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#47 OUTUBRO/2023

Rio de Janeiro, Fevereiro, Março...
Festas Literárias das Periferias
(Foto: Agência Brasil)

Do dia 12 a 22 de outubro, acontece, na região popularmente chamada de “Pequena África”, a 13ª edição da Festa Literária das Periferias. Mais conhecida como “FLUP”, a festa, que possui caráter internacional, receberá diversos poetas que compõem a cena de slam, que, para quem não sabe, são competições de poesia falada que chegaram de Chicago ao Brasil há 15 anos com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e Memória do Hip Hop.
A FLUP, que nasce em 2012 com o objetivo de democratizar o acesso à literatura e aproximar a produção literária dos espaços historicamente excluídos, conta, antes de sua consolidação como “festa”, com um processo de formação de escritores, que desencadeou a publicação de 22 livros de autores periféricos, como Jessé Andarilho, Ana Paula Lisboa e Geovani Martins.
Homenageando o escritor e fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis, o evento terá grandes expoentes da cena cultural brasileira, como a cantora Leci Brandão, o rapper Emicida e a escritora Conceição Evaristo, e, além disso, celebrará o protagonismo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro na adoção da política de cotas, iniciada em 2003.
Quer ficar por dentro da programação? Clique neste link.

Personagem da Gema
Calvet Arts
(Foto: Instagram Calvet)

Nosso personagem do mês é um jovem talento das artes que vem se tornando uma das grandes referências no meio digital. O ilustrador Juan Calvet, 24 anos, morador de Mesquita, tem se destacado por retratar a essência da brasilidade e do cotidiano carioca em suas artes, num movimento de trazer para o primeiro plano das artes o povo marginalizado. 
Juan sempre se dedicou às artes, paixão que veio de berço. Foi aos 15 anos de idade que conheceu as possibilidades de desenvolver suas artes no meio digital, mas encontrou dificuldades em arcar com os custos dos equipamentos necessários. Sua tia foi a primeira a contribuir com o sonho de Calvet de se desenvolver como artista, e o ajudou a pagar sua primeira mesa digitalizadora. Alguns anos depois, quando seu equipamento começou a falhar, seu trabalho foi reconhecido no twitter pela Wacom, empresa líder no mercado de monitores interativos e tablets, que doou uma mesa digitalizadora novinha para que o garoto pudesse continuar buscando realizar seu sonho de viver de sua arte.  
Depois de muito estudo, trabalho, dedicação e um importante incentivo seu trabalho foi sendo aprimorado e cada vez mais reconhecido no meio e, hoje, acumula clientes importantes, como: Lacoste Brasil, Warner Bros, Rider, Umbro, Deezer, Kenner, Itaú e Pineapple. 
Além disso, o jovem tem se tornado uma figura importante para a comunidade negra, desenvolvendo, em suas expressões artísticas, representações que sempre foram escanteadas pelo meio artístico. Sua arte tornou-se um meio de empoderamento para a comunidade negra, desafiando e redefinindo os padrões tradicionais e estabelecendo Calvet como uma figura essencial para a inclusão e representatividade no mundo das artes. 
Para ver de perto as produções do Calvet, basta conferir a exposição “Funk: um grito de ousadia e liberdade”, no Museu de Arte do Rio até julho de 2024. O horário de visitação é de quinta a domingo das 11h às 18h.  

Rio entre Esquinas
Instituto Inclusartiz
(foto: site do Instituto Inclusartiz)

O Instituto Inclusartiz foi fundado em 1997 por Frances Reynolds e é uma organização cultural não governamental e sem fins lucrativos, sediada na Gamboa, zona portuária do Rio de Janeiro. Segundo o Inclusartiz, o instituto visa “promover a arte contemporânea global através de um corredor cultural que conecta o mundo pela formação de artistas, pesquisadores e curadores” e acredita no poder da arte para transformar vidas e servir como um agente para mudanças socioculturais.
Algumas das principais pautas de seus projetos são a integração social, diversidade cultural, sustentabilidade e colaboração entre organizadores e artistas. Neste mês, o programa “Caminhos para Gamboa” oferece as oficinas “Verbo Pintar” (19/10); “Verbo Esculpir em Argila” (26/10) e o “Conversas de Galeria” (26/10). Esse projeto consiste em formações livres e continuadas sobre arte, educação, cultura e história do Rio de Janeiro, com público majoritariamente formado por moradores da região portuária, estudantes da rede pública de ensino, educadores, artistas e profissionais da cultura.
Para saber mais sobre o Instituto Inclusartiz e garantir seu ingresso gratuito para o “Caminhos para Gamboa”, clique aqui.

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ImaginaRio Entrevista

Varandão Gang
(foto: instagram Varandão Gang)

ImaginaRio: Como vocês enxergam a potência de Campo Grande na produção musical e artística independente?
Coutinho (vocalista):
A gente pode falar pelos artistas que já saíram de Campo Grande, tá ligado? O major RD agora é um dos maiores nomes do rap. Tem o Xamã, Ferrugem, Felipe Alves baterista do Djavan, entende? Mas a galera não vai pra Campo Grande, esse é o problema. Tem inúmeros rolês por lá. A Casa Bosque tem shows de várias galeras, fazendo várias paradas legais e diferentes, mas as pessoas não vão lá ver. A galera tem que fazer mais esse movimento de sair dos centros, aqui é muito rico. Talvez por essa dificuldade e pela falta de incentivo a galera faz pouco, mas, quando faz é muito forte,  uma parada que te pega no feeling, te conecta, porque é muito real. 

O incentivo cultural lá (Campo Grande) é bem pouco, tá ligado? Tem teatros, mas faltam convites pra gente que é da área. Até rolam coisas, às vezes, mas, quando acontecem, a divulgação é meio precária. Campo Grande é um dos maiores bairros da América Latina, tem muita gente lá, e geral sai pra trampar cedo e volta tarde, daí não tem esse desvio pra apreciar as paradas, sabe? 
Alek (baterista): Não tem essa mudança de rotina, de ir a um teatro, assistir um show que não seja de um artista muito estourado. Essa desigualdade socioespacial que tem no Rio reflete muito no nosso meio. Na Barra da Tijuca, apesar de ser Zona Oeste, não tem tanto disso, porque tem uma galera que tem grana, tem pessoas com status, com  certa influência política e aí se ele pensar “pô meu bairro tá descuidado, tem um entretenimento, não tem nada”, o cara vai fechar uma via pra ele no domingo. No meu bairro, em Cosmos, a gente até tem um dia pra isso, só que isso nunca acontece, não tem evento pra isso, não tem incentivo, então, se você quiser fazer alguma coisa, vai ter que conhecer o lugar, as pessoas, vai ter que suar mesmo. As pessoas não levam fé nesses nossos trabalhos, acham que é brincadeira, por lazer. 

ImaginaRio: Vocês acham que seriam beneficiados se fossem um grupo da Zona Sul? 
Alek: A região é muito favorável, tem muita gente com influência que mora nessa área. Com os amigos certos, você chega muito mais longe que alguém da Zona Oeste. 
Coutinho: Fazendo amigos na Zona Oeste, você arruma mais dívida ou, até mesmo, uns problemas, tá ligado? - ironiza. Não que a galera da Zona Sul tenha culpa, mas é importante ter essa consciência. Tinha uma parada que eu pensava muito quando eu era criança, tipo quando eu estava na escola e ouvia falar de Vinícius de Moraes, Garota de Ipanema, legal, mas e aí? Eu acordo de manhã, tem um valão na minha rua, como eu tiro inspiração disso pra fazer poesia, sabe? É nítido, se você abrir o instagram pra procurar algo pra fazer no final de semana, todos os eventos são pelo Centro ou Zona Sul e, algumas vezes, na Zona Norte, geralmente por Madureira, que é o máximo onde a galera vai. Você não vai ver um grande evento em Campo Grande, pela Baixada com essa frequência, não tem esse incentivo ao trampo independente, autoral. 
Alek: Aqui é a zona da galera que é peão, que sai pra movimentar a massa. E a galera deixa a gente isolado de uma forma que canse, fisicamente e mentalmente pra que o cara não consiga viver, que ele não tenha um refresco, pra poder respirar e se inspirar. O cara da Zona Sul sempre está com os músicos que eles estudaram, nos melhores lugares. Um cara que vem da Zona Oeste que não estudou nada de papel, mas que tem um baita feeling, que consegue transmitir a parada e consegue se expressar tem que fazer o dobro.
 

Leitura do Mês

Rio: resistência pela arte urbana na região portuária

A leitura deste mês, escrita pelo gestor ambiental Artur Sgambatti Monteiro, no Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, reflete sobre o impacto provocado pelas mudanças infraestruturais decorrentes das obras pré-olimpíadas no contexto carioca e o papel da arte urbana, especialmente do graffiti, na reivindicação da participação popular na construção da identidade da região portuária.
Passeando pelo processo de inserção das cidades na dinâmica do capital e pela abertura de portas para os interesses privados, o autor aponta para o fato de que as demandas sociais da população, que antes construía e pertencia aquele espaço, são colocadas em segundo plano.
Além disso, o gestor ambiental entende que a região, que já foi fortemente marcada pelo seu caráter comunitário, através de lutas sociais importantíssimas, acaba ganhando caráter comercial e, consequentemente, esvazia-se.
Discutindo os processos que originam esta mudança no porto carioca e suas consequências, a dissertação busca explicar o papel do graffiti no processo de resistência popular e na reivindicação de uma cidade com a cara do povo que a habita.
Se interessou pela nossa dica? Acesse este link.

🧑🏿‍🤝‍🧑🏻O imaginaRIO é uma realização do Laboratório de Comunicação, Cidade e Consumo (Lacon/UERJ). O boletim tem a proposta de monitorar e divulgar as principais notícias, eventos culturais e publicações sobre as temáticas do consumo, dos megaeventos e da cidade, com foco no Rio de Janeiro.

Equipe: Ricardo Freitas (coordenador), Vania Fortuna (sub-coordenadora), Maria Helena Carmo, Marcelo Resende, Rafael Nacif, Carlos Matos, Carlos Miguel Anjo, Guilherme da Costa, Manuela Howat, Pedro Lucas Rubim.
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