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Newsletter FOLHA #2

Em Portugal há pinheiros por todos os lados. Infelizmente a maioria das pessoas acha que só servem para madeira. Estão muito enganados.

alecrim


Manso, bravo. Quando cheguei a Portugal achei graça dos nomes populares das espécies de pinheiros daqui, pois de fato um parece ser mais bem-comportado como um bonsai gigante, e o outro mais raivoso, descabelado. Seus nome botânicos são Pinus Pinea (manso) e Pinus pinaster Aiton (bravo), suas folhas são chamadas de agulhas. O pinheiro-bravo é a conífera mais abundante em Portugal – 22% da floresta continental.

Essa árvore está associado às ideias de purificação, proteção, esperança e promessa em várias partes do mundo. Esses dois últimos sem dúvida tem a ver com o fato que os pinheiros são evergreen não perdem nem as suas folhas nem o seu verde, por mais extremas as temperaturas. Há muitas tradições e rituais que envolvem esta árvore, a maioria esquecida. Por exemplo, para dissipar a estagnação e energia pesada do ambiente, principalmente após um período de doença, as agulhas eram queimadas. Para remover todo o “fardo” que já não nos serve, as agulhas eram espalhadas no chão e varridas para fora da casa, com intenção. Para proteger o lar, uma grinalda era colocada na porta. Em rituais de fertilidade, tanto relacionada à procriação quanto à criação, os cones, que são a parte feminina da planta, eram queimados.

Medicinalmente os pinheiros são estimulantes, demulcentes, diuréticos, adstringentes, expetorantes, antissépticos e desinfetantes. Nem todas as espécies têm exatamente as mesmas propriedades, mas, no geral, o pinheiro é benéfico para problemas respiratórios (mucosas irritadas, tosse), resfriados e problemas musculares. O pinheiro-manso deve ser evitado no caso de asma e bronquite. Para tirar o máximo proveito de um chá de pinheiro é preciso picar bem suas agulhas e deixá-las em infusão, tampado, por 20 a 30 minutos. Recomendo usar uma tesoura, pois as agulhas são duras. Em combinação com os frutos da roseira, que também podem ser colhidas nos bosques, essa infusão vira uma verdadeira bomba de vitamina C. O ideal é preparar a infusão com as agulhas jovens, de coloração verde clara, que aparecem na primavera. O sabor? “De bosque”, mas varia entre adstringente, mineral, ácido. É sair provando.

Todos os pinheiros produzem resina, que é quase inteiramente utilizada para a destilação de terebintina. Mas a resina que sai do tronco também é um excelente penso rápido (band-aid) emergencial! Não só é antimicrobiano como ajuda a puxar pra fora qualquer objeto que tenha entrado na ferida, como uma farpa ou caco de vidro. Essa mesma resina pode ser incluída em uma pomada para aliviar dores musculares. Menos usada é a casca, embora também seja benéfica para problemas musculares e dores nas juntas.

Seu óleo essencial é rico em terpenos, principalmente pinene e limolene. Esses compostos, além de serem anti-inflamatórios, têm um efeito positivo no bem-estar físico, mental e espiritual, ao reduzir stress e ansiedade. Aliás, todo os óleos essenciais ricos em terpenos são uma excelente adição a um óleo de massagem ou ao difusor que tens em casa. O aroma é verde, fresco, “limpo”.

Além de tudo isso, os pinheiros dão-nos madeira e pinhões! Quem tem paciência (e habilidade) de quebrar as pinhas caídas no bosque sabe que o sabor e textura de um pinhão fresco nada tem a ver com os pinhões que vem do supermercado, velhos e embalados em plástico. O período de colheita é de dezembro à março/abril.

O pinheiro atualmente entra no óleo multiuso e num oxymel de cinco plantas, que estará disponível em breve… Enquanto isso podes experimentar fazer o seu!

Obrigada até breve.
Marcella

Oxymel de pinheiro

Pique um bom punhado de agulhas de diferentes pinheiros e amasse algumas bagas de zimbro.Cubra com 100ml de vinagre de maçã não-pasteurizado. Guarde num lugar escuro durante 3 semanas, virando o frasco de vez em quando. Coe e adicione mel a seu gosto. O oxymel pode ser mais doce (50% vinagre 50% mel) ou mais ácido (uma parte de mel para duas de vinagre). Ajuste de acordo com vosso gosto. Tome duas colheradas por dia.

Xarope de pinheiro para cocktails

Pique e depois amasse com um rolo 2 xícaras de agulhas de pinheiro. Coloque numa panela com 6 xícaras de água e aqueça a fogo baixo até o líquido reduzir para 1 xícara, aproximadamente 40 min.. Dissolva 1 xícara de açúcar amarelo no líquido, triture, coe e guarde no frigorífico. Uma delícia em drinks à base de gin e vodka, mas também como adoçante de uma infusão herbal.

Parte da bibliografia

Plants For a Future
”Evergreen Lore” webinar por Josh Williams,
da Association of Master Herbalists UK
Chestnut School of Herbs