Neste momento, fevereiro de 2021, em que “não sou mais aquele pierrô que te abraçou”, porque este Carnaval será silencioso e estamos mais preocupados em sair deste pandemônio, me vi refletindo sobre a modernidade, pós modernidade e contemporaneidade.
Encontrei neste percurso Maria Vasco, artista plástica, poetisa, compositora, 1ª porta bandeira da Banda de Ipanema, uma potência criativa. Sua alma carioca imprime alegria, descontração e transgressão ao seu trabalho. Desde 1968 vem desenvolvendo uma linguagem genuína e escolhi a coleção INCONES, com a qual me identifico para criar conexões.
A coleção transita de um lado, numa linguagem da modernidade, objetiva e sem excesso, possui uma certa aproximação com os postulados do concretismo: nada mais factual que uma linha, uma superfície, uma cor, mas por outro lado, a artista configura ritmos e relações diretas em uma visão pluridimensional, onde um conjunto cambiante, que perturba o equilíbrio convencional, faz o observador transitar entre real e o imaginário, aquilo que se vê e aquilo que se esconde.
Desenho, planos, espaço, três (ou quatro?) dimensões, positivo, negativo, vazios repletos de conteúdo criam uma trama. Se por um lado austera e sem sentido oculto, por outro sublima em poesia, surpreendem e transbordam em força: uma tensão em situação de descanso.
Entre narrativas e co-autoria, aquele que vê o trabalho de Maria, está diante de uma obra aberta, multifacetada e sem fronteiras.
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