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<<Nome>>,

Boa tarde! O dia amanheceu cinzento aqui em São Paulo, clima refletido nos mercados, que abriram de péssimo humor com as notícias de novas variantes vindas da África, e de lockdowns planejados na Europa. No campo político, fica a sensação de entrarmos em modo “final de ano”, fazendo com que o terror sem fim da falta de clareza na condução econômica e fiscal fique conosco por ainda mais tempo.

Nossos vizinhos do norte comemoram o tradicional Thanksgiving, ao mesmo tempo que consumidor local procura entender se as ofertas da nossa Black Friday realmente valem à pena.

Diante do cenário, escolho entreter um tema mais didático, e aproveito para caprichar na sessão musical.

Bolsa Barata?

Ainda que ativos de risco de forma geral andem sofrendo com o tumulto na cena política, meu comentário aqui é especificamente sobre a bolsa brasileira. Ronda uma sensação entre investidores de que nossa bolsa já teria sofrido o suficiente, e que portanto se encontraria num momento atrativo. Sem tomar partido, e de forma alguma fazendo recomendações, permitam-me apresentar 2 argumentos que circulam pelo mercado. Começo pelo mais fundamental: quanto deveria valer uma empresa? Finanças clássicas nos direcionam à noção de que valeriam a soma do valor presente de seus fluxos de caixa futuro - sim, precisa da boa e velha HP12C, ou, se você é dos modernos, do bom e pesado Excel. Num cenário de aumentos expressivos de juros, como o que vivemos, o tal fator de desconto aumentaria, fazendo o valor presente diminuir. Ao enxergar um limite para o atual movimento de aumento de juros, é natural que o mercado também projete algum patamar mínimo para o preço de empresas em bolsa. Logo, haveria um ponto de resistência abaixo do qual nossas ações não deveriam negociar. Juros crescentes também atrapalham a estrutura de capital de uma empresa (por exemplo, o custo dos empréstimos que sustentam seu crescimento futuro), assim como tornam o investimento em renda variável comparativamente menos atraente frente à segurança percebida da renda fixa.

Saída de Incêndio

Meu segundo argumento é mais pelo lado da análise técnica. Diz o velho ditado que uma empresa vale o que o mercado aceita pagar por ela. Além da matemática por trás do valor de uma empresa, há um componente de oferta e demanda - poucos compradores, e excesso de vendedores, tendem a pressionar preços para baixo. Muito do investimento em ações do investidor pessoa física é feito através de fundos. Da mesma forma que juros baixos no passado recente motivaram uma corrida à renda variável, o mesmo movimento parece em curso agora – só que na direção oposta. Nos últimos 3 meses, segundo a ANBIMA, resgates líquidos em fundos de ações superaram os R$ 12 bilhões. Isso quer dizer que incontáveis gestores de fundos tiveram que correr ao mercado, e vender ações “a qualquer preço” para honrar resgates. E, como reza outro velho ditado, quando alguém grita fogo, a porta do teatro sempre é apertada demais para todo mundo sair ao mesmo tempo. Meu leitor pode estar se perguntado...  mas afinal, chegamos no fundo do poço do índice Ibovespa? No país onde até o passado é incerto, e, segundo palavras de um renomado gestor, onde o fundo do poço sempre tem um alçapão, convém errar pelo lado precaução – e manter-se fiel à estratégia de tolerância à risco desenhada antes da tormenta.

Quarta, 24/11, marcou o aniversário de 30 anos da morte de Freddie Mercury – vocalista, claro, da icônica banda Queen. Num passado bem distante, numa longínqua galáxia, um dos meus mais queridos amigos, que era indiano, me provocou: “você sabia que Freddie era indiano, e que seu verdadeiro nome era Farrokh Bulsara?”. Claramente, anos antes da internet (e do google) existirem, minha reação inicial foi de descrença. Hoje, uma rápida consulta à Wikipedia confirmaria o fato: Farrokh nasceu em Zanzibar, de pais indianos. Talvez o primeiro videoclipe que tenha visto na vida foi do sucesso “Another One Bites the Dust”, lá por meados de 1981. A memorável linha de baixo de John Deacon foi decisiva na minha vida musical, e provavelmente é responsável pela paixão pelo instrumento. Décadas mais tarde, e fazendo um cruzamento de linhas temporais, confirmo minhas suspeitas: o riff de baixo da canção foi inspirado em “Good Times” da banda Chick, que chegou antes, em 1979. Meu coração roqueiro, ainda que tenha bastante espaço para os anos disco, torcia para ter sido o contrário. Não foi apenas John que achou o baixo de “Good Times”  - que, por sinal, constava do mesmo LP da trilha sonora da novela que mencionei na carta passada - interessante. A banda “The Sugarhill Gang” talvez tenha feito o primeiro sample da história da música moderna, ao compor a fantástica “Rapper´s Delight”. Para provar que meu ecletismo tem espaço para todos, a dica da semana é pelo vídeo oficial desta canção rap. E claro, se quiser relembrar o sucesso do Queen, basta clicar aqui. Aviso: todos vídeos são de baixíssima qualidade visual, quando comparados à tecnologias modernas - o que provavelmente os torna muito mais interessantes. Me despeço mencionando que até o nosso próprio Gabriel, o Pensador, se aproveitou da indelével qualidade deste tema musical, ao compor “2345MEIA78”. Long live (the) Queen!

 

bom final de semana! -pedro.


ENGLISH VERSION
 
<<Nome>>,

São Paulo´s gloomy weather today appears to be reflected in the financial markets, which opened in a definitely bad mood, with news coming in from Africa concerning a new Covid variant, as well as possible lockdowns in Europe. In the local political arena, we´re left with the sensation that things are fully in “end of year” mode, making the lack of clarity in fiscal and economic policy, persist even longer.

Our northern-hemisphere neighbors celebrate Thanksgiving, while the local consumer tries to sift through Black Friday discounts, to find which are actually worth it.

Given this scenario, I´ve opted to entertain a more didactic theme, and allow myself a little more room in the musical section.

 

Market Bottom?

Although all risk-bearing local asset classes have been suffering, given the political turmoil, my comment here is specific to the Brazilian stock exchange. There is a generalized feeling among investors that stocks have suffered enough, and, as such, this would be an attractive moment to buy. Without taking a stand, and in no way making a recommendation, I´d like to present 2 arguments that circulate in the market. I´ll start with the most fundamental one: how much should a company be worth? Classical financial modelling directs us to the notion that companies are valued by the sum of the present value of their future cash flow – yes, the trusty HP12C is needed here, or, for the more modern types, good and heavy Excel would suffice. In a scenario of rapidly increasing interest rates, like the one we´re currently experimenting in Brazil, the so called discount factor increases, causing the present value to decrease. As the market foresees an upper bound to this movement in rates, it´s natural that it would also define a lower limit for listed companies. As such, there would be a point of resistance, below which stocks should not negotiate. Increasing interest rates also complicate a company´s capital structure (for instance, in the cost of borrowing funds for future growth), as well as making investing in equities comparatively less attractive when compared to the perceived safety of fixed income.

Fire Exit

My second argument revolves around technical analysis. As the old saying goes, a company is worth whatever the market accepts paying for it. Beyond the math supporting a company´s valuation, there´s a component of supply and demand – fewer buyers, and an excess of sellers, tend to drive down prices. A good part of local equity investing for the individual investor is done through funds. In the same way that recent low interest rates drove investors to equities, the same movement appears to be at work now – but, in the opposite direction. Over the last 3 months, according to ANBIMA (equivalent to the American FINRA), net outflows from equity funds exceeded 12 billion reals. This means that countless fund managers rushed to the market to sell stocks “at any price” in order to honor redemptions. And, like another old saying reminds us, when someone yells fire, the theatre´s door is always too small for everyone to leave at the same time. My reader might be asking… well, are we then at a market bottom? In a country where even the past is uncertain, and according to an well-known manager, the bottom of the well appears to have a basement, it is wise to err on the side of precaution – and stay true to the risk tolerance strategies devised before the storm.

Last Wednesday, 11/24, marked the 30th anniversary of Freddie Mercury´s death – singer for the iconic band Queen. In a very distant past, in a galaxy far away, one of my dearest friends, who was Indian, asked me: “did you know that Freddie was of Indian descent, and that his real name was Farrokh Bulsara?” Clearly, years before the advent of the Internet (and google), my initial reaction was one of disbelief. Today, a quick visit to Wikipedia would confirm the fact: Farrokh was bon in Zanzibar, to Indian parents. Perhaps the first music video I ever watched was for the song “Another One Bites the Dust”, around 1981. The memorable bass line composed by John Deacon was a decisive force in my musical life, and is probably responsible for my love for the instrument. Decades later, and cross-checking timelines, I confirmed my suspicion: the song´s bass riff was inspired by “Good Times”, by the band Chick, who got there earlier, in 1979. My rock-and-roll heart, despite making room for the disco years, secretly rooted for the opposite. It wasn´t just John who found “Good Times”´ bass interesting. The band “The Sugarhill Gang” was probably the first ever to sample another recording, when they composed the excellent “Rapper´s Delight”. To prove that my eclecticism has room for all, this week´s suggestion is for the official video for his rap song. And, if you would like to relive Queen´s theme, just click here. Warning: all videos are of extremely low visual quality, if compared to modern recording technologies – which probably make them all the more interesting. As a final note, “Gabriel, o Pensador”, a Brazilian rapper, also sampled the same unforgettable musical theme in his “2345MEIA78”. Long live (the) Queen!
have a great weekend! -pedro.
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Esta carta semanal, destinada a clientes de Pedro Saboia, tem o objetivo de fazer um apanhado breve e bem-humorado das notícias do mercado financeiro, com foco nos temas de gestão de riqueza e planejamento financeiro. O texto não constitui nenhuma oferta de produto financeiro, ou recomendação de investimento.

Pedro Saboia é sócio da Portofino Multi-Family Office, investidor profissional, CEA (Certificação de Especialistas em Investimentos ANBIMA), e Consultor de Valores Mobiliários autorizado pela CVM, conforme instrução 592. As opiniões pessoais aqui contidas não necessariamente refletem o posicionamento oficial da Portofino.

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