Copy
(international readers, please scroll down for the english version)

Veja este email no seu navegador / Read this email in you browser 
<<Nome>>,

Semana marcada pelo importante aumento de juros indicado pelo Copom, assunto que abordo logo abaixo. No geral, nossos mercados parecem à espera de algum sinal mais claro sobre nossos rumos, a tal “ancoragem de expectativas” à qual me referi na carta passada.  

Além disso, Outubro nos deixa com mais uma incursão do nosso governo no sentido de interferências na política de preços da Petrobrás. Este tipo de susto às sextas não é novidade, tendo o anterior, de teor muito parecido, ocorrido no final de fevereiro.

Juros

Ainda que o aumento na taxa de juros ao tom de 150 pontos-base (ou seja, +1,5%), levando a Selic a 7,75% ao ano, não tenha sido uma enorme surpresa dado o contexto geral do país, mesmo assim penso que não deva ser trivializada. Não víamos um aumento desta magnitude desde Dezembro de 2002, praticamente 19 anos atrás. Na época, Armínio Fraga, a frente do Banco Central, elevava a taxa em incríveis 3%, sob o peso do “aumento da inflação desde a última reunião, aliado ao nível ainda elevado da inflação esperada”. O pano de fundo político era, claro, a recente vitória de Lula em seu primeiro mandato, e o desconforto da classe empresarial sobre o que isso representaria na condução do país. Não estou aqui a sugerir que a história se repetirá, até porque o contexto era significativamente diferente, mas certamente nos permite colocar o momento atual em perspectiva. Apenas relembrando, até o final de 2009, próximo do final do segundo mandato daquela presidência, nosso juros foi dos estratosféricos 25% (após a reunião do final de 2002) até 8,75%  deixando portanto para trás, ainda que não definitivamente, a era dos juros de dois dígitos.

Caixa de Entrada

Em minha carta #109 fiz uma breve consideração sobre o que podemos esperar de uma nova realidade de trabalho remoto, o chamado “work from anywhere” (WFA). Compartilho um “causo” familiar para defender a ideia de que, talvez, a evolução de algumas ferramentas não tenha sido tão transformadora assim. Estava com minha filha mais nova na cozinha, discutindo sobre acontecimentos na escola, quando ela casualmente abre seu notebook e me mostra uma mensagem de email. Meu olhar crítico não pode deixar de notar a quantidade de mensagens não lidas: 3.172. Tomei um susto. Como poderia uma jovem adolescente, que mal se comunica por email (afinal, suas plataformas favoritas não são “de velho”), ter um inbox que rivaliza a de qualquer adulto moderno? “ah, são muitas mensagens automáticas, geradas pelo Google Classroom” – argumentou ela. Ainda me lembro do tempo que receber um email era quase tão emocionante como receber uma carta. Assim como me recordo da lenda urbana do assistente que teria fisicamente grampeado um disquete de 5¼”, ao ser solicitado a anexar um arquivo à uma dada comunicação interna. Penso que temos muito que evoluir para resgatar a real produtividade ao ambiente de trabalho, seja ele remoto ou presencial

Clube do Trilhão

Esta semana conhecemos a mais recente entrante ao clube do trilhão, composto por aquelas empresas cuja capitalização de mercado (produto do preço das ações pela quantidade emitida) supera tal cifra, em dólares. Tesla junta-se ao seleto grupo que contém Apple, Microsoft, Alphabet (Google) e Amazon. Já fiz esta conta várias vezes por estas linhas, e sinceramente não me atrevo a atualizá-la dado o enfraquecimento de nossa moeda, mas, qualquer uma destas empresas, individualmente, vale mais do que a totalidade das empresas em nossa bolsa. É claro que a comparação é injusta, pois estas empresas representam absolutos extremos, aqueles seres alados entre o já diminuto grupo dos unicórnios. Mas, a provocação é novamente pela sugestão da avaliação de investimentos fora de nossas fronteiras. Restringir-se ao mercado local, especialmente nas empresas com liquidez suficiente para fazer parte da carteira dos fundos de investimento em ações, priva o investidor de acessar mercados mais maduros, e que podem servir de excelente diversificação em momentos como o atual.

Ainda que muitas festinhas de criança de Halloween já tenham ocorrido, a comemoração oficial é agora no Domingo. As minhas infelizmente já passaram da época, mas, minha jovem sobrinha se diverte infinitamente. Esta semana trago uma dica musical um pouco diferente. Ainda que meu instrumento oficial seja a guitarra, e minha queda seja pelo baixo, tenho me encantado cada vez mais com o instrumento natural com o qual somos todos dotados: nossa voz. Um dos grupos vocais a capella que mais gosto é o Voice Play, que pode ser conferido nesta divertida e fantasmagórica montagem. O grupo base é formando por 5 integrantes, sendo 3 tenores (timbre vocal mais agudo), um beat-boxer (fazendo percussão com sua boca) e o incrível “basso profondo” Geoff Castellucci. A classificação vocal masculina vai do baixo, passa pelo barítono, e acaba no tenor. Geoff é uma daquelas raras vozes que alcança notas ainda mais baixas, sendo portanto classificado como um baixo profundo. Para entender o que uma voz assim é capaz de entregar, recomendo atentar ao trecho a partir de minuto 2:38, onde eu perco a conta de quantas oitavas o cantor é capaz de descer, chegando em tons que nem parecem humanos. Recomendo bons headphones para curtir!

 

bom final de semana! -pedro.


ENGLISH VERSION
 
<<Nome>>,

This week was marked by an important hike in our local interest rates, imposed by the Copom (the equivalent of US´ FOMC). In general, local markets seem to be on hold, waiting for clearer signals of what lies ahead, the so called “expectation anchoring” I mentioned in my last letter.

Furthermore, October leaves us with one more attempt by our government to interfere with Petrobrás´ pricing policies (Brazil´s major oil conglomerate). This type of Friday surprise is, unfortunately, recurring news – as something very similar occurred last February.

Interest Rates

Although the increase of 150 basis points (or +1.5%), taking our basic rate to 7.75% per year, was in itself not a great surprise, given the current state of affairs, I still believe this should not be trivialized. We had not seen a hike of this magnitude since December of 2002, almost 19 years ago. At the time, Armínio Fraga, then head of our central bank, raised interest rates by an incredible 3%, under the weight of “increased inflation since our last meeting, in addition to an elevated level of expected inflation”. The political landscape at the time, of course, was President Lula´s recent election to his first mandate, and the general market discomfort with what it could represent in how the country was led. I´m not suggesting that history will repeat itself, as the situations are vastly dissimilar, but it certainly allows us to put the current moment in perspective. As a reminder, by the end of 2009, next to the end of that presidency´s second term, interest rates went from a stratospheric 25% (after the December 2002 meeting) to 8.75% - thus leaving behind, even if temporarily, the era of double digit interest rates.

Inbox

In letter #109 I made a brief comment on what could be expected from a new reality of remote work, dubbed “WFA - work from anywhere”. I´ll share a personal story to defend the idea that, maybe, the evolution of some of these tools have not been that transformative. I was recently chatting with my younger daughter at the kitchen table, discussing school affairs, when she casually opened her notebook computer and showed my an email message. My critical eye couldn´t help but notice the amount of unread messages: 3,172. I was in shock. How could a young adolescent, who hardly uses email (after all, her platforms of choice are not those of “old folks”), have an inbox which rivals that of any contemporary adult? “oh, but there´s a lot of auto-generated messages, from Google Classroom” – she argued. I still remember the days when getting an email was as exciting as receiving a physical letter. Likewise, I remember the urban legend of the assistant who had physically stapled a 5¼“  floppy disk, after being asked to attach a file to a particular internal memo. I seems to me that we have a long way to go in terms of rescuing real productivity in the workplace, remote or otherwise.

Trillion Dollar Club

This week we had another member join the trillion dollar club, formed by those companies whose market capitalization (the product of the price of their stock by the quantity of shares) exceeds such figure. Tesla joins the select group comprised of Apple, Microsoft, Alphabet (Google) and Amazon. I´ve done the math many times in these lines, and honestly won´t venture into updating it, given how weak our currency is, but, anyone of those companies alone is worth more than the totality of the companies in our local stock exchange. Of course, it´s a rather unfair comparison, as these companies represent absolute outliers, those winged beings among the already scarce unicorn landscape. My angle here is to suggest that investing outside our frontiers be carefully considered. Being restricted to our local markets, especially in companies with enough liquidity to be part of the holdings of equity funds, prevents investors from accessing more mature markets, which could serve as excellent diversification in moments like these.

Despite the fact that many a Halloween party has already taken place, the official day is this coming Sunday. My children, unfortunately, are way past the age, but my young nephew is still infinitely entertained. This week I´ll make a rather different musical suggestion. Although my instrument of choice is the guitar, and despite my soft spot for the bass, I´ve been ever more delighted by the natural instrument which we all are endowed with: our voice. One of the a capella groups I most enjoy is Voice Play, who my reader can check out in this ghostly and fun montage. The base group is comprised of 5 vocalists: 3 tenors (with higher timber), a beat-boxer (doing percussive sounds with his mouth) and the incredible “basso profondo” Geoff Castelucci. The classification of male vocal ranges goes from the bass, to the baritone, and ends with the tenor. Geoff is one of those rare voices who can reach even lower notes, being thus labelled a deep bass. To better understand what such a voice can deliver, I recommend you listen to the part starting at minute 2:38, where I loose track of how many octaves the singer is capable of descending, reaching tones that don´t even sound human. Quality headphones are highly recommended!
have a great weekend! -pedro.
Website
Instagram



Para garantir o correto recebimento, recomendamos que adicione nosso endereço à sua lista de contatos confiáveis.

Esta carta semanal, destinada a clientes de Pedro Saboia, tem o objetivo de fazer um apanhado breve e bem-humorado das notícias do mercado financeiro, com foco nos temas de gestão de riqueza e planejamento financeiro. O texto não constitui nenhuma oferta de produto financeiro, ou recomendação de investimento.

Pedro Saboia é sócio da Portofino Multi-Family Office, investidor profissional, CEA (Certificação de Especialistas em Investimentos ANBIMA), e Consultor de Valores Mobiliários autorizado pela CVM, conforme instrução 592. As opiniões pessoais aqui contidas não necessariamente refletem o posicionamento oficial da Portofino.

A Portofino cuida das pessoas para que alcancem um futuro financeiro equilibrado - com ética, transparência e responsabilidade. Quer conhecer mais? Agende uma conversa conosco!

Nosso arquivo de cartas antigas encontra-se aqui

Você pode se descadastrar (unsubscribe) desta lista clicando aqui.