Verão infernal como o pior inverno
Estação associada ao lazer e à praia produz suplício para a população do Rio, que sofre com o descaso e a incompetência de autoridades e empresários
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Esta coluna foi publicada originalmente na sexta-feira, 21/2, no #Colabora
Na madrugada desta sexta-feira (21), a temperatura bateu -13°C (mas sensação térmica de -15°C) em Moscou. Em Berlim, atingiu -1°C, com geada e muitas superfícies cobertas de gelo, potencializando o risco de acidentes. Do outro lado do Atlântico, Nova York sofreu com nevascas e mínima de -6°C, nova jornada sofrida numa temporada de frio extraordinariamente rigoroso.
São metrópoles, ao mesmo tempo opostas e iguais a uma outra, onde a população também paga pecados que não cometeu pela brutalidade da estação: o Rio de Janeiro. No caso carioca, pelo verão de parâmetros apocalípticos que assola a cidade nas últimas semanas, com temperaturas acima dos 40°C, turbinadas por sensação térmica até 20 graus superior.
As duas estações, inversas no calendário e nas características, se assemelham pelo que causam aos viventes. Como o inverno, verão maltrata, adoece e mata. Mas diferentemente da temporada de frio, não carrega o mesmo status, em especial nestes trópicos ferventes. Frio e neve são associados a precauções e cuidados, proteções e socorros; sol e calor se conectam a lazer, férias, alegria, beleza, pele bronzeada, sensualidade.
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Nesta quinta-feira (20), a temperatura oficial na terra carioca marcou a máxima de 40,1°C (segundo a rede Alerta Rio), com a umidade relativa do ar em mirrados 32%, acentuando o desconforto. O mesmo sistema aferiu 44°C na última segunda-feira. Fevereiro se aproxima da sua derradeira semana com quase nenhuma chuva, típica da estação em outros tempos, na região metropolitana fluminense.
(Para surpresa de zero pessoas minimamente informadas, os eventos extremos, de frio e calor, são consequência da catástrofe climática na qual os humanos meteram o planeta. O desequilíbrio só piora o cenário, e o contra-ataque está demorando perigosamente demais. A espécie dominante da Terra está, como se dizia antigamente, brincando com a sorte.)
Somente nos primeiros 15 dias do mês, a Secretaria de saúde carioca registrou mais de 2,4 mil atendimentos médicos relacionados ao calor, especialmente de queimaduras por exposição ao sol e desidratação em gradações variadas. Na rede estadual, o Samu aferiu crescimento de 45% nos chamados (metade deles de idosos) na capital entre os dias 10 e 16.
Por iniciativa da secretária de Meio Ambiente, Tainá de Paula, a prefeitura do Rio criou sistema de alerta para os níveis de calor. Às 12h35 da segunda-feira (17), a cidade atingiu o nível 4 da escala, que vai até 5. O status detona uma série de procedimentos, como indicação de pontos de resfriamentos, oferta de hidratação ou distribuição de água, e cancelamento ou reagendamento de eventos de médio e grande porte ou megaeventos em áreas externas.
*Leia na íntegra no site do #Colabora.
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Aydano André Motta
Niteroiense, Aydano é jornalista desde 1986. Especializou-se na cobertura de Cidade, em veículos como “Jornal do Brasil”, “O Dia”, “O Globo”, “Veja” e “Istoé”. Conquistou o Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa em 2012. Pesquisador de carnaval, é autor de “Maravilhosa e soberana – Histórias da Beija-Flor” e “Onze mulheres incríveis do carnaval carioca”, da coleção Cadernos de Samba.
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