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semibreve
por dora guerra 
edição 123 ✶ enviada em 14-12-2022
desculpa pelo assunto da newsletter. eu sei, eu sei. tava 1 a 0, faltando 4 minutos pra acabar. você acha que eu superei?

mas é isso. fim de ano, última semibreve de 2022, é hora de levantar e seguir em frente. 2023 tem tudo pra ser um ano melhor do que este, com uma nova dose da vacina por mês, um show por semana e um festival por quinzena. e tem mais: quando você for enfrentar o inevitável encontro de família, não vai precisar discutir mais, nem convencer ninguém de nada – a gente já ganhou. uau. que coisa boa.

daqui pra frente é só pra cima, tenho certeza. boas festas, não deixe de ver the white lotus e até 2023, semibrever!


nesta semibreve vocês irão encontrar: músicas de verão, músicas italianas, livros pra presentear, jogue fora seu spotify
semana passada pedi:
música de minas gerais
mariana farias tem um amor que é dibetim - swing safado
maria luiza neves manda ainda gosto dela - skank
júlia moreira vem com o álbum mar de terra - caldêra
henrique schimith vem com paz terrível - iza sabino
joão vitor ferreira manda onde vai chegar - banda devise
eduardo lima adora fé cega, faca amolada - milton nascimento & beto guedes
pedro ivo é de carnaval e vem com águas - pena de pavão de krishna, tiganá santana

 
o que tá rolando
– notícias do mundo musical em tempo quase real
SZA lançou seu segundo álbum de estúdio, S.O.S, e tá batendo recordes como ninguém. e você, conhece alguma solteira que já foi traída?
angelo badalamenti, responsável pela icônica trilha sonora de twin peaks, faleceu. vale ver esse vídeo dele (e chorar!) em qualquer dia, qualquer horário. também perdemos christine mcvie, do fleetwood mac
✶ a celine dion apareceu na semana passada com uma notícia amarga, que você pode ver aqui. nessas horas a gente fica feliz que a mulher é ricaça e vai poder se tratar o máximo possível
✶ saíram os indicados ao globo de ouro, com taylor swift, rihanna e lady gaga disputando a categoria de melhor canção original. você sabia? nenhuma popstar é popstar de verdade se não tentou um oscar
semiagenda

shows para o ano que vem:
festival do futuro, no dia 1/1/2023. 
❤️
você não perguntou, mas eu te recomendo:
pra veranear, veraneiar? verão. veraneio:
  • a bio do grupo porij diz "um coletivo de manchester que exala positividade jovem com composições impossivelmente expansivas e alta energia". não se deixe enganar pela descrição jovem-dionisio-de-manchester: na verdade, o grupo é ao mesmo tempo mais tranquilão e mais inclinado à dance/eletrônica do que você esperaria – um the xx mais dançante e menos meditativo, talvez (é que eu odeio positividade jovem). recomendo figure skating e automatic, pra começar.
  • e pra ser sucinta: o novo da tulipa ruiz, habilidades extraordinárias, também tá excelente. adoro a história por trás do nome, também. ouça estardalhaço e o recado da flor (com joão donato!).
se ouvir algo que a semibreve recomendou e quiser mostrar ao seu instagram o seu bom gosto impecável, marca @asemibreve pra eu saber... e provar que tem gente que lê a newsletter!
recomendação mais-que-breve,
por amélia do carmo
 
ornella vanoni, vinicius de moraes, toquinho - la voglia la pazza l'incoscienza l'allegria
 
"músicas ítalo-brasileirinhas para os muitos churrascos de fim de ano e para lembrar da boa lista que o nome carrega: 
"o desejo, a loucura, a imprudência, a felicidade" – desejo tudo com moderação"

pra presentear um fã de música no natal: tenho visto livros muito interessantes (não que eu tenha lido algum!), que um "fã de música" (não que eu conheça algum!) poderia gostar de ganhar de presente. é o seu caso? tire print disso aqui e encaminhe pro colega-que-você-sabe-que-te-tirou-no-amigo-secreto.
1) arembepe, aldeia do mundo: as histórias de uma vila que "foi capital do movimento hippie nos anos 60/70", com visitantes de janis joplin a novos baianos.
2) 1979, o ano que ressignificou a mpb: artistas/jornalistas contam a história de 100 LPs do ano de 79, mostrando que quem ouviu, perdeu.
3) meet me in the bathroom: rebirth and rock and roll in nyc: esse livro já tem documentário correspondente, como todo bom livro. mas imagino que valha ler – é sobre o renascimento do rock em nova york pós 11 de setembro, incluindo strokes, yeah yeah yeahs, interpol e afins.


e os semiawards 2022? deixei a votação pra ano que vem. se o grammy pode, eu também posso. não deixe de indicar seus preferidos do ano neste formulário.
 
as músicas dessa seção e outras recomendações do mês estarão na playlist dez2022. desculpa, tá no spotify a playlist... mas se você tiver spotify, segue lá. 
 
seção fiona apple
– a "palestrinha"

e o spotify wrapped, hein, menina?

o spotify wrapped é uma jogada de marketing como nenhuma outra. do ponto de vista marketeiro, é praticamente infalível: coloca o spotify (premium) como única plataforma de consumo musical, excluindo quem não o usa… ou quem não concentra suas audições nele. afinal, pior que não ter spotify wrapped é ter um que não tem nada a ver com o que você ouviu durante o ano, porque você na verdade andou ouvindo mais pelo youtube.

do ponto de vista do consumidor e fã de música, o wrapped é gostoso à distância, uma modinha inevitável durante um dia. eu nunca resisto a saber o que vem dele, mesmo consciente de que música não é só dados – e eu não sou números. mas eu quero saber o meu, o seu, o de todo mundo.

mas tá aí o primeiro problema: música não se converte literalmente em dados e vice-versa. presos na lógica spotifycêntrica, é com o wrapped que temos noção de quanto da nossa vida está sendo registrado, quantificado e vendido por aí; alterando, fundamentalmente, a forma que a indústria enxerga seus próprios artistas, além de ser mais uma leva de informações sobre nós que não sabemos bem para onde vai.

“este é um exemplo particularmente brilhante do fato de que o modelo de negócios do spotify é baseado em vigilância”, diz evan greer, diretor do grupo de defesa dos direitos digitais. “o spotify fez um trabalho incrível ao divulgar a vigilância como diversão e fazer com que as pessoas não apenas participem de sua própria vigilância, mas também a celebrem, compartilhem e se gabem para o mundo.”the big problem with spotify wrapped, wired
 

nesse artigo da wired, outras questões aparecem. entre elas: será que alguém deveria saber que o usuário é uma criança, ouvindo música infantil com frequência? será que alguém deveria saber que você está em um período depressivo, ouvindo músicas tristes o tempo todo? ao aproveitar da nossa mania de querer nos definir pelo que a gente ouve – o que acontece mesmo antes da indústria de camiseta de banda existir –, o spotify também não se importa em admitir que nos espiona, tem nossos dados e provavelmente os vende/usa ao seu bem querer.

e o que esses dados de fato dizem sobre nós ou o consumo mundial? minha paixão por fiona apple, minha artista preferida, não é bem quantificada. eu quase não a ouvi esse ano: não a concedi muitos streams, mas teria comprado seus CDs se fosse a forma de consumo da época. teria comprado um show sem pestanejar. isso não foi quantificado. a música difícil de ouvir, a de refletir, a de momentos tristes, a que costuma ser a minha preferida – essa nunca entra no top como entra a ariana grande que eu ouço pra fazer faxina (isso pra não falar o quanto alteramos nosso próprio consumo ao longo do tempo por causa do wrapped. quem nunca ouviu coisas "vergonhosas" em outro lugar pra não se comprometer?).

e assim, fica difícil calcular a demanda daquele artista que não tem tantos streams, mas teria, sim, público; ou pior, o que a gente descobre por acaso em um festival e ama.

por mais que o próprio spotify pareça estimular as descobertas, o negócio não é bem por aí. você já se pegou procurando por música nova e caindo na mesma armadilha algorítmica que ele te preparou, como procurar novos filmes na netflix? pois é. o spotify não só te torna impossível escapar daquelas mesmas coisas – a não ser que você lembre de cabeça o que pesquisar –, como ele faz a gente acreditar que só há alguns artistas ouvidos no mundo. ele acredita que você gosta só das mesmas 5 músicas e te joga de volta pra elas, sempre que pode. pra ele, é interessante que você continue naquele loop, gastando mais tempo com o confortável que com a novidade.

e para artistas, na verdade, o wrapped tende a ser um outro beco sem saída. lembra a relevância de estar no spotify, aceitando de cabeça baixa a renda minúscula da plataforma; ao mesmo tempo, mostra o quanto esses artistas poderiam ganhar se o número de ouvintes se convertesse em reais. é cruel, injusto, tem seu lado bom e democrático, mas é de toda forma meio inescapável. é meio o desabafo do thiago frança, do metá metá

em suma? não tô aqui pra fazer você odiar seu top 5 mais ouvidos do ano porque eu mesma, enquanto estiver presa ao spotify, estarei grudada no wrapped. é irresistível demais. mas como tudo na vida da internet, é importante lembrar que o spotify é meio um inferno, um espião, um problema, uma solução. 

ou você achou mesmo que eu ia te deixar curtir na ignorância?

 

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