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semibreve
por dora guerra 
edição 94 ✶ enviada em 10-11-2021 
te falar que essa edição foi uma das mais difíceis de fazer, viu.

essa semana, a semibreve faz seu aniversário de 2 anos. eu tava aqui pensando como fazer uma edição especial, pra comemorar, aproveitar. nesses 2 anos, perdemos muita gente – mas eu nunca tinha vivido a experiência de ter que falar sobre uma perda musical tão abrupta, tão simbólica, tão jovem e gigantesca quanto marília. 

a festa ficou pra depois. ficou difícil falar de outras coisas, mas a gente tem que lembrar que a vida segue, o show continua. tentei falar do que podia com leveza – e no fim, como não podia ser diferente, a palestrinha é só sobre ela.

na semana que vem, a gente finge que é o aniversário da semi e tá tudo certo. vamos lá?


nesta semibreve vocês irão encontrar: dj deolane, alguns lineups, o retorno da libido em 2023 e o obituário que eu não queria fazer
semana retrasada pedi:
uma boa música viral
 mateus santos curte yaba buluku, hit moçambicano
 gabriela rocha vem com meet me at our spot, da willow e companhia
 ygor castellan e laura zimmermann adoram a nova viral local: por supuesto
 isabela freitas ama careless whisper, o clássico que também é viral no tiktok
 maíse sanches adora esse suco de tiktok que é o mashup de promiscious com motive
 isadora ferreira vem com greek tragedy, dos wombats (cujo remix viralizou)
 jessica ramos adora a maior viral do ano passado: say so – aqui na versão sem danny bond
✶ falando em doja cat, eduardo lima curte need to know
alice leroy ama not into you - brooksie
lucas oliveira e gregório fonseca vêm com viral vintage: tchubaruba, da mallu magalhães
o que tá rolando
– notícias do mundo musical em tempo quase real
✶ perdemos marília mendonça.

✶ rolou outra tragédia esse finde: no festival ASTROWORLD, do travis scott, oito pessoas morreram pisoteadas e várias foram feridas durante o show do artista. existem alguns relatos confusos e gente que afirma que o travis sabia da confusão e não parou o show – por isso, há rumores que o artista está inclusive sendo substituído em alguns festivais.

o spotify já avisou que vem aí o spotify wrapped. tá pronto pra descobrir que você ouviu muito mais doja cat do que é saudável?

marisa monte anunciou uma turnê por aqui no brasil no ano que vem. já avisou a sua mãe?

✶ alguns festivais brasileiros anunciaram lineup também – e 90% deles incluem a marina sena. alguns que anunciaram recentemente são o no ar coquetel molotov, o afropunk em sua primeira edição brasileira e o festival psica. aqui em BH, o sarará vai ter até karol conká
vai si, vai si, vai si, vai si tratar garota....

✶ saiu snail mail, aminé, radiohead, charli...
e vai ter lançamento de: silk sonic, the weeknd com rosalía, mitski, manu gavassi, anitta, IDLES, céu, damon albarn...
você não perguntou, mas eu te recomendo:
mulheres, mulheres, mulheres:
  • xenia rubinos, mais uma ótima xenia musical pra lista, é uma cantora com origens porto-riquenhas e cubanas que faz um r&b-funk-jazz-soul-rock. eu a encontrei na playlist de faixas preferidas do flume e seu trabalho realmente chama a atenção – é todo cheio de texturas, levemente experimental, gira em torno dos seus vocais; bom pra quem curte coisas estilo erykah badu. recomendo don't put me in red e laugh clown.
  • e este é o seu sinal pra voltar a ouvir frank – o delicioso, um pouco caótico, expressivo, extremamente britânico primeiro álbum da amy. de tempos em tempos, me pego cantarolando stronger than me pela casa e me imaginando andando de bicicleta em londres com uma argola de ouro em cada orelha (não que eu já tenha ido em londres). o frank não falha e, na minha opinião, é até mais descolado que o back to black. 
quer deixar uma indicação pra semibreve? é só acrescentar na playlist sugestões gostosas. pode mandar sua banda, também! favor ignorar os bots que invadem a playlist ocasionalmente. 
 
 
recomendação muitobreve,
por amélia do carmo
 
LP1 - fka twigs

"muitos sabem que esse foi um álbum-apogeu do gênero 'música para gostosas'; ouça para despertar a velha conhecida libido, afinal, 2023 já está chegando aí!"

 
as músicas dessa seção e outras recomendações do mês estarão na playlist nov2021. segue lá. 

 
seção fiona apple
– a "palestrinha"

ELA

eu não sabia se falava sobre isso, se ficava quieta e deixava todo mundo com seu luto pessoal. nos últimos dias, esse assunto já foi visitado e revisitado por cada programa, cada escritor, cada músico – mas é que eu sou do time que acredita que, pra elaborar as coisas, precisamos falar sobre elas; e se me permite, eu ainda tenho muito a elaborar.

então vamos lá, juntos: é hora de falar de marília.
 

se eu conheço bem meu público, sei que os assinantes da semibreve (como eu) não tendem a ser sertanejeiros por natureza; por isso, é ainda mais forte pensar que, mesmo não sendo de sertanejo, éramos todos de marília.

porque mais que uma figura genial do sertanejo, marília era uma figura genial. ponto. uma compositora genial, do tipo que dominava os dois tópicos essenciais de qualquer bom compositor: dor e amor. e como milagre, ela ainda marcava todas as outras caixas: tinha presença de palco, carisma, conquistava qualquer um. era uma das maiores – senão a maior – cantoras do país hoje; ainda assim, era extremamente gente.

marília foi uma das primeiras a dizer, com todas as palavras: "tô compondo para as mulheres, porque nós somos a maioria". imagine só. marília nos enxergava, sorria pra gente, cantava pra gente.

era profundamente apaixonada por música, acima de tudo – e foi parar no sertanejo, ela diz, quando entendeu o que era levar um chifre (mais que justo). seu sertanejo era uma dualidade interessante: tinha algo de clássico, cancioneiro, ao mesmo tempo que era moderníssimo, universitário, feminista. marília fazia as coisas do jeito que, pra ela, faziam sentido; tudo que vinha dela soava verdadeiro e caloroso. 

foi pioneira, inventiva, sem usar isso contra ninguém; era tão pé no chão que fez live de chinelinho na sala de casa, contando caso como uma amiga. ela foi uma grande amiga, mesmo – das que dizem "senta aqui, me conta tudo". devia ser uma companhia deliciosa, porque pra saber falar de sofrência, tem que saber ouvir caso.

a perda de marília dói diferente: pelo inexplicável, pelo choque, pelo timing em sua vida, pelo timing nacional, pelo simbolismo da artista. dói porque é simplesmente inaceitável; todos nós dávamos por garantido o próximo show de marília em nossas vidas. e porque ela era vida, simplesmente: de sorrisão aberto, fazendo o chifre pesar em cada um de nós, enchendo praças públicas – trazendo à tona tudo que nos faz sentir vivos. pensar em marília mendonça sem pensar em vida é uma contradição muito cruel. 

pra quem fazia a máxima "todo mundo vai sofrer" ser sempre válida – quem transformava a dor individual em catarse coletiva, o sofrimento de um término em sofrência de 100 mil pessoas na praça da estação –, era justo que a dor fosse compartilhada. marília era tão nossa, tão genuinamente entregue à gente, que a perda é toda nossa também.

por isso, te convido a fazer essa camada extra de dor – que agora acompanha as músicas dela – passar. não é pra ser assim; é pra gente sentir alegria de novo ao ouvi-la cantar. marília nos deixa o privilégio de ter deixado todas as cartas na mesa, quem ela era, o que sabia fazer, o que tinha a nos oferecer. foi-se cedo demais, sim, mas a tempo de ser gigante pra todos nós.

cabe à gente seguir cantando marília; carregar sua voz em nossa voz, como quem se recusa a abrir mão da divinidade que passou por aqui. com a nossa ajuda, quem sabe: marília continuará sendo sempre vida, um sorriso eterno na nossa história. 

ela não mereceria menos que isso.

 

ps: marília sempre foi uma excelente cantora. não acredite em quem diz o contrário.

seção colaborativa*
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manda aí, sua preferida da marília. sei que cê tem uma.
 
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