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a News Arte IN FORMA no.25


Somos três arquitetos e professores de história da arte - Lourdes Luz, João Torres e Katia Souza -  e nosso objetivo é mostrar a arte, arquitetura e design através de narrativas do passado e estabelecer uma interação ativa e criar correlações estéticas e estilísticas. A Arte (que) IN FORMA e TRANS FORMA.

Neste número convidamos Raquel Teixeira  com O Fascinante Mundo dos Bonecos

Os Enfeltrados

 
Raquel Teixeira é designer gráfica e trabalhou mais de 20 anos fazendo livros e revistas. Sempre explorou as artes manuais. Há 8 anos atrás, fez o primeiro boneco de feltro, a partir daí passou a pesquisar e a prender tudo o que podia sobre bonecos e bordados.
As figuras de corpos humanos em miniatura são conhecidas em todas as culturas. Registros arqueológicos mostram que elas existiram na Babilônia, no Egito Antigo, na Grécia e em Roma e acredita-se que tinham significado mágico ou religioso. No entanto, não está claro em que ponto essas figuras passaram a ser conhecidas como bonecos e se tornaram brinquedos para crianças, mas sabe-se que no Japão antigo, os adultos passavam as bonecas religiosas para as crianças como brinquedo após o uso no ritual.
 
Bonecos da tribo norte-americana Menomini para manter marido e mulher fiéis. Eles ganham os nomes de cada indivíduo e são atados com as faces voltadas um para o outro. Na altura do peito de cada um existe uma abertura para colocar poções de amor. Museu Americano de História Natura, Nova Iorquel. Foto Raquel Teixeira.
 

Os bonecos mais antigos eram na maior parte feitos de madeira e foram encontrados em tumbas egípcias datadas de 2000 aC. Na Grécia e Roma antigas, meninas casadas consagravam suas bonecas descartadas para as deusas. Elas eram brinquedos para crianças, mas também participavam de rituais e na educação infantil. Em muitas sociedades mais recentes, como o povo do norte do Alasca e Groenlândia, suas bonecas chamadas de Inuit serviam também como forma de passar a sua cultura através das gerações.

As bonecas em algumas culturas eram (e ainda são) usadas para realizar mágicas, como o afro-americano Vodu, ou trazer boa sorte, como as bruxas de cozinha do Norte da Europa. Mas, de fato, os grandes centros de fabricação de bonecas começaram a surgir à partir do século XV, na Alemanha e na França. Eram principalmente bonecas de moda (Pandora dolls) feitas de madeira, vestidas com os últimos modelos de roupas e penteados, encomendadas para que as cortes européias pudessem acompanhar as tendências da moda. Soldados em miniatura feitos em madeira e posteriormente em prata eram muito populares entre os meninos.
 
Lord and Lady Clapham, Londres, 1690. Bonecos feitos com olhos de vidro e cabelo humano. Os olhos de vidro eram principalmente marrons. Só a partir do inicio do século XIX é que passam a ser azuis, em homenagem a rainha Victoria. Acervo do Victoria and Albert Museum, Londres.

Por volta de 1800 uma opção, que veio a ser conhecida como papel machê, chegou para baratear e popularizar as bonecas. Eram todas bonecas adultas, ricamente vestidas e seus corpos eram feitos de material macio e depois recheado. Só em 1851 surgiram as primeiras bonecas infantis e as bonecas bebês e a partir daí foi se popularizando maciçamente a idéia dos bonecos como treinamento para vida adulta. No século XIX, a tarefa de uma jovem era casar e cuidar do lar, portanto suas bonecas vinham com vários acessórios para o lar, como serviço de jantar, carrinhos de bebê etc. Cresce também o uso das bonecas de pano, que eram usadas como manequins para ensinar as crianças a arte essencial da costura.
 
Família reunida na sala. É interessante notar que as bonecas tinham suas próprias bonecas, inclusive com guarda roupa. Musée de La Poupée, Paris. Foto Raquel Teixeira.
 

A partir de 1900 as bonecas eram cada vez mais retratadas nas proporções de crianças, com rostos doces e travessos. Algumas famílias encomendavam bonecos dos próprios filhos, como forma de homenagem e prestigio. As bonecas invadem o imaginário, se tornando objetos de grande suporte emocional, assim como os ursinhos de pelúcia, inventado em 1903.

Com o inicio da era industrial, os métodos de fabricação mudam. Os polímeros e os materiais plásticos invadem a fabricação de brinquedos e tornam as bonecas mais acessíveis. Mas a grande mudança chega em 1959 com a boneca Barbie. Inspirada na boneca alemã Bild Lilli, a Barbie tinha longas pernas e seios fartos, subvertendo os padrões das brincadeiras infantis.

 
A enorme semelhança entre a boneca alemã Bild Lilli (esquerda) e a primeira Barbie. Lilli nasceu como protagonista de um cartoon publicado no jornal Bild. Seu sucesso foi tão grande que foi transformada em boneca pela O&M Hauser e chegou a mil exemplares produzidos. Posteriormente, a Mattel comprou os todos os direitos da Lilli.
 

Depois dessa breve história podemos concluir que o fascínio exercido pelos bonecos extrapola um simples objeto de brincadeira. Desde criança aprendemos a compartilhar com eles os nossos desejos, tristezas e alegrias mais profundas. E esse sentimento carregamos pela vida afora e quando presenteamos um adulto com um boneco acendemos nele aquela velha chama da infância, trazendo carinho e conforto.

Essa tem sido a minha experiência nesses oito anos fazendo bonecos de feltro personalizados para adultos. O retorno emocional é enorme tanto pra quem encomenda o seu ser amado, quanto para quem ganha. Para mim cada boneco que faço é um mergulho em um universo particular que tento traduzir em cores e bordados, fazendo de cada um deles um objeto único.

 

 
Para conhecer

Os Enfeltrados - Raquel Teixeira
 
Apaixonada pelo Rio, suas praias e seus personagens, a designer passou a ver cada cidadão como um boneco em potencial.
"o mais legal é fazer um boneco de gente como a gente ... e a experiência de se transformar, ou transformar alguém que amamos é uma viagem de auto conhecimento. O processo é simples: você manda a foto da "vítima", escolhe as roupas ... e a gente vai criando um boneco único e especial"
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PARA ESTUDAR!!
 
Arte IN FORMA 

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Dias 5, 7,  12 e 14 de abril - sempre às 19h

Serão 4 encontros para criarmos possibilidades de "conversas" com a contemporaneidade:

  • Conceitos, sociedade e cultura
  • Arte e Percepção
  • Um passeio por obras contemporâneas

Com os profs: João Torres, Lourdes Luz e Manuela Moog - convidada Arte IN FORMA

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