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Nesta publicação:

  • Crônica: Sobre janelas e desacelerar
  • Documentário: SLOW - sobre desacelerar na cidade grande
  • TED Talks: What reading slowly taught me about writing
Bem-vinde ao Notas da vida #04!
Sumi mas estou de volta! E acho que você vai entender. :) 
Quando comecei esse projeto de newsletter o plano era me desafiar a escrever criativamente toda semana. Mas você deve ter percebido que o “toda semana” não valeu para as últimas semanas. E o que aconteceu? Aconteceu que eu percebi que estava envolvida em atividades demais. Não só relacionadas à produção de conteúdo, mas cursos e projetos de leitura. Sem contar nas atividades da pesquisa e do mestrado (que não parou por causa da pandemia). Fazer essa reflexão e aceitar que estava envolvida em atividades demais é ir totalmente contra a cultura vigente na sociedade em que vivemos. A cultura atual nos coloca no modo padrão que é o automático. A gente só diz sim e segue o bonde. Se não fizermos isso entramos em outro bonde, o dos perdedores, aqueles que estão perdendo alguma coisa - ótimas oportunidades de negócios, ótimas oportunidades de contatos, as super novidades do momento. 

Um dia, numa tentativa criativa de fazer um perfil sobre mim, escrevi: a vida é uma janela aberta onde eu gosto de ver o tempo passar sem pressa. Eu leio essa frase e penso naquelas cidades do interior, em que a gente passa quando viaja de carro, e sempre há alguém na janela observando a vida passar. Numa dessas viagens, encontrei um cachorro fazendo isso. E outro dia assistindo um filme sobre a vida e obra da artista Maudie Lewis, havia uma cena em que ela dizia: "Eu amo uma janela. Um pássaro passando. Uma abelha. Sempre é diferente. A plenitude da vida já enquadrada. Bem ali.”

Hoje as janelas são telas coloridas e interativas. E sei que hoje muitas das nossa janelas em casa dão para prédios gigantes ou para a vida do vizinho. Quase nada supera uma janela à moda antiga. Exceto se começarmos a abrir outras janelas no nosso dia. Ao invés do celular em uma rede social com discussões políticas acirradas, um livro. Ao invés do noticiário que desespera, uma música de Caetano. Ao invés de checar o e-mail a cada instante, tomar sol e se exercitar.

Eu costumo ler bastante. Leio vários livros ao mesmo tempo. Recente postei numa rede social os livros que estava lendo e os que queria ler, no total creio que chegava a umas oito leituras. Recebi um comentário curioso: multitarefa de leitura. Eu respondi que lia um pouco de cada, de vez em quando, sem pressa. Mas depois fiquei pensando um pouco mais sobre esse comentário. E cheguei a conclusão de que a pessoa tinha razão. Eu era multitarefa de leitura. Confesso que ri sozinha aqui pensando nisso. Ah, e essa ficha só caiu quando eu estava chupando uma tangerina após o almoço. Já faz um tempo que eu tento almoçar sem o celular do lado para checar. Na verdade, estou tentando cultivar esse hábito em todas as refeições e confesso que esses momentos estão me fazendo ter pensamentos interessantes. 

A questão da multitarefa de leitura tem a ver com a questão inicial dessa crônica - envolvida com atividades demais. Eu sempre brinco quer ler vários livros ao mesmo tempo é praticar a piriguetagem literária. Só que esse comentário me fez olhar para aquelas leituras e questionar: por que eu estava lendo aqueles livros? Muitas daquelas leituras estavam relacionadas com projetos que eu estava envolvida e que não eram prioridades (foi difícil admitir isso). Duas lições: pense bem antes de postar sua lista de livros para ler na internet. E tenha cuidado com a piriguetagem literária. 

Esse episódio me fez atentar ao fato de que nos últimos tempos eu estava começando diversos livros e abandonando a leitura porque eles não eram o que eu realmente queria ler naquele momento. Estava pegando um bonde que passava. E esquecendo que para ser uma leitora, não há uma questão de quantidade ou velocidade, mas de qualidade. E qualidade pode mudar de significado de pessoa para pessoa. Foi com esse fato que eu comecei a repensar as minhas atividades. Sai cortando vários livros da lista e com isso saindo de projetos e cursos. Foi difícil? Foi! Mas nada demais. 

Como diz Carlo Petrini, fundador do Slow Food, “a arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas”. Esse ritmo acelerado só nos traz a sensação de que o tempo passa rápido demais e a gente nunca está fazendo o que deveríamos fazer. Assim como a gente apenas realiza coisas, mas não experiencia. É diferente. Realizar é apenas fazer o que tem que ser feito para atingir uma meta e riscar um item na lista de afazeres. Experienciar é realizar com consciência do fazer. É mais intenso e vivido. É a tal da arte do viver.

Tente achar uma janela hoje e sente para ver a vida passar sem pressa.
 
Igatú - Chapada Diamantina (BA) | Foto: Jeniffer Geraldine
💡 Em tempo: As notas da vida vão continuar! Mas vou enviar a newsletter apenas uma vez no mês. Mas você sabe que pode me acompanhar em outras lugares na internet, se desejar. 
[ver]
Documentário: SLOW - sobre desacelerar na cidade grande
"SLOW é um documentário que questiona nossa relação com o tempo e até onde o ambiente em que estamos pode influenciar nisso. É possível viver uma vida calma mesmo estando numa cidade acelerada?"
Um registro do movimento Slow no Brasil. E para nos lembrar da importância de desacelerar para resgatar a nossa humanidade e relações.

TED Talks: What reading slowly taught me about writing | Jacqueline Woodson (com legenda em português)
Esse TED com a Jacqueline é emocionante. Um belo relato sobre a importância da leitura na vida de alguém, além de nos inspirar a apreciar a leitura. Para Jacqueline "ler devagar é uma forma de respeitar a escrita e a narrativa que temos em nossas mãos."

Obrigada por ler! 🌻✨

Se sentir vontade, responda essa carta digital me dizendo como está seu ritmo por aí. Vou ficar feliz com a troca. Vamos nos falando!

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Jornalista, escritora, pesquisadora e criadora de conteúdo. 

LEITURAS E NOTAS DA VIDA • ORGANIZAÇÃO E PROTUTIVIDADE PARA DESACELERAR

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