Copy
(international readers, please scroll down for the english version)

Veja este email no seu navegador / Read this email in you browser 
<<Nome>>,

Boa tarde! Parece seguro afirmar, infelizmente, que este começo de 4º trimestre nos mercados financeiros locais não era exatamente o que nenhum de nós gostaria de ver. Inicio com uma história pessoal, e concluo fazendo um breve comentário sobre o dia de ontem.

Riscos

Depois de dedicar várias semanas ao tema de riscos, nas cartas #103 a #106, pareceria que este autor deveria estar imune ao tipo de situação ali descrita. Na semana passada, aproveitando o curto feriado, estive rapidamente no Rio para rever parentes que não encontrava desde o começo da crise da Covid. Numa bela manhã ensolarada, ao concluir minha corrida matinal na praia de Ipanema, um ciclista que vinha na direção oposta repentinamente bateu com a mão em meu peito, levando uma corrente de ouro de enorme valor sentimental para mim. O que esta história tem a ver com risco? Pois bem, nestes mais de 50 anos “de praia”, e apesar de ter vivido por enormes crises de segurança pública no Rio dos anos '80, nunca havia sido roubado. Confundi ausência de volatilidade (afinal, foram mais de 5 décadas sem incidentes), com ausência de risco. Anedoticamente, pensadores como Nassim Taleb descrevem este viés cognitivo como o problema do peru do dia de ação de graças (“thanksgiving”). Mas, funciona para o nosso peru de Natal também. Durante semanas, o peru de Natal é alimentado regiamente, em uma existência pacífica, sem eventos, e sem volatilidade, para, poucos dias antes das festividades, encarar o dia de seu juízo final. É mais ou menos o mesmo pensamento de alguém que alegaria ser imortal, apenas porque nos milhares de dias de sua existência até então, nunca teria morrido. Parece tolo quando colocado desta forma, porém nós, como investidores, e seres humanos falíveis, frequentemente incorremos no erro que cometi – não deixar a corrente em casa, mesmo sabedor da fama das praias da zona sul carioca. O antídoto passa, claro, por primeiro reconhecer que estamos todos, sem exceção, sujeitos a estes vieses.

Bitcoin

Honestidade intelectual me obriga à revisitar um comentário que fiz há exatos 30 dias, sobre o Bitcoin. Naquela sexta, comentava sobre o moeda aparentemente não ter servido como um hedge (proteção), conforme defendido por muitos, contra o anúncio de medidas mais duras do banco central Chinês à este tipo de ativo. Me referia à uma queda de 14% ocorrida no dia 20 do mês passado. Daquele momento, em que a moeda estava perto dos 40 mil (usd), até seu novo recorde de anteontem, aos 66 mil (usd), são mais de 50% de valorização em 1 mês. Há pelo menos um fato novo na história desta criptomoeda que vale a pena mencionar: o lançamento do primeiro ETF (fundo de índice, negociado em bolsa) em solo americano baseado no Bitcoin, o “Proshares Bitcoin Strategy”, símbolo “BITO”. Visto globalmente pelo mercado como um voto de confiança dos reguladores americanos, provavelmente tem parte do mérito nesta incrível valorização.

Waiver Day

Impossível concluir a carta sem mencionar os eventos desta semana, a partir de terça dia 19. Não é segredo para ninguém que nosso país, e nossa economia, não vão bem. A falta de visibilidade sobre os rumos da condução econômica, o que o mercado chama de “ausência de ancoragem de expectativas”, piora os desarranjos em todos as classes de ativos (bolsa, juros, e moedas) e eleva a sensação de que ainda ficará mais escuro antes de que vejamos o amanhecer. Como exemplo, o desmanche da equipe técnica do Ministério da Economia, e iminente quebra do teto de gastos (o “waiver”, ou perdão, sugerido por Guedes), gera quedas expressivas em nossa bolsa, ao tom de mais de 7% esta semana (no momento que escrevo estas linhas). No ano, já acumulamos mais de 10% negativos. É praticamente impossível que empresas, profissionais, empreendedores e investidores consigam organizar suas atividades, e planejamento futuro, quando impera um ambiente de absoluta inconstância.

Me esforçarei para concluir esta breve carta em tom positivo. O mês de Outubro marca o aniversário de 30 anos da icônica canção do Queen “The Show Must Go On” (O Espetáculo Precisa Continuar). Escrita por Brian May, guitarrista da banda, e lançada em ‘91, a canção claramente descreve a luta de Freddie contra a AIDS – no tempo em que doença era ainda um grande mistério. À medida que começamos a deixar para trás a crise sanitária imposta pela Covid, e encaramos importantes desafios como país, frequentemente me apego à música (no geral, mas, esta em particular) como fonte de inspiração e esperança. O tema tem incontáveis gravações, tanto com Freddie como com outros vocalistas, e a dica desta semana fica pela versão interpretada por Elton John em ’92. Ao lado de Sir Elton, temos Brian na guitarra, o recluso John Deacon no baixo (antes que sumisse totalmente de cena, por motivos aparentemente pessoais), a grande segunda voz de Roger Taylor na batera, e, surpreendentemente, Tony Iommi na segunda guitarra – amantes do instrumento certamente o reconhecerão como fundador e figura principal, durante muito tempo, da banda Black Sabbath. 

 

bom final de semana! -pedro.


ENGLISH VERSION
 
<<Nome>>,

Good afternoon! It´s safe to say that, unfortunately, the beginning of the 4th quarter in our local financial markets isn´t exactly what anyone was hoping for. I´ll kick off with a personal story, and conclude by making a brief comment on yesterday´s events.

Risks

After dedicating several weeks to the theme of risks, in letters #103 through #106, it would appear that this author should be immune to the situations described therein. Last week, on account of the short holiday, I went to Rio for a brief visit to relatives I hadn´t seen since the beginning of Covid. In one beautiful sunny morning, as I finished my early jog at Ipanema beach, a cyclist that was riding in the opposite direction suddenly hit my chest with this hand, and took a gold necklace of great sentimental value to me. What does this story have to do with risk? Well, in these more than 50 years at the beach, and despite living through a critical public security crisis in Rio during the ‘80s, I´d never been mugged. I mistook a lack of volatility (after all, I enjoyed over 5 decades incident-free), for lack of risk. Anecdotally, writers such as Nassim Taleb have described this cognitive bias as the Thanksgiving Turkey problem. It works for Christmas´ turkey as well, which is more familiar to our local culture. For weeks, the turkey is royally fed, and enjoys a peaceful and uneventful existence, which is abruptly cut short a few days before the festivities, as it faces its day of final reckoning. It´s similar to the type of thinking of someone claiming to be immortal, just because in the thousands of days of their existence up to that point, they had never died. It seems silly when put this way, but we, as investors, and fallible human beings, frequently make my mistake – not leaving their jewelry at home, when fully aware of the unfortunate situation of Rio´s beaches. The antidote starts, of course, by first recognizing that we all are, with no exceptions, susceptible to such biases.

Bitcoin

Intellectual honesty requires me to revisit a comment I made about Bitcoin, exactly 30 days ago. On that Friday, I mentioned that the currency did not act as an adequate hedge, as advocated by many of its supporters, against China´s central bank´s announcement of tougher regulation for cryptocurrencies. I was referring to the 14% drop that happened on the 20th of last month. From that point, with Bitcoin was trading close to $40k, up to this week´s record of $66k, it´s been a whopping 50% gain in one month. There is at least on new fact in the history of this asset that is worth mentioning: the launch of the first US-based ETF tracking Bitcoin, the “Proshares Bitcoin Strategy”, ticker “BITO”. Globally seen as an endorsement coming from American regulators, this event probably contributed to this incredible raise in prices.

Waiver Day

I´d be remiss if I did not mention this week´s events, starting on Tuesday the 19th. Its no secret that Brazil, and its economy, is not doing well. The lack of visibility on the future of economic policy, what the market calls a “lack of expectation anchoring”, worsens the outlook on all major asset classes (equities, fixed income and currencies), and increases the feeling that it´s going to get darker before we see the light of day. As an example, the resignation of key technical members of the Ministry of Economics, and the imminent rupture of the fiscal thresholds (the “waiver” suggested by Paulo Guedes), caused havoc in our local stock exchange, to the tune of a 7% drop this week (at the time of this writing). Year to date, we are down 10%. It´s virtually impossible for companies, professionals, entrepreneurs and investors to organize their activities, and plan for the future, in an environment where lack of consistency is the norm.

I´ll do my best to end this letter on a high note. The month of October marks the 30th anniversary of the iconic Queen song “The Show Must Go On”. Written by Brian May, the band´s guitarist, and released in ’91, the tune clearly describes Freddie´s fight against AIDS – in a time when the disease was still a total mystery. As we leave behind the sanitary crisis imposed by Covid, and face potential challenges as a country, I frequently turn to music (in general, but this one in particular) as a source of inspiration and hope. The piece as been recorded many times, both with and without Freddie on vocals, and this week´s recommendation is for Elton John´s ’92 version. Joining Sir Elton on stage we find Brian on lead guitar, the reclusive John Deacon on bass (before disappearing from the stage lights, apparently for personal reasons), the band´s unique backing vocals by Roger Taylor, on drums, and, surprisingly, Tony Iommi on second guitar – lovers of the instrument will certainly recognize him as a founder, and main figure, of the band Black Sabbath.
have a great weekend! -pedro.
Website
Instagram



Para garantir o correto recebimento, recomendamos que adicione nosso endereço à sua lista de contatos confiáveis.

Esta carta semanal, destinada a clientes de Pedro Saboia, tem o objetivo de fazer um apanhado breve e bem-humorado das notícias do mercado financeiro, com foco nos temas de gestão de riqueza e planejamento financeiro. O texto não constitui nenhuma oferta de produto financeiro, ou recomendação de investimento.

Pedro Saboia é sócio da Portofino Multi-Family Office, investidor profissional, CEA (Certificação de Especialistas em Investimentos ANBIMA), e Consultor de Valores Mobiliários autorizado pela CVM, conforme instrução 592. As opiniões pessoais aqui contidas não necessariamente refletem o posicionamento oficial da Portofino.

A Portofino cuida das pessoas para que alcancem um futuro financeiro equilibrado - com ética, transparência e responsabilidade. Quer conhecer mais? Agende uma conversa conosco!

Nosso arquivo de cartas antigas encontra-se aqui

Você pode se descadastrar (unsubscribe) desta lista clicando aqui.