A guerra que não se vê
Esta é uma newsletter de Tecnologia que não vive alheia ao que se passa no mundo. Pelo contrário, quem acompanha o setor está mais do que habituado à rápida transformação que a inovação imprime na sociedade e na economia.
Foi o que aconteceu em 2020, quando a Covid-19 mudou drasticamente a nossa forma de viver, num daqueles episódios a que se costuma chamar de “cisne negro”. Ou seja, um evento súbito, imprevisível e de consequências potencialmente severas, geralmente com conotação negativa.
A realidade continua a superar a ficção e a banalizar esse conceito. No mês em que se assinalam dois anos de pandemia, eis que surge uma terrível guerra na Europa.
O mundo de 2019 é drasticamente diferente do de hoje. E arrisco até dizer que a realidade que existia quando enviei a newsletter anterior, em 11 de fevereiro, antes de uma curta pausa para férias, também.
Por isso, qualquer tema fechado sobre o setor que escolhesse aqui tratar esta quinta-feira iria parecer menor face à realidade que se vive por estas horas na Ucrânia. Da mesma forma que considero incompreensível qualquer posição que não seja a de condenar veementemente as ações promovidas nos últimos dias por Vladimir Putin.
Ainda assim, há um assunto tecnológico que nunca é demais abordar: o da cibersegurança. As tensões entre a Rússia e os EUA e aliados, onde se inclui Portugal, não colocam só frente a frente as duas maiores potências nucleares. É também um confronto que se dá nas ondas eletromagnéticas da rede móvel e no interior de longos cabos de fibra ótica. Uma autêntica guerra invisível.
Neste plano, nunca é tarde para recordar que as ameaças cibernéticas não se limitam ao setor público. Aliás, as vulnerabilidades mais graves podem estar nas empresas, principalmente as que gerem infraestruturas críticas, como o ataque à Vodafone há poucas semanas veio a comprovar.
Consciente do tipo de público a que se dirige esta newsletter, deixo então o apelo tantas vezes repetido nos últimos anos: ative já a autenticação a dois passos nas suas contas mais importantes.
É a medida mais simples e consequente que pode tomar já hoje para aumentar a sua cibersegurança e a da sua empresa, de acordo com virtualmente todos os especialistas em cibersegurança com quem falei enquanto jornalista.
Vou ainda mais longe: se gere uma empresa e for alvo de um ciberataque, não o varra para debaixo do tapete. Reporte-o às autoridades e ao Centro Nacional de Cibersegurança. Só assim é possível garantir o rastreio da origem do problema, bem como a resolução de falhas e outras vulnerabilidades.
Acredite. Pode ser mais importante do que imagina.
PS: Este breve manual inclui outras medidas simples que pode tomar já hoje para reforçar a cibersegurança na sua empresa.
EPA/Bart Maat
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