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Boletim Digital | setembro e outubro 2021
Still do Documentário "NEM+NEM-", de Cláudia Alves.
Decorridos dois meses desde o início do novo ano letivo, ainda trazemos connosco muitas incertezas, fruto das imprevisibilidades em que a vida sempre nos colocou e, atualmente, mais do que nunca. Agora, estamos mais conscientes de que «Tudo muda tão rapidamente à nossa volta», como lembrou Saint-Exupéry (1900/1994). Por isso, não podemos deixar, ainda que tardiamente, que a escola continue a adiar o acesso das crianças e jovens à educação estética e artística, quer nas vertentes de fruição, quer nas de experimentação. Todos sabemos como tem sido difícil cumprir este objetivo traçado pela Revolução de Abril. Contudo, e apesar de um certo cansaço, não podemos desistir de contrariar pensamentos que comodamente procuram instalar-nos nas dificuldades e na ideia de «não valer a pena». 
Convictos de que vale a pena, continuaremos a desenvolver as diferentes áreas artísticas e os seus cruzamentos com outras disciplinas. 
Damos-vos, assim, nota da Apresentação do Filme NEM + NEM -, de Cláudia Alves, realizado no Agrupamento, no ano letivo 2018/2019, onde se procura dizer, através de retratos instantâneos da vida da «nosso» Agrupamento, que a educação artística se pode e deve fazer sem «receitas», na qual as crianças, os jovens e docentes aprendem experimentando, onde cada um de nós tem «Liberdade para Criar», para que, no final,  cada um  possa construir outros «modos de pensar» a educação, em geral, e a educação artística, em particular. 
E é por isso que, este ano letivo, procuraremos, através do Programa Cultural do Agrupamento, trazer novos desafios para todos, diversificando áreas e temáticas, algumas das quais trabalhadas desde a educação pré-escolar até ao 3.º ciclo, inclusive, que serão aqui apresentadas e explicitadas de um modo detalhado, posteriormente.
Deixamos-vos com algumas das áreas que estão a decorrer com as crianças e com outras que brevemente se iniciarão: Fotografia; Curadoria; Rádio; Música/Coro; Cinema de Animação; Cartografia(s); «A(s) cidade(s) como laboratório(s) de aprendizagem»; «Perguntário»; Retratos- Livro; e Museu Portátil, programas com a Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, com o Museu Nacional de Arqueologia; entre outras. 
Deixamos-vos ainda o ponto de situação do Projeto PARTIS - uma parceria com a «Associação Dança em Diálogos», em desenvolvimento na escola JI/ EB1 do Alto do Moinho e, já no final, apresentamos uma tarde de um sábado passada no Museu Nacional de Arqueologia e um «(…) registo daquilo que, um dia, muito mais tarde, lhes permite recordar, com saudade e reconhecimento: a minha escola», por Álvaro Laborinho Lúcio. 
Foto de António Limpo. 
RETRATOS-LIVRO E MUSEUS PORTÁTEIS :
MODELOS DE TRABALHO COLABORATIVO

 
A conceção dos «Retratos-Livro» e dos «Museus Portáteis» vai constituir um modelo de formação colaborativo, o qual pretende, por um lado, constituir redes de trabalho entre os docentes de cada estabelecimento (JI e 1.º Ciclo) e, posteriormente, o encontro entre os vários níveis de ensino. Por outro lado, pretende-se um processo de acompanhamento dos docentes, que procure colaborar no desenvolvimento dos diferentes processos de trabalho e «aglutinar» os modos de fazer, passíveis de constituir práticas reflexivas, que tragam novos conhecimentos a partir da construção, por cada criança, dos «Objetos» que serão partilhados como experiências novas com os colegas, os docentes e as famílias, através de uma Instalação a conceber em diferentes locais, dando, assim, uma dimensão mais ampla dos trabalhos que as crianças e docentes constroem em conjunto. 
As dimensões do trabalho colaborativo e do acompanhamento, integrados nos seus contextos/grupos de crianças/escola, fazem parte de uma dinâmica formativa que procura destacar a importância da cooperação entre os docentes dos vários ciclos e entre outros atores da organização escolar, fazendo jus a uma ideia que já não é nova, de que as mudanças se fazem no seio das organizações escolares, com a participação de todos/todas. 

 
PRÓXIMAS FORMAÇÕES / RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS

AS ARTES NO CURRÍCULO | janeiro | Artes Visuais, Educação Tecnológica e restantes grupos disciplinares (2.º e 3.º ciclos)
Foto original de Fernando Duarte - Dança em Diálogos.
RADIO[GRAFIAS] IGUAIS
 
 O 1.º ENCONTRO
 
O projeto RADIO[GRAFIAS] IGUAIS, uma parceria entre a Associação Dança em Diálogos e o Agrupamento Vertical de Almeida Garrett, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, BPI e Fundação La Caixa, em desenvolvimento na EB1/JI do Alto do Moinho, já retomou o desenvolvimento das sessões de dança, teatro, artes visuais e documentário, com as crianças. Também já tiveram oportunidade de ir à Cinemateca Júnior, onde, num «1.º ENCONTRO», no dia 20 de outubro, puderam ver dois filmes que muito os entusiasmaram: «Rentrée des classes | Regresso às aulas» de Jacques Rozier e «Petite Lumière | Luzinha» de Alain Gomis. 
1º Encontro, Cinemateca Júnior. Foto de António Limpo.
De viagem também já foram ao Museu Coleção Berardo à «procura» da artista Helena Almeida.
 
Um dia destes contamos-vos como foram percorridos estes «caminhos – viagens». Adiantamos, desde já, que foram vibrantes e surpreendentes!
 
Para eles e para nós.
    
Para conhecerem melhor quem são os companheiros das viagens, desta e de outras que haveremos de fazer, deixamos a ligação para a Associação Dança em Diálogos https://ddialogos.com/  
Programa PARTIS - Artes Visuais e Dança. Fotos de Tânia Ferreira.
Still do programa "Hannah Arendt e a revelação no julgamento de Eichmann".
Produção "Até ao Fim do Mundo", 2017.
É POR ISSO QUE DEVEMOS LEMBRAR...
 
Deixamos-vos com o vídeo da RTP ENSINA de 2017, sobre Hannah Arendt e «a revelação no julgamento de Eichmann», no qual a filósofa testemunhou como, «em nome do cumprimento de ordens superiores (…)», alguém pode fazer tanta atrocidade: O mal fazia-se, executava-se, de forma fria, irrefletida, como um trabalho vulgar (…)». É por isso que a Hannah Arendt nos diz «não acreditar ser possível» que alguém seja incapaz de voltar atrás, de refletir e de pensar na «banalidade do mal». E é por isso também que devemos lembrar…  

Para ver basta seguir o link ou clicar na imagem acima.
EIS QUE DE REPENTE...
 
Era sábado. Chegámos à hora marcada e éramos muitos.   
 
Lá dentro, viajamos com alguma expetativa, por entre aqueles espaços, que nos mostram, hoje, a «remota antiguidade».
Percebemos como os diferentes objetos nos fazem ver a História. Relembrámos as nossas sessões na escola com a Maria José Albuquerque e o Mário Antas. Tudo faz mais sentido, agora. A ideia de o «objeto ser um trajeto», que muito nos deu que pensar: de onde veio, os territórios por onde andou, há quanto tempo.
Os nossos olhares percorriam as peças com muitas interrogações. Os meninos e as meninas estavam ávidos de saber, fizeram muitas perguntas. 
Sentia-se a serenidade mesclada de um bulício, quando nos contaram as histórias dos Deuses, de muitos que já sabíamos pela voz da Filomena Barata que foi à nossa escola e também dos nossos filmes de animação. 
Atentos às façanhas de Héracles que, depois de uma vida atribulada, consultou o «Oráculo de Delfos» que lhe ordenou que fizesse «doze trabalhos». Tal foram os seus feitos… Nem nos «passavam pela cabeça». Lutou com serpentes de três cabeças, javalis monstruosos, desviou rios… nem imaginam... 
Ainda espantados com tais proezas, fomos até ao Egipto, «(…) um país simples, luminoso e claro», como escreveu Eça de Queirós em 1869, como se pode ler numa das paredes da sala. Repousávamos um pouco, muito perto das múmias.  
 E…
«Eis que, de repente», foi como se se abrisse um «cofre do tempo»,
apareceu Anúbis, que nos falou da Deusa Ma'at, deusa egípcia da justiça, da verdade e da ordem cósmica. 
Grande susto teve uma professora. Os meninos e as meninas, não. Podem ver o deus Anúbis no filme que aqui vos deixamos.

Se quiserem saber mais, convidamos-vos, crianças e famílias, a irem também connosco ao Museu Nacional de Arqueologia.  
 
Acreditem, foi uma tarde bem passada. 
"Um Sábado no Museu Nacional de Arqueologia com as Famílias".
O JOGO ERA MESMO ESSE

Os trabalhos que aqui vos mostramos e que estão presentes na nossa Exposição online, que pode ser visitada neste link, fizeram parte do trabalho desenvolvido em Artes Visuais (Complemento de Educação Artística), em cinco turmas do 5.ºano, no ano letivo 2020/2021.  
Tendo por base os conceitos de «metáfora» e de «metamorfose», jogamos o jogo das formas e dos significados de cada uma das imagens. Brincamos com «nossas» imagens no chão, em mesas. Qualquer sítio era bom para criar outras «imagens-composições» que, porventura, nunca tínhamos «ousado ver». E o jogo foi continuando entre as «formas-imagens» e tudo o que se podia ver além delas… Retirámos peças e desfizemos imagens, ainda que às vezes ficássemos «presos» ao que tínhamos feito e que tanto nos agradava. Mas, impelidos pelo gosto de experimentar e já mais conhecedores, «ensaiámos» outras e outras… imaginámos e construímos mundos que nos pareciam irreais.
O jogo era mesmo esse: deixar as imagens «já vistas».
Inventámos sentidos e discursos para e sobre as imagens. Eram as palavras a entrar no jogo, afinal um «jogo de possíveis», onde todos podem entrar e criar. Fazer e desfazer imagens, num puro exercício de liberdade.  
 É o testemunho destas possibilidades que trazemos até vós.  
POR
Álvaro Laborinho Lúcio* 
 
UMA ESCOLA COM PAREDES EM BRANCO

Abertas as portas, eis que chegam as alunas e os alunos. Crianças, jovens, cada um à medida das suas fantasias, trazem as suas capacidades, que vêm pôr ao serviço do conhecimento e das competências que a Escola lhes promete.  
Assim, o primeiro esforço há-de ser ali dirigido à identificação de tais virtudes, e ao correspondente desenvolvimento, sobressaindo a importância do relevo a conceder à cultura da criança e do jovem e ao respeito por esta, como referência do modelo educativo e como metodologia marcada também por exigências de eficácia estruturada na melhor expectativa de adesão dos alunos, pressuposto fundamental de uma aprendizagem bem-sucedida. 
Perante aquele desejo-de-ser, motor de todo o interesse na infância, onde liberdade e deslumbramento se fundem num todo único, a Escola, que não pode prescindir do seu objectivo de educar para a ordem, para uma ordem justa, jamais pode, nisso fundada, reprimir o impulso criativo, a genuína vontade de implicação manifestada pelos alunos.
É essa a verdadeira Escola. Uma escola-de-paredes-em-branco, aberta para a grande chegada das crianças e dos jovens, portadores de todos os sonhos. E então, serão esses, os sonhos dos alunos, enriquecidos na sua diversidade, numa imensa policromia, num estridente hino à esperança e ao futuro, que gravarão, em cada ano, nas paredes da escola, e para sempre, nas suas «almas», o registo daquilo que, um dia, muito mais tarde, lhes permite recordar, com saudade e reconhecimento: a minha escola.   
 
*Texto escrito de acordo com o antigo acordo ortográfico. 

 
 

ARTES PLÁSTICAS

Visões de Dante, O Inferno segundo Botticelli | Museu Calouste Gulbenkian | 24 de setembro a 29 de novembro

 

TEATRO & CINEMA

Festa do Cinema Italiano, 14ª Edição | vários locais | 2 - 10 de novembro |  vários horários
 

DANÇA

E Por Si Muove, de Francisco Camacho | Teatro Meridional | 7 novembro | 21h00

MÚSICA

Mozart a Dois - Solistas da Metropolitana | Museu Nacional de Arte Antiga | 12 de novembro | 18h30
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FICHA TÉCNICA

Conceção - António Limpo e Elisa Marques
Design Gráfico - António Limpo
Textos - Elisa Marques
Revisão de Conteúdos - Clara Santos
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