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semibreve
por dora guerra 
edição 98 ✶ enviada em 15-12-2021 
buenos dias!

nem dei as caras por aqui na semana passada, né? pois é: confesso que, mesmo não tendo sido convidada para a farofa da gkay, eu tava de ressaca na quarta-feira passada. cada um com a sua farofa.

mas estou de volta, com a penúltima semibreve do ano, para te ajudar a encerrar 2021 com todas as informações essenciais do mundo da música. e começo com uma indispensável: a mulher do the ting tings (aquela que canta "that's not my name") se chama katie.

de nada! vamos lá?


nesta semibreve vocês irão encontrar: de renner, indicações ao semiawards, maquetes de massinha e desabafos entalados
semana passada pedi:
músicas tensas, dark & afins
 fernanda carrasco manda the wasteland - chelsea wolfe
 mateus santos recomenda john el esquizofrenico - calle 13
 kleber vinicius vem com una cancion para louis (vampiro) - santa sabina
 eduardo lima manda atmosphere - joy division
 rodrigo bastos recomenda familiar - agnes obel
✶ pedro alux manda DO YOU DOUBT ME TRAITOR - lingua ignota
✶ gregorio fonseca vem com the system only dreams in total darkness - the national
o que tá rolando
– notícias do mundo musical em tempo quase real
✶ ontem saiu o i am pabllo, projeto audiovisual de pabllo vittar em homenagem à sua própria carreira; pra quem perdeu, dá pra ver inteiro aqui. ela também disse que quer cantar na posse do lula com um belo vestido vermelho. já tô pronta :)

✶ os WME awards acontecem amanhã e dá pra ver a partir das 20h30, na TNT e pelo youtube.

✶ 
o tiktok lançou um relatório grande e completo sobre que músicas bombaram lá na plataforma, quem foram os artistas do momento, as tendências e tudo o mais. pra conferir o relatório gringo é só clicar aqui; se quiser ver o brazuca, com aqueles funk bão que só a gente tem, clica aqui.
✶ e pra quem ainda não sabe, a semibreve também atende os batedores de panela. para estes, essa semana tem algumas festas eletrônicas buenas, com techno, house e muita fritação: sábado em BH, a masterplano; em SP, tem a mamba negra e a primeira edição de um tal de tantša festival, que me mandaram por aqui e parece massa. 

✶ saiu moses sumney, tierra whack, a quadrilha (djonga, laura sette, marcelo tofani, etc)... 
e vai ter lançamento de: the weeknd com fka twigs, johnny marr, marina sena com silva e rdd...
você não perguntou, mas eu te recomendo:
dores e delícias:
  • psicodelia contemplativa é meu gênero musical preferido; por isso, adorei o novo do helado negro – chamado far in. é uma boa pedida pra toda vez que o dia amanhecer nublado (como hoje por aqui); se preferir, pode reservá-lo para os dias com um solzinho leve, a combinar com o arco íris da capa. conte com o álbum para uma bateria constante que te dá um ritmozinho, uma voz suave que te acalma e momentos meditativos diversos. ouça gemini and leo e there must be a song like you.
  • o novo da cleo sol, chamado mother, também tem essa propriedade contemplativa. o disco segue a linha "jazz espacial" que a cleo já faz, ecoando dentro de casa e da sua cabeça. desce bem, é confiável, é gostosinho, é aquela trilha sonora que funciona. ouça 23 e promises.
quer deixar uma indicação pra semibreve? talvez seja melhor você recomendar por e-mail mesmo... eu desisti da minha própria playlist... os bots não perdoam NADA...
 
recomendação muitobreve,
por amélia do carmo
 
miniatures de auto rhythm - domenique dumont

"este álbum é como ouvir a maquete viva de uma cidade de massinha se movendo na velocidade 1,5x"
 
as músicas dessa seção e outras recomendações do mês estarão na playlist dez2021. segue lá. 

os semiawards
o prêmio mais justo do mundo da música porque nossas opiniões estão sempre certas.

e vamos às indicações!
álbum nacional do ano
de primeira - marina sena 
te amo lá fora - duda beat
dolores dala guardião do alívio - rico dalasam
batidão tropical - pabllo vittar
delta estácio blues - juçara marçal
portas - marisa monte
índigo borboleta anil - liniker



música nacional do ano
por supuesto - marina sena
meu pisêro - duda beat
se tá solteira - FBC, VHOOR
A QUEDA - gloria groove
anjos tronchos - caetano veloso
esqueça-me se for capaz - as patroas
penhasco - luisa sonza


videoclipe do ano
MONTERO (call me by your name) - lil nas x
A QUEDA - gloria groove
gueto - iza
nem um pouquinho - duda beat feat. trevo
thot shit - megan thee stallion
good 4 u - olivia rodrigo
kiss me more - doja cat feat. SZA
solar power - lorde
álbum internacional do ano
SOUR - olivia rodrigo
happier than ever - billie eilish
el madrileño - c. tangana
call me if you get lost - tyler the creator
planet her - doja cat
30 - adele
MONTERO - lil nas x
collapsed in sunbeams - arlo parks


música internacional do ano
drivers license - olivia rodrigo
bunny is a rider - caroline polachek
INDUSTRY BABY - lil nas x
happier than ever - billie eilish
kiss me more - doja cat feat. sza
ateo - c. tangana, nathy peluso
leave the door open - silk sonic


melhor novo artista
marina sena
olivia rodrigo
arlo parks
c. tangana
bebé
pinkpantheress
para votar, clique aqui.
votos serão aceitos até semana que vem: o resultado final será anunciado no dia 22/12.

lembrando que hashtag e textão não decidem semiawards, o que decide é tendinite!!! 

 
seção fiona apple
– a "palestrinha"


A VIOLENTA EXISTÊNCIA DA MULHER NA MÚSICA

em uma das primeiras fionas apples de 2021 (ou uma das últimas de 2020?), fiz algumas conjecturas sobre o futuro do homem na música. nela, de forma um pouco esperançosa mas ainda baseada na realidade, eu vinha tentando dizer que o público esperava músicos menos machos; menos violentos, caóticos, menos daqueles cujo único ponto era a virilidade.

pois lá vem desabafo. eu disse isso não só antes de saber quem era dj ivis, como antes de ver o que dj ivis era capaz de fazer com uma mulher e antes de descobrir o quão receptivo o mercado da música foi com ele, uma vez solto da prisão. eu disse isso antes de ler uma reportagem longa e detalhada sobre como marilyn manson sempre foi um sociopata para quem a prisão é pouco; antes de perceber que ele sempre escancarou esse tipo de violência e nunca nada aconteceu com ele.

agora, sob uma ótica mais realista e tristonha, venho pensar um pouco sobre o que é ser mulher na música. no brasil, no mundo. esse mundo absurdo que vivemos.

foram alguns fãs de joão gomes – fenômeno do forró que, apesar de sua simpatia, declarou apoio ao dj ivis recentemente – que atacaram marina sena por vencer um prêmio cujos votos não eram culpa dela. são alguns fãs de whindersson nunes (ou da tradicional família de bem ou do ódio) que até hoje, consistentemente, atacam luísa sonza pelo que ela escolhe fazer com seu corpo, seus relacionamentos, sua arte – daí a gente descobre que ela tem medo disso a fortalecer ou a matar.

é sempre em nome de outra causa, outro homem ou o seu ideal de arte que se deslegitima uma arte cuidadosamente construída, feita com carinho, ligada profundamente à vida de alguém.

mas claro: isso não rola com homem branco.

os desabafos de marina sena, luísa sonza e os epitáfios lamentáveis de marília mendonça são só alguns dos inúmeros exemplos: fato é que a mulher raramente consegue fugir do famoso escrutínio midiático.
o tempo passa, as coisas parecem mudar; lembro de uma discussão antiga com um ex namorado em que ele dizia que eu tinha que ser otimista, "porque olha só como as coisas melhoraram ao longo do tempo". ele não tava errado. por exemplo, quando a gente vê framing britney spears, lembra que há 20 anos justin timberlake podia falar publicamente sobre o que ela fazia na cama. mas eu ainda brigava com meu ex – e eu não estava errada: entendia as melhoras mas via que, na verdade, ainda estamos engolindo muita merda; ainda tem muito caminho pra gente trilhar.

o curioso é que a mulher tradicionalmente já tinha um espaço na música e no entretenimento; desde a cultura burlesca, o palco foi concedido às figuras femininas até antes de ser concedido aos homens. o problema é que – como tudo que foi concedido às mulheres – éramos objetos, meras figuras de entretenimento e estímulos à imaginação sexual. ao longo da história da música, sempre existia uma ou outra regra: a mulher era a que performava música, não quem a criava; existiram zilhões de mulheres compositoras ao longo da história de quem sequer ouvimos falar (imagine só, se beethoven fosse mulher. você não saberia o nome dele!). o espaço da mulher sempre foi aquele cantinho – o do homem, todo o resto.

a lógica da parcela dominante da sociedade sempre foi essa: impedir que os oprimidos se expressem. ao longo do tempo, isso significou não dar voz às mulheres; ou dar voz, mas ditar as palavras. assim, fica mais fácil deixar os louros (e reservar o status quo) para os homens.

por isso, quem conquista espaço enquanto compositora ou enquanto dona do seu próprio show/trabalho incomoda até hoje. muito se fala sobre a tal cultura do cancelamento, mas fato é que esta é seletiva, machista e racista: a carreira de um homem que agride mulher (em vídeo!) vai se recuperando a pleno vapor, mas se enviam constantes mensagens de ódio a uma mulher que repetidamente afirma não ter traído seu marido (e por que isso importaria??).

a mulher é restrita à sua imagem e condição de mulher, como se por chegar onde chegou já não tivesse tido que trilhar um caminho infinitas vezes mais difícil (isso pra não entrar nos méritos de gênero/sexualidade e raça – e o que alguém como tasha okereke teve que viver em um festival que era headliner).

as mulheres pedem pelo poder há tanto tempo; e em contrapartida, às vezes dão tanto "poder" a elas que elas se tornam culpadas por vilanias absurdas. é culpa de fulana, sim, que seu artista preferido perdeu o prêmio. é culpa de ciclana que você se incomoda com o corpo dela. é culpa da outra que alguém perdeu o bebê(??). tantas mulheres imploram para serem vistas e entrevistadas sob uma ótica que não a de mulheres – pelas suas trajetórias particulares, seus talentos, suas letras e vozes – e, ainda assim, são tratadas como aquelas bruxas de séculos atrás. qual espaço nos cabe, afinal?

ser mulher na música ainda é uma existência desencontrada, coletiva e agredida. é entregar muito mais que muitos deles – e receber muito mais violência. é injusto, problemático. mas resta a nós cuidar das mulheres que a gente tem na música: de elis regina e rita lee a mc dricka e linn da quebrada, são elas que continuam abrindo caminhos. 

é cuidar de quem a gente tem e torcer pra que, um dia, as coisas melhorem. porque ainda falta, viu.

seção colaborativa*
*para colaborar com a seção colaborativa, basta responder este e-mail com sua colaboração

exalte um álbum de uma mulher, bora lá. 
 
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