Salmo 78: O Que Ouvimos e Aprendemos
O estudo da História é uma das melhores maneiras de aprender como devemos proceder. Enquanto essa afirmação pode ser aplicada em contextos sociopolíticos, deve ser aplicada em assuntos espirituais. Uma grande porcentagem da Bíblia registra a história da interação de homens e mulheres com Deus. Aprendemos boas lições dos servos obedientes e condutas a serem evitadas dos rebeldes.
Salmo 78, identificado como um “Salmo didático de Asafe”, utiliza a história de Israel durante mais de 400 anos para ensinar futuras gerações como agir diante do Senhor. Além do propósito identificado no cabeçalho, a instrução dos primeiros versos trata da importância do ensinamento de futuras gerações:
“O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez” (versos 3 e 4). Assim, Asafe introduz uma orientação sobre um mandamento do Antigo Testamento (versos 5 a 8) que seria repetido em uma instrução importante na Nova Aliança: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios 6:4).
Como ensinar as gerações futuras? A resposta de Asafe seria: explique a fidelidade e justiça de Deus em contraste com a negligência e rebeldia dos homens. É isso que ele fez no Salmo 78. Observemos alguns dos pontos importantes que ele incluiu nessa lição para Israel:
(1) As obras de Deus são justas e maravilhosas. Ele demonstra poder nas suas maravilhas (verso 4). Ele revelou uma lei para guiar seu povo (verso 5). Apesar da rebeldia de Israel, Deus fez grandes obras para salvar, proteger e cuidar do povo (fatos citados ao longo do Salmo).
(2) O povo de Israel foi rebelde. A lição da história inicia com a rebeldia de Efraim (versos 9 a 11), e volta a falar do mesmo assunto nos últimos versos (67 e 68). Quando a nação de Israel se dividiu 40 anos depois da morte de Davi, foi um efraimita, Jeroboão, que liderou a rebeldia contra Deus (1 Reis 12:20,25-33). É possível que Asafe, que foi contemporâneo de Davi, ainda estivesse vivo para comentar sobre a rebeldia de Efraim, ou que o Salmo atribuído a ele foi escrito por seus descendentes. É possível, também, que Asafe tenha revelado profecias sobre eventos que aconteceriam depois da sua morte.
Asafe demonstra a rebeldia de Israel por meio de um resumo da história. Começando com os sinais que Deus operou no Egito, os filhos de Israel tinham motivos para crer e servir ao Senhor. Mas durante o tempo no deserto, reclamaram e desrespeitaram o Senhor que cuidava deles: “não creram em Deus, nem confiaram na sua salvação” (verso 22); “continuaram a pecar e não creram nas suas maravilhas” (verso 32); “Porque o coração deles não era firme para com ele, nem foram fiéis à sua aliança” (verso 37); “Quantas vezes se rebelaram contra ele no deserto e na solidão o provocaram!” (verso 40).
Mesmo depois de Deus entregar ao povo a terra prometida (versos 54 e 55), mostraram a mesma infidelidade: “Ainda assim, tentaram o Deus Altíssimo, e a ele resistiram, e não lhe guardaram os testemunhos” (verso 56). Praticaram idolatria (verso 58), e sua rejeição de Deus trouxe castigos severos (versos 59 a 64). Mas a ira de Deus não foi permanente, pois livrou o povo dos seus inimigos (versos 65 a 66) e estabeleceu a sede da religião nacional e a dinastia da família de Davi (versos 68 a 72). Davi foi um modelo de pastor que reinou com integridade sobre o povo de Israel (versos 70 a 72).
Esse Salmo é apenas uma pequena amostra do valor da história bíblica. Quando estudamos os relatos de obediência e rebeldia, devemos aprender lições importantes para nosso serviço a Deus, mensagens que devem ser comunicadas às gerações futuras. Deus deixou esses registros para nos ajudar na luta contra o pecado (1 Coríntios 10:11-13). Que possamos aproveitá-los!
Dennis Allan
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