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semibreve
por dora guerra 
edição 97 ✶ enviada em 01-12-2021 
de repente, é dezembro!

nesse fim levemente menos caótico de um ano extremamente caótico, vamos nos encaminhando para a natal de família e a terceira dose. fora o fim do governo bolso17 e do covid19, já sabe o que quer pro ano que vem? eu tô pensando.

ah, venho também fazer uma espécie de mea culpa tabajara: eu continuo achando que a produção saturada de conteúdos sobre os beatles não é mais necessária, mas pelo que ouvi falar, acho que escolhi justamente a obra mais interessante sobre a banda dos últimos anos pra despejar minha crítica. essa, sim, tem algo de novo e importante – inclusive, dizem, pra geral ver que a narrativa "é culpa da yoko" sempre foi maluca, machista e descarada. assista get back no disney+. 

de resto, mantenho meus argumentos. lembrei de uma coisa que quero pra 2022: sempre estar certa!


nesta semibreve vocês irão encontrar: bunda da gretchen, discos afetados pela pandemia, cyberpunk brazuca
semana passada pedi:
boas músicas tristes
 maria luiza neves manda 5 years old - letrux
 mariel boeira vem com sozinho - caetano veloso
 joão vitor ferreira ama still loving you - scorpions
 saulo guimarães manda a maravilhosa lamento sertanejo - gilberto gil
 pedro santos vem com warwick avenue - duffy
 franklin veiga ama all i need - radiohead
 ian zadorosny manda é doce morrer no mar - dorival caymmi
 vitor barbosa vem com afterlife - arcade fire
 gustavo moreno indica apples - lily allen
 kleber vinicius manda jesus, etc - wilco
 pedro noizyman indica salve essa flor - cassiano
 lucas oliveira manda depois melhora - luiz tatit
 mariana farias recomenda não creio em mais nada - paulo sérgio
 isadora ferreira ama my life is a song for you - tom rosenthal
o que tá rolando
– notícias do mundo musical em tempo quase real
✶ saiu get back, a série documental gigantesca sobre os beatles do peter jackson; lá na disney plus, já viu? me empresta seu login?

✶ o mundo da moda perdeu o grande virgil abloh, mas o mundo da música também: o designer foi o responsável por várias capas icônicas do hip-hop, incluindo várias do kanye west. rest in power, virgil.

✶ o rock in rio anunciou aquela banda nova e inovadora, guns'n'roses, o queridíssimo djavan e os italianos maneskin.

✶ além disso, rolou o anúncio do MITA festival – com um lineup que dá vontade demais!! –, e aquele pras garotas que amam fritar, o gop tun.

✶ saiu don L, BADSISTA, l'homme statue, sevdaliza...
e vai ter lançamento de: arca, brent faiyaz, lp...
você não perguntou, mas eu te recomendo:
algumas novidades:
  • lançado na semana passada, SER é o álbum de estreia de l'homme statue, um bailarino afro-francês incrível que você com certeza já viu por aí. agora músico, l'homme lançou um disco delicado e intenso, com músicas em inglês, francês e português do techno ao funk. vale ouvir do not tell me e canto de sereias.
  • uma proposta bem pandêmica: no aplicativo de lives taboom, vários artistas se reuniram e compuseram – remotamente – músicas relacionadas ao que estamos vivendo. o resultado é o EP nada será como antes, produzido pelo leonardo marques (produtor daqui de minas) e com participações de tuyo, jonathan ferr, dinho (boogarins), jup do bairro, maria luiza jobim e por aí vai. ques ideia, né? ouça lá.
quer deixar uma indicação pra semibreve? talvez seja melhor você recomendar por e-mail mesmo... eu desisti da minha própria playlist... os bots não perdoam NADA...
 
recomendação muitobreve,
por amélia do carmo
 
actor - st. vincent

"este é uma força caótica no mais plácido dos lagos, um pedalinho de cisne em chamas, uma rachadura na parede amarelo-ovo, um ovo quebrado no tapete da sala (você pisou nele de meia)"

notou que os ingressos de shows tão vendendo feito água? tamo sem dinheiro como nunca, mas estamos malucos e sedentos por um showzinho. esse artigo do g1 explica bem a catarse coletiva que estamos vivendo e como tá fácil comprar ingresso – mesmo não estando nada fácil pra ninguém. 

as músicas dessa seção e outras recomendações do mês estarão na playlist dez2021. segue lá. 

os semiawards
o prêmio mais justo do mundo da música porque nossas opiniões estão sempre certas.

ainda dá tempo de fazer parte da academia nos semiawards: clique aqui para fazer suas indicações de álbuns nacionais, internacionais, músicas, artistas e videoclipes de 2021 – e aí, a partir da semana que vem, vocês escolhem pra quem dar o grande prêmio. proibido xingar depois, hein?

 
seção fiona apple
– a "palestrinha"


O CYBERPUNK É NOSSO!

notou que os videoclipes do pop brasileiro andam meio… cyberpunk?

tudo bem, existe essa tendência no pop gringo já há algum tempo (o k-pop que o diga!). mas na minha concepção, o cyberpunk era um pouco difícil de associar ao pop brasileiro: uma música tradicionalmente mais orgânica, viva, carnavalesca. por exemplo: nem um pouquinho, da duda beat, tem lá seu lado sombrio, mas cai num pagodão baiano. por que complementar esse tipo de sonoridade com um vídeo tão escuro e "poluído"?

de duda beat à iza, passando por pabllo vittar, é curioso que artistas cujas marcas registradas eram (essencialmente) o calor estejam atraídas por visuais mais frios. muitas dessas artistas, inclusive, cantam sobre temas individuais, não coletivos; têm mais política, crítica e filosofia em seus pronunciamentos públicos que em suas músicas propriamente ditas. será que escolher o cyberpunk não passa uma outra mensagem?

afinal, a estética escancara diversas questões: projeta um futuro possivelmente poluído e pessimista; uma vida urbana hiperbólica, que te engole por completo; uma dúvida profunda sobre o que quer dizer ser humano em meio a desenvolvimentos tecnológicos tão avançados; e a decadência, decadência, decadência.

por esses e outros motivos, esse estilo fantástico-tecnológico-decadente até casou bem com o trap – o que dá pra sacar aqui pelo trabalho de alguém feito o matuê, no disco MÁQUINA DO TEMPO. pegando pelo lado literal, basta ver que a voz autotunada – tecnológica, meio robótica – e o beat, mais sombrio, têm uma conversa direta com a estética cyberpunk. tudo isso, claro, influenciado por um dos maiores do gênero internacionalmente: travis scott.

e à medida em que o trap vai deixando sua influência mundialmente e reinando as paradas, era de se esperar que seus elementos visuais também deixassem pistas no universo mais pop. vale lembrar também que existe algo de sensual em tudo que é sombrio – o caso do cyberpunk não é exceção; e se cabe sexy, cabe o pop.

e tem mais, tem mais: tem uma indústria audiovisual crescente no brasil (aos trancos e barrancos, mas isso a gente deixa pra outra hora), com gente jovem e boa de serviço e investimentos milionários em videoclipes como nunca antes. tem grande artista com recurso pra bancar um mundo fantasioso ou uma distopia e isso com certeza ajuda. além disso, a relação direta que a estética cyberpunk faz com o mundo dos games é uma proposta atraente pra qualquer um.

mas mesmo considerando todo o papo daí de cima – e ainda que pareça apenas uma escolha estética – não é só isso: a mera opção pelo cyberpunk já carrega muito significado. ao projetar um futuro, a estética acompanha um sentimento coletivo, baseado em um certo pessimismo, muitas questões sobre a humanidade e a tecnologia. mesmo que o flerte com o cyberpunk não ocorra em temática musical ou com densidade, escolher essa estética quer dizer acreditar que ela combina com algo do presente; por definição, a ficção científica sempre tem raízes rastreáveis no agora.

fato é que o cyberpunk combina com o brasil, sim. combina com a sensação de apocalipse ou pós-apocalipse que ainda nos assombra; com o universo poluído, decadente e tenebroso que o governo nos proporcionou; com a tecnologia que, na pandemia, foi o único mediador possível das relações humanas (que de humanas pouco tiveram); com a queimada do que temos de mais simbólico e colorido; e com a realidade autoritária dessas distopias. 
 

mais precisamente: se estivéssemos vivendo um eterno carnaval, não sei se haveria espaço para cyberpunk.

uma estética nunca é só uma estética; em um ou outro clipe talvez, mas se já passou de três, já é algo pra se observar mais atentamente. dançando e sensualizando com seus replicantes, pabllo vittar não pretende te trazer o mesmo terror realista que o criolo em sistema obtuso (que não é cyberpunk necessariamente, apenas punk de se ver); mas nunca esteve tão próxima do clima obscuro, coabitando em um mesmo universo tenso e pesado.


é que somos mesmo conterrâneos nessa terra distópica. será que quando tudo passar, os vídeos se iluminam de novo?

seção colaborativa*
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agora eu quero músicas dark, sombrias, tensas. consegues pensar em uma?
 
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