Copy
ECO Economia Online
Flávio Nunes

ECO Tecnologia

por Flávio Nunes, Editor

Um dilema Nowo


A Vodafone quer comprar a Nowo, mas a alma do negócio não está na rede fixa, nem sequer na base de clientes. A lógica da operação está na concorrência e no futuro mercado do 5G. E é por isso que vai dar trabalho aos reguladores nos próximos meses.

O leilão do 5G, que terminou há quase um ano, abriu as portas do setor a duas novas empresas com rede própria: a Nowo, que já vende serviços 4G com rede de outra operadora, e a Digi, que não tinha presença em Portugal. A Vodafone entende que o mercado português dificilmente tem dimensão para acomodar quatro operadoras (Meo, Nos, Vodafone e Nowo), quanto mais cinco (Digi).

Vista por esse prisma, a fusão Vodafone+Nowo seria quase um favor que Mário Vaz faria ao setor. Mas a ideia não é consensual, sobretudo para a Anacom e a Autoridade da Concorrência, que acreditam que há margem para aumentar a concorrência. Também não é líquido que Meo e Nos tenham celebrado quando souberam desta intenção.

As restantes operadoras vão ter uma palavra a dar em todo este processo, quando o dossiê chegar à sede da Autoridade da Concorrência (ainda não chegou). E, assim como a Anacom, poderão ter dúvidas sobre alguns aspetos relacionados com as licenças 5G, noticiou o ECO esta sexta-feira.

O primeiro diz respeito à quantidade de espetro que a Vodafone passaria a controlar, direta e indiretamente. Vodafone e Nowo concorreram com estratégias independentes no leilão do 5G, que impunha um limite à compra de lotes. Depois da fusão, esse limite é teoricamente ultrapassado na faixa dos 3,6 GHz, uma das mais relevantes para o 5G.

O segundo aspeto diz respeito ao facto de a Nowo ter concorrido ao leilão com o estatuto de “novo entrante”. Como tal, pôde adquirir dois lotes numa faixa que não estava disponível às três maiores operadoras (1.800 MHz), e que agora, em teoria, passa para a chancela da Vodafone. Como irão reagir os concorrentes?

O terceiro aspeto tem a ver com um artigo do regulamento, que determina que os direitos (licenças) “só podem ser transmitidos ou locados pelos respetivos titulares […] decorridos dois anos da data de início da oferta de serviços de comunicações eletrónicas acessíveis ao público”. Aqui, importa ter em conta um detalhe: a Vodafone não vai comprar diretamente a Nowo, mas sim a Cabonitel S.A., a empresa que detém a Nowo. Vai ser importante conhecer a estrutura da operação para perceber se há ou não alteração à titularidade dos direitos.

Tudo isto será escrutinado pela Autoridade da Concorrência, ela própria numa fase de transição – o mandato da atual presidente, Margarida Matos Rosa, termina em novembro. O regulador não quis comentar o negócio, mas é fácil de imaginar um cenário em que a Vodafone fica sujeita a “remédios” para poder levar a operação a bom porto.

Já a resposta da Anacom ao ECO deixa claro que as licenças vão estar debaixo de olho: “Na análise da operação e na definição do seu posicionamento em relação à mesma, a Anacom não deixará de ter em consideração a estrutura do mercado e a dinâmica concorrencial existente, incluindo a quantidade de espetro detida pelos envolvidos.”

A Vodafone espera concluir a operação no primeiro semestre de 2023. Depois de toda a controvérsia em torno do leilão do 5G, o setor enfrenta agora um dilema novo.


EPA/DANIEL NAUPOLD
_
Pub

Tecnologia

​​​​​​

Fusão da Vodafone e da Nowo levanta dúvidas nas licenças 5G

Vodafone fica com mais espetro do que era permitido adquirir no leilão do 5G com a compra da Nowo, incluindo lotes exclusivos para "novos entrantes". Licenças deverão estar na mira dos reguladores.

Uma novidade

​​​​​​

Irlandesa FinTrU abre escritório no Porto para 500 empregos

Multinacional de tecnologias para bancos de investimento instala "delivery center" no Porto. Operação liderada por Telmo Fernandes vai ocupar antigo concessionário automóvel na Rua de Santa Catarina.

Mobile

​​​​​​

Snap cai 25% com previsão de receitas nulas este trimestre

A empresa detentora do popular aplicativo Snapchat prevê receitas nulas no último trimestre do ano, provocando uma onda vermelha entre as empresas detentoras de redes sociais.

Siga-nos

Follow us on Facebook    Follow us on tiwter    Follow us on Linkedin   

ECO - Economia Online

Av. Dom Carlos I, nº 44 2º

1200-649 Lisboa


Está a receber esta newsletter depois de a subscrever em http://www.eco.pt.

Copyright © 2022 Swipe News, S.A., Todos os direitos reservados.

cancelar subscrição desta newsletter    alterar preferências de subscrição