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Boletim do site Algumas Observações, da escritora Fernanda Rodrigues.
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Para ser inteira

Quando comecei a escrever o meu livro novo, não sabia bem quais caminhos percorreria. A verdade é que eu fui buscando dentro e fora de mim algumas respostas. Em uma conversa com um amigo escritor, comentei com ele o quanto escrever envolve um certo nível de sinceridade. Ali as coisas se cruzaram, afinal. Seria preciso um rasgar por inteiro, encarar as dores subcutâneas para, enfim, me encontrar. Da conversa surgiu um título que, de fato, tinha relação com o que estava no embrião das ideias já rascunhadas.

Dei o meu grito que, antes de ser só felicidade; foi, sobretudo, de alívio. Há um certo grau de normalidade quando se sabe que há pessoas de diferentes frentes e visões de mundo se unindo para garantir que o processo democrático sobreviva. Pulei, gritei, chorei e sorri com a alegria que promete mais constância e com a esperança de que agora poderemos elogiar e criticar pautados em realidade — não em temperamento, mentiras e vozes da cabeça, como aconteceu nos últimos 4 anos.

Como escritora, por mais que evitasse pensar e escrever sobre a dor, foi difícil ver Educação, Cultura e Saúde sendo desmanchadas. Sou um ser que vive e ama e sente, sou um ser que é atravessada por tudo o que vejo acontecendo. É sobre esse atravessamento que refleti ao longo da minha escrita de um modo geral nos últimos tempos. De uma maneira muito pessoal, saí em busca do entendimento daquilo que, aparentemente, parecia faltar: o amor. De um modo muito coletivo, compreendi que ele, o amor, sempre esteve aqui.

Quando a Conceição Evaristo disse que eles queriam nos matar e que nós prometeríamos que não morreríamos, houve amor. Quando resolvemos que não soltaríamos a mão de ninguém, houve amor. Quando Emicida lançou o AmarElo e nós cantamos Belchior a plenos pulmões, houve amor. Quando nos fechamos em casa em nome da saúde, houve amor. Quando consolamos os amigos, quando nos vacinamos, quando fomos contra ao armamento desenfreado, quando defendemos as minorias, quando nos abrimos para tentar estabelecer diálogos com pessoas que pensam de modo tão, tão, tão diferente de nós. Em todos esses momentos, contra a realidade seca, dura e exaustiva, houve amor.

Mergulhar na arte, na minha arte, me ajudou a não desistir de amar. Foi me rasgando por inteira, trocando de pele, deixando a velha carcaça para trás que consegui escrever um livro e ver tantos outros — de alunas, amigos e clientes, todos tão queridos! — sendo publicados e ganhando o mundo. A troca, nas páginas impressas, em um outro ritmo, me trouxe até aqui. A literatura me manteve viva, me possibilitou continuar caminhando.

Foi nesse processo de me rasgar que eu me mantive inteira. Parafraseando a música, posso ter morrido nos anos anteriores e, ainda que saiba que a luta não termina aqui, neste ano eu não morro!

Emicida - AmarElo (Sample: Belchior - Sujeito de Sorte) part. Majur e Pabllo Vittar

“Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Elas são coadjuvantes, não, melhor, figurantes, que nem devia tá aqui
Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Tanta dor rouba nossa voz, sabe o que resta de nóiz?
Alvos passeando por aí
Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Se isso é sobre vivência, me resumir a sobrevivência
É roubar o pouco de bom que vivi
Por fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Achar que essas mazelas me definem, é o pior dos crimes
É dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóiz sumir

Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro”

Outubro

Este mês foi ansioso e corrido, porque além de ser brasileira, foi mês de bastidores! YAY! 😊 Passei metade dele preparando o material de divulgação do meu livro novo, Rasgos dentro da minha própria pele, e a outra metade me preparando para o NaNoWriMo (sigla para National Novel Writing Month, a famosa maratona de escrita que acontece ao longo do mês de novembro). Estou empolgada demais para os ventos de novembro!

Você vem comigo?

CONVITE: Vem para o lançamento do Rasgos dentro da minha própria pele

No próximo dia 12 de novembro de 2022, às 16h30, lançarei o meu segundo livro, Rasgos Dentro da Minha Própria Pele. A tarde de autógrafos será no Canto Madalena. Passem lá para me ver e me dar um abraço.

Como forma de compartilhar o processo de edição e vivência deste livro, criei uma playlist especial para o Rasgos Dentro da Minha Própria Pele, que pode ser vista aqui. Abaixo, você pode conferir a minha emoção quando os exemplares do lançamento chegaram, basta apertar o play. ;)

Recebidos: unboxing do livro Rasgos dentro da minha própria pele | Algumas Observações

TE ESPERO CHEIA DE AMOR

12 de novembro de 2022, às 16h30.

📍Endereço: Canto Madalena

Rua: Medeiros de Albuquerque, 471

Vila Madalena, São Paulo — SP

(Próximo ao Beco do Batman) 📍

Seja lembrado pelo Facebook. Confirme a sua presença no evento.

Mas, como eu gosto da coletividade, não vou embarcar nessa sozinha. Assim como os fundadores, juntei o meu clã. Minhas amigas, escritoras e cofundadoras do Projeto Escrita Criativa - Ane Venâncio e Ayumi Teruya - estão comigo nessa.

Durante o fim do mês de outubro, fizemos 2 lives (uma no canal do Projeto Escrita Criativa e outra no meu), para nos preparamos para essa maratona de escrita. Ao longo de novembro faremos mais desses encontros, sempre revesando entre os canais. Sendo assim, se você quiser escrever conosco, basta se inscrever:

Caso você precise de um material para te guiar na escrita, pode apoiar o Projeto Escrita Criativa adquirindo o Aquele Planner de Escrita, na loja do Algumas Observações. No mais, esperamos por você. ;)

Até muito breve!

Se você chegou até aqui. MUITO OBRIGADA POR LER TUDO! Se tiver um tempinho, clique em responder e me conte como você se sente nessa reta final do ano. 🙂💭
Se você for de São Paulo ou vier a São Paulo, te espero no meu lançamento. Se você não for daqui ou não puder vir, espero que a gente possa se abraçar em breve.

Até (o fim de) novembro,
Fernanda Rodrigues

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