shout to the top
 pedro noizyman traz eu também quero beijar, canção esgoelável
 alice leroy está na discoteca com more than a woman
 eduardo lima considera strawberry swing uma grande alegre, talvez épica
 kleber vinicius manda, claro, jorge ben: país tropical
 iuri paglioto segue a linha carnaval, alegria e vem de faraó
 amanda marra vem com épico-alegre típico de filme sobre a juventude: tongue tied
 gabriel dvarte traz uma dose de EDM clássico, com feel so close
 letícia finamore vem com you get what you give, uma inquestionável
 lucca noacco manda up & up away, my beautiful balloon, um épico-alegre-psicodélico
 pra joão vitor ferreira, vamos de rock and roll
o que tá rolando
– notícias do mundo musical em tempo quase real
✶ anúncios que foram feitos pra novembro: o álbum 30, da adele; o tal do álbum do silk sonic, que disseram que sairia ano que vem – eles usaram a famosa estratégia de te tirar a expectativa só pra te pegar de surpresa de novo. funcionou?

✶ estamos na leva de anúncios de turnês até aqui, no brasil – vai ter show esgotado do marcelo d2 no circo voador, turnê da ludmilla com participações especiais, por aí vai. cê já tá com coragem de ir?

✶ criador do rock in rio, roberto medina anda defendendo a obrigatoriedade da vacinação pra quem for pro festival. já pensou em qual conhecido seu, roqueiro-negacionista, não vai poder ir? eu já.

✶ falando em rock in rio, eles andam misteriosos sobre o próximo headliner. se você gosta de dar uma de sherlock holmes, fique à vontade.

✶ saiu djonga/bk/froid, BADBADNOTGOOD, james blake...
e vai ter lançamento de: adele, anitta com saweetie, tássia reis, glória groove, coldplay, remi wolf, joy crookes, pinkpantheress...
você não perguntou, mas eu te recomendo:
indicações com origem coreana (pra pensar menos em batatinha frita 1,2,3):
  • boylife é o projeto do artista gelato williams, um músico coreano-americano que acaba de lançar seu primeiro álbum, gelato. o disco é do jeitinho que eu gosto: introspectivo e eclético, em que cada música conta rapidamente uma história e passeia por uma sonoridade sem apego. ouça as opostas-complementares superprettypeas e me conta se valeu a experiência – spoiler: vale demais. (valeu @gabrieldvarte, como sempre).
  • punchnello é um rapper sul-coreano que me interessou por oscilar facinho entre aquele rap agressivo e um rap suave, com beats tranquilões. o cara sabe lidar com suas emoções, sabe? aparentemente, ele ganhou um reality de rap por lá também. pra sentir o clima, ouça fine! (que tem um quê de soulzinho/bossinha) e boy in the mirror, em que ele mal para pra respirar.
quer deixar uma indicação pra semibreve? é só acrescentar na playlist sugestões gostosas. pode mandar sua banda, também! favor ignorar os bots que invadem a playlist ocasionalmente. 
 
 
recomendação muitobreve,
por amélia do carmo
 
desertshore - nico

"ainda em clima de spooky season, para quem não percebeu, um álbum que colocaria se fosse DJ de meu próprio funeral, assim todos sairiam com a sensação de que serão assombrados por mim pela eternidade"
as músicas dessa seção e outras recomendações do mês estarão na playlist out2021. segue lá. 

 
sensa lab: MARINA SENA
 
lembra que indiquei o sensa lab, série de pocket shows promovida pelo festival S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L? pois é: caso não tenha visto, vale a pena ver – hoje sai o último da série, o show da diva-pop-mineira marina sena. se prepara, que vai estrear aqui neste link às 20h (e eu duvido que você já tenha conseguido parar de cantar pelejei, matutei, fui atrás). 
 
isto é publi? sim. mas eu não faria publi de algo na semibreve que não acredito/apoio, porque a vida é muito curta pra se vender a própria honra. então confia na recomendação. e se a sua marca tem a ver com a semibreve e quiser um publi genuíno e simpático como este, vem conversar comigo ;)
seção fiona apple
– a "palestrinha"


PRECISAMOS FALAR SOBRE BEATLES
 

essa semana, saiu o trailer de um documentário novo dos beatles – sim, um documentário novo sobre os beatles –, dirigido por peter jackson. o ano é 2021: recentemente, marcamos o aniversário de 50 anos sem a banda. é, cara. meio século.

por isso, é com pesar no meu coração de beatlemaníaca que penso: tá na hora de superar os beatles.

primeiro, vamos dar a césar o que é de césar, claro. os beatles têm um legado inegável, redefinindo a música pop por inteiro e encabeçando uma geração de ídolos. os rastros do grupo são eternos: foram eles os "criadores" do videoclipe, os responsáveis por dar novos significados à noção de fandom, ídolo, de música e rock. foram mestres no que fizeram, ainda que se recusassem a repetir uma mesma fórmula com frequência pra experimentar, encarando a música como um constante exercício da novidade. tiveram aquele desenvolvimento de personagem perfeito: dos teddy boys de hamburgo aos visuais esquerdista-riponga da virada pros anos 70, basta olhar pros quatro integrantes pra entender uma parcela importante da evolução cultural que rolou nesse tempo.

os beatles têm de ser sempre estudados, uma espécie de capítulo essencial na nossa história enquanto mundo e cultura. suas músicas podem e devem ser constantemente escutadas – parte da magia dos beatles é justamente a capacidade das músicas de continuarem vivas, tocando novas almas diariamente. ponto pra eles, sempre.

mas é preciso muito cuidado pra gente não cair em alguns discursos fáceis, repetidos e maçantes para um mundo que já nos mostrou muito mais. nos últimos tempos, os beatles foram um produto extremamente vendável, um caminho muito conveniente pra falar sobre música – mas que já está saturado, muito mais que a música que eles de fato fizeram. 

afinal, estamos de fato contribuindo pra música, quando batemos nessa tecla de novo? que relevância tem acrescentar mais um aos milhares de documentários, livros, depoimentos e entrevistas que atestam sobre john, george, ringo e paul? eles são mesmo o único objeto de estudo possível em todo o universo cultural da década de 60?

quando falamos de "clássicos", é importante lembrar – de beethoven a beatles – que "clássico" tem um significado bastante subjetivo (similar ao que chama homem branco de olhos azuis de "padrão"). tudo bem, eles são grandes nomes, inquestionavelmente – mas mesmo para os parâmetros da nossa cultura ocidental, chamar só alguns poucos homens brancos de "clássicos" ou, ainda, "os melhores de todos os tempos", costuma vir acompanhado da invisibilização de alguém; alguém possivelmente tão importante ou necessário quanto.

pra muitos de nós, a banda já veio com o rótulo pronto, impassível de questionamento. era a melhor banda do mundo e pronto – título que já era estranho para a época (porque melhor é subjetivo!), ainda que fosse difícil de contestar quando se tratava da maior banda em termos de proporções do trabalho. mas seguindo esse parâmetro, consideraríamos o BTS uma banda muito maior que os beatles; seguindo o parâmetro de qualidade musical, seria muito antiquado – um ato de fechar os olhos, aliás – considerar que nunca ninguém fez um trabalho melhor que a banda desde então.

e já existe arquivo histórico mais que suficiente pra compreender quem foram os beatles, sem a necessidade de dissecar cada registro da existência de cada integrante. ainda em 2021, não damos respiro algum a uma banda cuja visibilidade inclusive matou um deles. 

parece que o mundo segue numa relação de fandom intoxicada pelo grupo; até hoje, vivendo coletivamente em um quarto lotado de pôsteres de cada um dos quatro integrantes, tentando descobrir o tom exato dos olhos de paul mccartney.

essa eterna insistência no mesmo grupo de músicos nos trava, reforçando como somos uma sociedade nostálgica, apegada e fechada; insistir em recontar a história dos beatles em 2021 frequentemente faz parecer que, desde eles, nunca mais houve música. 

reconheço que a crítica musical tem, devagarzinho, tentado reparar o dano que ela mesma criou. veículos como a rolling stone – uma das responsáveis pelo culto inextinguível do panteão do rock clássico – e a famosa, polêmica pitchfork têm entendido que a música é um universo em eterna expansão, vivo e que escapa aos rótulos. ainda que ambos os sites insistam na narrativa das listas e das notas, eles compreendem que, pra avaliar o que é bom, temos que considerar o que deixou legado. e como coisas novas sempre aparecem – bebendo de múltiplas fontes –, o que é "melhor" sempre muda; beatles deixou muito legado, sim, mas o mesmo aconteceu com outros grandes nomes da época que falamos muito menos. 

a essa altura, é hora de deixar o trabalho dos beatles seguir seu curso, resistindo ao tempo à sua maneira; se ater a essa pauta é, de novo, negar a visibilidade de algo essencial do "aqui e agora" – pra viver em um passado bacana (pra eles), que já passou. estamos todos precisando aprender com a moral dessa história: precisando repensar os nossos ídolos, abrir espaços pra novos clássicos, parar de lamentar a morte do que não morreu (a boa música). 

existe muita coisa acontecendo ao seu redor agora, fazendo história. até o paul mccartney vive se reinventando, criando coisa nova – e você aí, querendo ver os bastidores de uma gravação dos beatles de 1964 à tarde*.

*
eu também quero ver a docusérie do peter jackson, tá. mas não significa que eu não possa problematizá-la: a gente precisa mesmo dela? 

seção colaborativa*
*para colaborar com a seção colaborativa, basta responder este e-mail com sua colaboração

pra despedir, mande sua preferida dos beatles – e aí, encerramos o assunto. por agora.
quer bater um papo? pode responder diretamente esse e-mail ou me chamar aqui.
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