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semibreve
por dora guerra 
edição 119 ✶ enviada em 26-10-2022
bom dia para quem está em uma semana perfeitamente comum, sem grandes acontecimentos, expectativas ou preocupações.

vai dar certo, gente. já deu certo. 

e vamos logo que não quero gastar muito do seu tempo – quero você descansado pra domingo.


nesta semibreve vocês irão encontrar: hugo gloss, vermelhos, numerologia & latinidades
semana passada pedi:
aquele artista que você não consegue gostar
eduardo lima não curte guns'n'roses nem f-
mariana porto não vai de letrux
kleber vinicius diz não a kiss e iron maiden
zhoy tá fora de the weeknd
mariana farias não quer saber de jão e anavitória
amanda marra e maíse sanches não vão de taylor swift
thereza penna tentou emicida, mas não rolou
rodrigo vieira diz não a metallica
 maurício amendola não gosta nada de SOJA
sergio correa não curte led zeppelin

e bruna gomes cometeu a BLASFÊMIA de responder esta newsletter dizendo que não consegue gostar de fiona apple
o que tá rolando
– notícias do mundo musical em tempo quase real
É A SEMANA DOS COMEBACKS!!! rihanna (a cantora!!) estará de volta com uma música para pantera negra: wakanda forever, com lançamento nessa sexta.
✶ vem aí: doc da netflix sobre os racionais e documentário da apple tv sobre a saúde mental da selena gomez. ou seja, tem doc pra todo mundo.
✶ com o #1 de unholy na billboard, sam smith e kim petras se tornaram os primeiros artistas não-binarie e trans a alcançar o topo das paradas, respectivamente.
✶ depois de um bafafá sobre a presença de luísa sonza – que acaba de enfrentar um processo judicial por racismo – no rep festival, a organização trocou o nome da artista no lineup pelo don l.
✶ a taylor swift lançou um álbum que você provavelmente ouviu falar, pegou o topo das paradas com todas as músicas desse disco, etc. o que não significa que é um disco excelente – só mais um caso de swiftização das coisas.
✶ acho que agora (finalmente!) deu ruim pro kanye west. veja bem.
semiagenda
 
vem aí (shows):
primavera sound na semana que vem, com nomes feito bjork, arctic monkeys e todo o meu spotify 

lançamentos que hão de vir:
RIHANNA; king gizzard; beatles (risos); phoenix; julien chang; christine and the queens
você não perguntou, mas eu te recomendo:
álbuns em vermelho:
  • tecnicamente, seguindo o tema mencionado acima, eu poderia recomendar qualquer um do white stripes – mas hoje vamos de white blood cells, com aquele clima rock-sujo-crocante da banda em seu auge. se o assunto é hit do white stripes, claro, seven nation army sempre terá seu lugar nos estádios; mas fell in love with a girl tem uma personalidade anos 2000 importantíssima e inesgotável. 
  • e porque era necessário abrasileirar a seleção, temos o brasil que importa: elza, que nos deixou  esse ano com uma voz que não se apaga. seu disco lição de vida é sambinha, é afro, é dona ivone lara, é uma mulher já muito calejada – mas que ainda cantaria muito mais. ouve lá malandro, rainha dos sete mares e nó na tristeza.
  • enquanto eu selecionava os links do youtube pra anexar aqui, tive que aguentar uns 7 anúncios horrorosos do nosso atual presidente. só de raiva, faço um adendo: temos uma playlist para comemorar o final feliz que virá domingo. tá aqui.
se ouvir algo que a semibreve recomendou e quiser mostrar ao seu instagram o seu bom gosto impecável, marca @asemibreve pra eu saber... e provar que tem gente que lê a newsletter!
recomendação muitobreve,
por amélia do carmo
 
77 - talking heads
 
"sendo 77 a idade que nosso futuro presidente completará amanhã, comprova-se cá um álbum para votar certo pois 77 + 13 = 90
9 = término de um ciclo 
0 = vibrações de um novo começo
está na matemática que a nossa estrela vai brilhar
"
 

a história do spotifilde: estreou na netflix uma minissérie chamada "som na faixa", que eu tô achando bastante interessante. a série conta a história da fundação e consolidação do spotify pelo ponto de vista não só do fundador, como de vários personagens (CEO de gravadora, advogada de direitos autorais, programador e por aí vai). mais que isso, é um bom lembrete de que 1) se tem um país que mudou tudo na música nas últimas décadas, esse país é a suécia; e 2) a plataforma nunca teve o objetivo de render lucro aos artistas (e foi criada por um empreendedor afim-de-mudar-tudo, não um fã de música) – o que não significa que não haja mérito em fornecer uma alternativa legalizada aos sites piratas. enfim... veja lá.
 
as músicas dessa seção e outras recomendações do mês estarão na playlist out2022. desculpa, tá no spotify a playlist... mas se você tiver spotify, segue lá. 
 
seção fiona apple
– a "palestrinha"

essa pauta é cortesia do @pedro noizyman, que me veio com essa interrogação muito bem colocada. vamos lá.
 

por que artistas latinos (leia-se: reggaetoneros & hispanohablantes) não dominam os nossos lineups como fazem lá fora?

primeiro, porque o mercado não é o mesmo. 

isso provavelmente não é novidade pra você. basta pesquisar um pouco pra ver que o povo brasileiro é dos que mais consomem música própria, nacional, até hoje; aliás, considera-se que o brasil é um país meio isolado musicalmente, por se comportar de forma tão atípica com relação ao resto do mundo (tem cada coisa aleatória que vira hit aqui…). em se tratando das variantes latinas-musicais, pode ser difícil aderir às vertentes de lá porque temos coisas "similares" daqui, mais parecidas com a nossa cultura, nossa língua e mais inseridas em nosso contexto.

isso é uma dívida cultural gigantesca, uma profunda marca na nossa história que ultrapassa o território musical. sempre tivemos dificuldade em nos entender latinoamericanos – levamos a disputa entre espanha e portugal para frente e o brasil teve um timing histórico diferente do resto do continente. mesmo após independência, tivemos um nariz em pé aliado à síndrome do vira-lata; a elite brasileira sempre buscou referências no continente europeu, sem olhar para o lado. herdamos isso com força, mesmo que subliminarmente. 

portanto, historicamente, não lemos a música latinoamericana como nossa. e a mídia não ajudou: em tempos de imperalismos estadunidenses, fomos ensinados a cultuar o que é feito inglês e português, o churrasquinho e o mc donald's. não o espanhol.

veja bem: quantas trilhas sonoras de novela "internacionais" eram em inglês, quantas eram em espanhol? quantas músicas em espanhol se ouvia na rádio? isso é parte do problema – existe uma diferenciação do que "cabe a nós", que é acentuada pela mídia. uma prova de como a gente responde bem ao estímulo midiático (e até pode se dispor a aprender letras em espanhol) foi, por exemplo, o fenômeno rebelde aqui no brasil; que era estimulado por álbuns de figurinhas, roupas, tudo. RBD foi a prova de que não é que a gente não queira consumir música hispânica, mas é que com pouca exposição a ela, são casos raros mesmo.

(na monografia chiquérrima de karen dos santos araujo (ufrj, 2013), apresenta-se também a hipótese de que nunca foi interessante aos governos que a américa latina se sentisse como uma unidade cultural que incluísse o brasil, seu maior país, ficando forte o suficiente pra enfrentar intervenções militares e americanismos. não duvido nada, mas já estamos muito políticos hoje, então vou ficar quieta). 

hoje o cenário mudou, sim, mas não totalmente. despacito foi hit lá fora, foi hit aqui. nessa nova leva avassaladora de j balvins, bad bunnys, rosalías e afins, e considerando que a gente é tão influenciado pelo que se ouve nos EUA, era inevitável que a gente importasse um pouco dos "viva latino!" que tocam por lá. e a gente importa, sim, mas ainda é só um pouco.

e aí, temos o problema dos shows e festivais. mais precisamente: o problema de ter aqui públicos menores que nos outros países. bad bunny é indiscutivelmente o maior popstar latino do mundo, ou seja, o artista da américa latina que mais vende shows, discos, tudo. no brasil, arrisco dizer que a ludmilla esgota mais shows que ele.

pois é. pode ser difícil fechar um show com ele aqui porque, como diria @noizyman: "o bad bunny é headliner em qualquer festival que ele for tocar no mundo. mas aqui no brasil ele não tem tamanho pra ser headliner. então o festival teria que pagar cachê de headliner e botá-lo no meio do line up, isso se ele aceitasse". 

aqui, j balvin mal enche ¼ de allianz parque. 

eu acho, sim, que as coisas estão mudando – se os EUA que são os EUA têm tido abertura à música latina, nada impede que a gente aprenda a olhar para os vizinhos. rosalía (que é espanhola, mas vá lá) é headliner no lollapalooza, kali uchis (que é estadunidense, mas vá lá) ocupa a segunda linha. nas excursões de anitta pelo reggaetón, algo sobrou pra gente também. temos espaço pra essa galera, mas ainda é difícil dizer que acompanharemos o ritmo passional que o resto do mundo parece ter descoberto a música latina. tenho a impressão de que, no lugar do reggaetón, preferimos o funk; no lugar da bachata, o sertanejo; no lugar do calipso…. o calypso.

mas me dá um ano e eu volto aqui pra repensar esse assunto, tá?

seção colaborativa*
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