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31 de maio de 2021

Inovação é atualmente uma palavra mágica no mundo dos negócios. Procura-se incessantemente o "novo" ou a tal "next big idea" e o ritmo acelerado de desenvolvimentos tecnológicos e científicos faz muitas vezes esquecer duas premissas:

  • Que a inovação é, antes de outra coisa qualquer, a capacidade de pensar diferente e de encontrar novas soluções para problemas ou necessidades existentes ou futuras
  • Que o conhecimento do passado é uma ajuda tão preciosa quanto a antecipação do futuro

Obrigada por nos acompanharem,
Rute Sousa Vasco

Long Stories Short 

 Dow Jones. O termo de comparação 

Em 1884, Charles Dow, um jornalista do The Wall Street Journal, teve uma ideia que ninguém tinha tido antes: criar um índice com as empresas mais importantes dos EUA através do qual fosse possível medir a força da economia americana. O PIB era e continua a ser o melhor indicador, mas demorava muito tempo a ser calculado e não permitia analisar as diferentes oscilações que a economia podia ter ao longo de um ano. O índice, por outro lado, poderia ser analisado todos os dias, dado que o seu valor ia ser a soma do preço das ações de cada uma das empresas que o compunha (que oscilavam de dia para dia).

  • Exemplo: Vamos imaginar que o Dow Jones, no início de uma semana, estava nos 50, ou seja, que a soma do preço das ações de cada empresa presente no índice dava este valor. Se, no início da semana seguinte, o índice aumentasse para 60, seria possível, na teoria, afirmar que a economia teria melhorado, pois as empresas mais importantes do país, em conjunto, estavam a valer mais.

Uma ótima ideia que, no entanto, enfrentava um grande desafio: que empresas escolher para garantir que o índice era um bom proxy da economia americana? Para isso, Dow tinha de definir, primeiro, quais eram as indústrias mais importantes do país e, segundo, quantas empresas era necessário incluir para ter uma amostra representativa. Duas tarefas rápidas no papel, mas que demoraram doze anos a ser resolvidas.

A 26 de maio de 1896, a primeira versão do “
Dow Jones Industrial Average” (DJIA) foi publicada no jornal do qual Charles Dow fazia parte. Incluía doze empresas do setor industrial (algodão, açúcar, tabaco, etc.) e tinha como valor 40. Era o final do século XIX e, devido à crescente importância da indústria na economia americana, Dow acreditava que a atividade destas empresas era uma boa amostra. Na semana passada, celebraram-se os 125 anos desde a introdução deste indicador e o mundo é hoje um lugar bastante diferente.

O que mudou?
O índice, depois de ter passado a incluir 30 organizações em 1929, foi sofrendo mutações ao longo das décadas para acompanhar as mudanças que se davam no país e manter-se uma amostra representativa da economia. À medida que indústrias ganhavam ou perdiam importância, empresas eram adicionadas ou retiradas do Dow Jones, permitindo que este pudesse continuar a ser usado como um símbolo da saúde dos mercados financeiros e, por conseguinte, da economia dos EUA.

Hoje, nenhuma das empresas originais está presente no índice. Estão organizações como a Apple, a Disney, a Coca-Cola, a Nike, a Microsoft e outras 25 que, em conjunto, fazem com que o índice esteja cotado em
34.500 pontos, um valor 85.000% superior àquele apresentado há mais de um século. Não existirão indicadores muito melhores da prosperidade do Mundo Ocidental neste período da História.

Cancelado pela pandemia?
Durante a maior parte da sua existência, o Dow foi considerado uma representação da América empresarial. Desvalorizou em períodos económicos mais conturbados e foi atingindo valores recorde quando empresas e cidadãos beneficiavam de condições de crescimento e de vida nunca antes vistas. Contudo, a pandemia desmascarou algumas fragilidades do Dow Jones e de outros índices como o Nasdaq e o S&P 500.

  • Realidade alternativa: o vírus provocou uma das piores recessões económicas da História. Negócios fecharam, pessoas perderam empregos, dívidas acumularam-se. No entanto, alguém que vivesse num bunker, isolado do mundo e apenas analisasse os principais índices financeiros dificilmente tiraria essa conclusão. Isto não é necessariamente um problema dos índices, mas sim dos mercados financeiros, que se têm assemelhado mais a um jogo de especulação do que a uma representação real da saúde das economias dos países.

  • No caso do Dow Jones: existe ainda outro problema, visto que algumas vozes argumentam ainda contra a forma como o índice é calculado. O formato atual leva a que empresas que valham menos, mas que tenham um preço por ação superior tenham maior influência no índice do que empresas mais valiosas com um preço por ação inferior, por terem mais ações disponíveis no mercado. Por exemplo, apesar de a Nike estar avaliada em cerca de 215 mil milhões de dólares (10% do valor total da Apple), como tem cada ação a valer 136 dólares (vs 124 dólares da Apple), tem um impacto maior no índice.

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Adicionar ao Carrinho

 No setor primário também se compra online 

A notícia sobre a ronda de investimento série B de 65,5 milhões de dólares (53,7 milhões de euros) levantada por uma aplicação de agricultura prova que continua a haver espaço para inovar no setor primário. A TaniHub Group, startup da Indonésia fundada em 2016, liga produtores agrícolas a clientes e já trabalha com cerca de 45 mil agricultores e 350 mil compradores, sejam eles particulares ou donos de outros negócios, tais como restaurantes ou lojas.

Com a pandemia e a crescente procura por produtos básicos online, as vendas subiram 600% em 2020. Assim cresceu a TaniHub Group, através de 3 serviços diferentes, que fazem com que tudo funcione, do primeiro ao último passo de todo o processo:

  • TaniHub: a plataforma per si, de e-commerce, onde clientes e agricultores (no fundo, também fornecedores) se encontram para a compra e venda de produtos.

  • TaniSupply: a plataforma de logística da startup, que trabalha com seis armazéns, onde os produtos são tratados e embalados, antes de chegarem às mãos dos compradores.

  • TaniFund: a plataforma de fintech, que fornece empréstimos aos agricultores, que podem ser utilizados durante os períodos de cultivo. O retorno é feito através de vendas feitas na TaniHub.

O CEO da TaniHub Group afirma que o valor desta nova ronda de investimento vai ser aplicado no reforço a cadeia de abastecimento, expandindo-a pela Indonésia (quarto país mais populoso do mundo). Os 65,5 milhões de dólares serão também utilizados para melhorar o modelo de previsão de oferta e procura, para que os agricultores possam planear o seu trabalho com antecedência.

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The Next Big Idea apresenta...

 Histórias de Marketing - Tesla 

       Créditos: Bram Van Oost

Como crescer um negócio investindo zero euros em publicidade? Parece uma tarefa quase impossível para quem quer chamar a atenção de consumidores que, atualmente, são bombardeados com conteúdos de centenas de marcas dia após dia. No entanto, a Tesla conseguiu fazê-lo e, progressivamente, aproximou-se dos seus mais diretos rivais (Volkswagen, Ford, Toyota, BMW), que gastam perto de 25 mil milhões de dólares em comunicação por ano. Hoje é a marca automóvel mais valiosa do mundo, valendo cerca de 600 mil milhões de dólares.

2020 foi, para todos os efeitos, um bom ano para a Tesla, batendo recordes de vendas e de carros entregues a clientes. Uma das discussões que costuma surgir relativamente à empresa de Elon Musk é se se trata mesmo de uma empresa automóvel ou se devia ser olhada como uma empresa tecnológica ao nível de uma Apple ou de um Facebook. A verdade é que o desenvolvimento de um carro elétrico inclui não só um forte investimento em baterias de última geração, mas também uma divisão inteira a trabalhar num software de “Auto-Pilot”, recorrendo a inteligência artificial. E é precisamente esta versatilidade que levou a empresa a receber a atenção de tantos olhos, que procurou capitalizar da melhor maneira… não gastando dinheiro. Pelo menos, não da maneira mais óbvia.

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Conteúdo Patrocinado Dois Corvos

 As melhores ideias começam com uma cerveja 

 
    

Todos os dias, milhares de pessoas têm uma ideia de negócio com a qual se vão tornar bem sucedidas. Umas resultam, outras nem tanto, mas, se tivéssemos de fazer um estudo, diríamos que provavelmente teriam maior probabilidade de sucesso se fossem acompanhadas por uma Dois Corvos.

A
Dois Corvos é uma marca de cerveja artesanal independente com sede em Lisboa e com algumas das craft beers mais populares do mercado. A Matiné para ideias logo pela fresquinha. A Galáxia para ideias de outro mundo, que ninguém tinha pensado antes. E a Creature para ideias que estranham e depois entranham.

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Vi algures na Internet

 Não é o segundo YouTube 

É oficial: o Vimeo já é uma empresa cotada na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Para muitos, esta plataforma era vista como uma parente pobre do YouTube, mas a empresa, fundada há 16 anos, teve um boom de crescimento, precisamente, quando deixou de tentar competir com gigantes como o YouTube ou a Netflix e passou a apostar as suas fichas em terrenos mais férteis, ou seja, mais úteis para o consumidor.

  • O segredo: a mudança de mindset deu-se quando Anjali Sud assumiu as rédeas como CEO e reinventou o Vimeo como uma empresa de software que atendia às necessidades dos criadores de vídeo. Ou seja: a empresa abandonou a ideia de querer ser tão “pop” quanto os seus concorrentes e apostou no desenvolvimento de um  SaaS (Software as a Service), um serviço que disponibiliza ferramentas que facilitam a produção e distribuição de conteúdo em vídeo para criadores. Ao The Verge, Anjali Sud afirmou que o modelo do Vimeo se tornou “mais parecido com o do Slack ou da Dropbox, mas para vídeo”.

  • Os números: no quarto trimestre de 2020, o Vimeo já tinha cerca de 1.5 milhões de subscritores pagos e gerou cerca de 83,8 milhões de dólares (68,7 milhões de euros) em receitas. No primeiro trimestre deste ano, empresa americana teve 89,4 milhões de dólares (73,3 milhões de euros) em vendas (+57% em comparação com o mesmo período do ano passado), o que significa que continua num bom caminho para deixar de ser o patinho feio das plataformas de vídeo.
     

 Bond. Amazon Bond 

A Amazon comprou a MGM. A produtora e distribuidora de cinema (conhecida pelo rugir de um leão no início dos filmes) passa a fazer parte do império de Jeff Bezos, depois de uma aquisição por 8,45 mil milhões de dólares (6,9 mil milhões de euros). Esta é a maior compra da Amazon depois da Whole Foods, por 13,7 mil milhões de dólares (11,2 mil milhões de euros).

  • O que é que isto significa na nossa TV? Significa que o catálogo de oferta da Amazon Prime Video vai ser ainda mais completo, uma vez que a empresa de Hollywood é responsável pelos filmes de James Bond e Rocky, e por séries como "Fargo", "The Handmaid's Tale" ou o "Shark Tank" . 

  • Continuar a investir: 19 mil milhões de dólares foram gastos em conteúdo pela Amazon nos últimos 2 anos. Em causa estão, por exemplo, os 465 milhões de dólares para produzir a primeira temporada de uma série do universo de “Lord of the Rings”.

  • No ringue de boxe das plataformas: esta é uma forma de morder os calcanhares dos rivais Netflix, Disney Plus e da futura WarnerMedia-Discovery. Com cerca de 200 milhões de assinantes no mundo inteiro, o objetivo agora é mantê-los e tornar a subscrição Prime cada vez mais atrativa.

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Projetos que ficaram debaixo de olho  🤩

A farmácia à distância de um clique. A plataforma 911 Pharma tem aconselhamento de saúde de confiança para os utilizadores online. No seu site, é ainda possível adquirir produtos não medicamentosos ou medicamentos sem receita médica de forma simples e rápida, sem qualquer custo extra para o utilizador. Conheça o serviço aqui.

Chegar, pegar e pagar depois. É apresentada como a loja do futuro, ou por onde poderá pelo menos passar parte do futuro dos supermercados como hoje os conhecemos. O
Continente Labs, no Arco do Cego, não tem caixas de pagamento e possui 230 câmaras e 400 sensores para acompanhar o comportamento de cada um dos clientes. Fique a conhecer melhor este projeto pioneiro.

Dormir de A a ZZZZ. Por detrás de cada inovação está uma ou mais boas noites de sono. A missão da
Emma é dar a melhor experiência de descanso em todo o mundo. O Emma Original é o colchão mais popular da marca e pode ser entregue em sua casa num período de 2 a 4 dias. Utilize o código nextbigidea para comprar o colchão com um desconto de 10%. *

* Este projeto é conteúdo patrocinado

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É só mais 1 minuto ⌛

Marcas. Um estudo da Havas Media Group chamado Entering the Age of Cynicism identificou que 71% dos consumidores têm pouca confiança nas promessas feitas por marcas numa série de temas sociais e ambientais. Descubra outras conclusões deste relatório aqui.

Podia ser o CEO da Google, mas não é. Prabhakar Raghavan é um nome desconhecido para a maior parte de nós, mas este “googler” é responsável pelas áreas de pesquisa, de anúncios, de comércio e de pagamentos da Google. Só em 2020 foi pago 55 milhões de dólares pelas suas "tarefas" e a
sua entrevista à Wired é reveladora do futuro da Big Tech.

eCommerce. Descubra as
10 tendências que todos os negócios com uma presença online têm de estar a par.

Emprego. Três coisas são tudo o que necessita para ter uma entrevista de emprego por vídeo bem-sucedida. Saiba quais
neste artigo da Fast Company.

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Dois dedos de conversa

  • Esta newsletter é produzida pela MadreMedia e reúne histórias do admirável mundo da inovação e das empresas, por isso andamos sempre à procura de novas ideias e de novos projetos aos quais valha a pena dar o devido destaque. Às segundas-feiras na sua caixa de email.
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Ficha Técnica

Newsletter escrita por:

Rute Sousa Vasco, Miguel Magalhães e Catarina Marques

Edição:
Rute Sousa Vasco, Miguel Magalhães

Revisão:
Catarina Marques

Ilustrações:
Rodrigo Mendes, Diogo Gomes
 
            

                        
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