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Boletim Digital | fevereiro 2022
"De quantas cores se faz um olhar?".  Foto de EM.
Nesta edição, queremos partilhar convosco a continuidade da formação na Educação Artística, nas suas diferentes áreas e dimensões, e, especialmente, a sua abrangência a diferentes ciclos de ensino e grupos disciplinares, entre várias iniciativas. Destacamos, neste âmbito, o cinema, em geral, e o Documentário, em particular, trabalhado no âmbito do projeto PARTIS*. Queremos, deste modo, enfatizar o valor da cultura fílmica, enquanto modo de conhecer diferentes realidades, notando, ainda, o seu valor educativo, no sentido de procurar trazer novas vivências e novas circunstâncias, suprimindo a visão da utilização de filmes como elementos ilustrativos de efemeridades ou de esquemas explicativos de temáticas. Trata-se, sobretudo, de procurar que a cultura fílmica traga outros olhares, novas práticas com repercussão nos quotidianos escolares, como é o caso do Documentário «Pés pelas Mãos» da autoria das crianças do 2.º ano, turma A, da EB1/JI de Alfragide, integrado na instalação EXIST(IR), já referida na edição anterior, e visitada há uns dias pelos autores e da qual deixamos, mais abaixo, o seu testemunho entusiasmado. 
Entusiasmadas também andam as crianças do 5.º ano, passeando, filmando, desenhando, pintando, por entre cidades reais e imaginadas, sem esquecer a leitura de excertos do livro «Cidades Invisíveis», de Italo Calvino, como nos dá nota o professor Tomás Patrocínio. 
E, viajando por paragens mais longínquas, aqui bem perto de nós, o ator António Fonseca trouxe aos estudantes do 9.ºano “Os Lusíadas de Lisboa à Índia (Ida)”, no âmbito do trabalho desenvolvido em parceria com o TNDMII.  
Partilhamos ainda uma entrevista que Zerzi Grotowski concedeu a Naim Kattan em 1967, que foi publicada em Arts et Lettres, Le Devoir, em julho do mesmo ano, sobre os fundamentos do «Teatro Pobre», e onde nos explica que a (…) essência do Teatro é o «Encontro». Não deixam de ver… 
 E antes de terminar: 
 STOP WAR, por Pedro Fernandes. Mais palavras para quê? 
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* Programa que integra o Projeto Radio(Grafias) Iguais em desenvolvimento na escola do 1º ciclo do Alto do Moinho. Uma parceria entre a Associação Dança em Diálogos e o Agrupamento Vertical de Almeida Garrett, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, BPI e Fundação La Caixa.
 
Still de “O Homem da Câmara de Filmar”, Dziga Vertov, 1929
Na sequência da formação integrada no projeto RADIO[GRAFIAS]IGUAIS, em desenvolvimento na Escola Básica do Alto do Moinho, os docentes, tal como as crianças, já tiveram oportunidade de experimentar diferentes áreas artísticas (dança, teatro, artes visuais, das quais já vos fomos dando nota. Desta vez, destacamos o cinema, mais especificamente, o Documentário, trabalhado por António Limpo.
Nesta sessão, foram destacadas algumas ideias fundamentais sobre o cinema em geral, e, em particular, sobre o Documentário.
Deixamos-vos com algumas das ideias-chave que estiveram presentes nesta sessão: 
- A relevância do contacto com as linguagens cinematográficas, desde cedo, numa perspetiva da «educação do olhar», para que, de um modo gradual, se possa refletir sobre o que se vê e, sobretudo, poder ver uma mesma questão, sob diversos pontos de vista; 
-  A importância de conhecer outras realidades, através de vários géneros fílmicos, entre os quais o Documentário, encarando este não apenas como descrições da(s) realidade(s), mas sim como interrogações dessas mesmas realidades(s), problematizando-as; 
-  A atenção que deve ser dada à complementaridade entre as dimensões técnicas e estéticas, ou seja, compreender como os modos de fazer implicam múltiplos saberes culturais, de modo a transformar as formas de ver e de « contar»  em momentos singulares;
 - A preocupação da «utilização» do cinema, e, neste caso do Documentário, em contexto educativo, como «um momento em si», e não um momento de ilustração de efemérides ou de "temas fechados, estanques e estáticos", funcionando como esquemas explicativos; perdendo-se, assim, o prazer de ver, de conhecer e de refletir. 
 
Além destas ideias-chave, os docentes tiveram oportunidade de conhecer uma breve retrospetiva do Documentário, através da exibição de excertos fílmicos sobre alguns marcos importantes do Documentário. Dos vários apresentados, selecionámos para partilhar convosco, os quatro abaixo, por nos parecerem de grande relevo histórico. Afinal, a formação pode fazer-se em qualquer lugar, a qualquer hora… 
Não deixem de ver estes importantes documentos fílmicos: 
 
Nanook of the North (Robert Flaherty; 1922)
https://www.youtube.com/watch?v=lkW14Lu1IBo
 
O olhar de Walter Ruttman , em Berlin: Die Sinfonie der Großstadt (Berlim : Sinfonia de uma grande cidade), de 1927
https://youtu.be/LdFasmBJYFg
 
Man with a Movie Camera, Dziga Vertov, 1929
https://www.youtube.com/watch?v=kUgOy7VRd7s
 
Manoel de Oliveira, “Douro, Faina Fluvial” 1931. Montagem revista pelo realizador e com música de Emmanuel Nunes, em 1994.
www.dailymotion.com/video/x22ml46
 
PRÓXIMAS FORMAÇÕES / RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS
 
Laboratórios de Experimentação Artística (LEA)
CINEMA DE ANIMAÇÃO
Educação Pré - escolar | 7 de março a 22 de abril
1.º Ciclo | 27 de abril a 20 de maio
2.º Ciclo | 26 de abril a 14 de junho
Ator António Fonseca. Foto de António Limpo.
OS LUSÍADAS DE LISBOA À ÍNDIA (IDA)
 
Tal como vos tínhamos falado no último boletim, continuamos as iniciativas com o TNDMII, desta vez com a vinda do ator António Fonseca à escola sede do agrupamento. Durante cerca de hora e meia, o ator apresentou  "Os Lusíadas de Lisboa à Índia (Ida)" intercalada com indagações aos alunos, numa sessão aberta à participação dos espetadores, que muito rapidamente passou. De notar que, entre o público, para além da Direção, dos docentes, assistentes operacionais e alunos do 9º ano, estavam também alguns dos elementos do nosso agrupamento que irão fazer parte da falação de “Os Lusíadas como nunca os ouviu”, a ter lugar no próximo dia 26 de março, no TNDMII.
Pode ver um registo da sessão do passado dia 16 de fevereiro em https://youtu.be/vuGVa-zcBJE
 
Still da entrevista a Jerzy Grotowki.
DESTA VEZ, VAMOS FALAR-VOS DE «TEATRO POBRE».
  
Afinal o que significa esta designação? 
Socorremo-nos de uma entrevista a Jerzy Grotowkski, (1933-1999), nascido na Polónia, figura central no teatro do século XX, para nos ajudar a clarificar esta designação, ou, se quiserem, este género de Teatro.
Para Grotowski, o Teatro deveria ser reduzido à sua essência, isto é, dever-se-ia eliminar todos os elementos que não são essenciais, tais como, cenários desnecessários, figurinos ruidosos, iluminação exuberante, entre outros, que se tornam numa parafernália de artefactos, ou como dizia: «os efeitos de circo», que impedem o espetador de ter uma atitude mais centrada no ator e na sua voz, optando por uma economia de recursos cénicos, eliminando tudo o que não seja extremamente essencial à cena. Ora, segundo a sua conceção, ao eliminar tudo o que não é essencial, «(…) ficam dois grupos de pessoas: os atores e o público», aproximando-os, de modo a atenuar a divisão entre palco e espetadores, fazendo com a barreira entre o espaço e a plateia se esbata, e exista um espaço comum entre o(s) actor (es) e o(s) espetador(es), sendo essa a situação "essencial" do teatro, afinal, umas das suas principais preocupações a "essência do encontro", tal como o explicita numa entrevista que concedeu em 1967, a Naim Kattan, no Canadá, durante um simpósio internacional de Teatro.  A entrevista poderá ser vista aqui 
(existem alguns lapsos de tradução na legendagem).

Deixamos-vos uma tradução da sua obra «Em busca de um Teatro Pobre» para quem quiser ficar a saber mais sobre uma das poucas situações em que a «pobreza pode não ser um inconveniente», de acordo com as suas palavras. Podem ficar a conhecer esse texto aqui.

Sala 4 – Cinema, Pedro de Santa Maria (em cima) | Mapa de Cidade 1 – Amina Heregus (ao meio, à esquerda) | Mapa de Cidade 2 , Rodrigo Lourenço (ao meio, à direita) | Interior / Exterior – Ópera , Rodrigo Lourenço (em baixo).

A CIDADE COMO LABORATÓRIO DE APRENDIZAGEM
 
No âmbito do Complemento de Educação Artística (CEA), pedimos ao Professor Tomás Patrocínio para nos relatar como tem vivido a cidade com os seus alunos do 5.º ano, turma A.  
 E, é assim que nos conta: 
 
O projeto de animação do Complemento de Educação Artística propôs o tratamento de conteúdos relacionados com a vida da cidade e com a sua natural complexidade, pois quando pensamos na cidade logo nos aparecem múltiplas dimensões: a cidade edificada, a cidade cultural, a cidade desportiva, a cidade comercial, etc.
 
Assim, temos vindo a trabalhar com os alunos essas várias dimensões. Temos realizado muitas colagens sobre esses diferentes aspetos com a colaboração entusiasta dos alunos partindo de imagens muito concretas de cidades, reunindo fotos de teatros, cinemas, escolas, museus, circuitos de manutenção, estádios, entre muitas outras.
 
Todo o trabalho desenvolvido tem tido o fio condutor de montar um projeto final de uma cidade imaginária, entre o real e a ficção, com uma grande escala, focando-nos numa avenida, uma avenida imaginária na qual irão surgir todos os trabalhos já realizados e os que ainda serão concretizados, havendo, contudo, uma preocupação de criar uma cidade sustentável.  

Para tanto, muito contribuiu a leitura de alguns extratos do inspirador livro "Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, acompanhada com curiosidade pelos alunos.

Tem sido um desafio interessante imaginar nomes para a cidade e teremos ainda que eleger um desses nomes e ainda imaginar o nome do país onde a cidade se situa. Foi igualmente desafiante pensar em nomes para bairros e fazer caligramas a partir do mote “dentro da cidade” e idealizar, desenhando, mapas de cidades.
 
Mais recentemente, os alunos estão envolvidos no desafio de fazerem “um minuto Lumière” sobre a cidade, escolhendo um tema à sua vontade de interior ou de exterior.
 
Esperamos, com expectativa, a visita de arquitetos que proporcionem uma reflexão sobre a cidade edificada, os seus espaços de lazer, etc.
 
Este projeto tem proporcionado uma reflexão sobre a participação das pessoas na vida da cidade e esse é o seu principal valor, em muito articulado com cidadania e desenvolvimento.

Still do documentário "Pés pelas Mãos", Prof. Jorge Prata, turma 1.ºB, EB1/JI de Alfragide.

"PÉS PELAS MÃOS"

Pelos alunos do 2.º A da EB1/JI de Alfragide.

E, tal como prometemos, deixamos o testemunho de quem viveu o processo da produção de um Documentário, desde o projeto inicial até àquela manhã, quando caminhavam para o local onde se encontrava a Instalação Exist(ir), da qual fazia parte o seu Documentário :“PÉS PELAS MÃOS”.

Numa manhã de segunda feira de fevereiro, fomos à EB 2/3 Almeida Garrett visitar a Instalação Exist(ir).

Acompanhados pelo nosso professor e pela professora Elisa Marques, deslocámo-nos à escola sede para visitar a Instalação de cinema / documentário Exist(ir), da qual fazia parte o nosso filme “Pés pelas mãos”.
À chegada, começámos por ler a “folha de sala” que nos explicou aquilo de que podíamos usufruir ao visitar a instalação que se localizava junto aos Serviços Administrativos e à sala da Direção. No caminho entre a folha de sala e a instalação Exist(ir), ainda pudemos observar a exposição de alguns trabalhos de alunos da escola.
Já no local da instalação, assistimos, nos computadores que ali se encontravam, ao nosso filme e ainda a filmes realizados por outras turmas, no âmbito de uma ação de formação para professores. Sentimo-nos felizes e orgulhosos por sabermos que o nosso trabalho estava a ser mostrado na Escola Sede do Agrupamento.
Quando voltámos à nossa escola, para enriquecer ainda mais a nossa visita, também tivemos oportunidade de visitar, online, o MuseuTeu. Guiados pelo nosso professor, pudemos conhecer o museu e alguns dos trabalhos ali apresentados e ficámos surpreendidos por ver que, no museu, estavam dois trabalhos nossos: a residência artística de teatro e o documentário “Pés pelas mãos”.
Foi um agradável início de semana que desejamos se possa repetir para explorarmos o mundo e aprendermos o muito que existe fora da escola.

Visita à Instalação Exist(ir), alunos do Prof. Jorge Prata. Foto de Jorge Prata.
Manifestação contra a invasão da Ucrânia, em Berlim. Foto de Matti, Krstdt.Photo, Alemanha. 

POR QUE A GUERRA É UMA ESCOLHA?

por Pedro Fernandes*

É certo que toda a gente neste mundo deve ter ouvido falar nesta tensão/ guerra entre a Ucrânia e a Rússia.
Podem ser só dois países em guerra, mas o que faz com que toda a gente tenha ouvido falar é que a Rússia é o maior país do mundo e tem uma das maiores forças nucleares.
Desde o início surgem milhares de perguntas que todos fazem diariamente, tais como: 
Será que Rússia vai destruir a Ucrânia? 
Será a que a Ucrânia vai destruir a Rússia? 
Será que outros países vêm meter-se nesta confusão?
Será que a Terceira Guerra Mundial vai mesmo acontecer?
Se isto continua assim, o que vai acontecer? Se isto continua como está, o que vai acontecer?
O que é certo é que ninguém sabe o que vai acontecer. Ninguém prevê o futuro. Talvez o presidente Putin ou o presidente Vladimir Zelensky saibam o que pode ou vai acontecer? 
As perguntas são o que nos leva a TUDO, a ter mais informação. Esta tensão / guerra já nos deu milhares de informações: Porquê? Como? Para quê? 
Os jornalistas são os primeiros a saber e vão publicando nos jornais online. Esses jornais têm conta pública nas redes sociais e toda a gente vê as mais recentes notícias sobre esta guerra. Dessas pessoas algumas fazem, por vezes, uma das perguntas mais importantes: 
POR QUE A GUERRA É UMA ESCOLHA? Isso é uma coisa que também não sabemos….

* Estudante do 8.º ano, turma C, texto escrito em 8 de fev.


ARTES PLÁSTICAS

ATLAS OF IDEAL LANDSCAPES, vários artistas | Até 27 de março | Campo Pequeno Art Gallery | seg. a dom. | 11h00 - 20h00

 

TEATRO & CINEMA

Drive my Car, de Ryusuke Hamaguchi | Diariamente | Cinema Ideal | 16h15 | 20h00

DANÇA

Symphony of Sorrows + Fall, CNB / Cherkaoui+Ramalho | 24 de março a 3 de abril | Teatro Camões | vários horários

MÚSICA

Sinfonia n.º6 de Tchaikovsky, Orquestra Gulbenkian | Fundação Calouste Gulbenkian | 24 e 25 de março | vários horários
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FICHA TÉCNICA

Conceção - António Limpo e Elisa Marques
Design Gráfico - António Limpo
Textos - Elisa Marques
Revisão de Conteúdos - Clara Santos
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