No tempo em que o Brasil ainda era
Um simples país colonial,
Pernambuco foi palco da história
Que apresentamos neste carnaval.
Com a invasão dos holandeses
Os escravos fugiram da opressão
E do julgo dos portugueses.
Esses revoltosos
Ansiosos pela liberdade
Nos arraiais dos Palmares
Buscavam a tranqüilidade.

Ô-ô-ô-ô-ô-ô
Ô-ô, ô-ô, ô-ô.

Surgiu nessa história um protetor.
Zumbi, o divino imperador,
Resistiu com seus guerreiros em sua tróia,
Muitos anos, ao furor dos opressores,
Ao qual os negros refugiados
Rendiam respeito e louvor.
Quarenta e oito anos depois

De luta e glória,
Terminou o conflito dos Palmares,
E lá no alto da serra,
Contemplando a sua terra,
Viu em chamas a sua tróia,
E num lance impressionante
Zumbi no seu orgulho se precipitou
Lá do alto da Serra do Gigante.

Meu maracatu
É da coroa imperial.
É de Pernambuco,
Ele é da casa real.

O samba enredo está disponível aqui. 

Você sabia que o Carnaval é uma manifestação de ativismo? 
Desde o seu surgimento, o samba como ritmo musical, os blocos de rua e os desfiles da escola de samba foram historicamente criminalizados. O carnaval Brasileiro tem uma característica de subversão, aborda a sociedade brasileira e denuncia realidades importantes, como racismo, xenofobia e homofobia, além de mostrar a ampla diversidade e riquezas culturais do país. Entre os muitos festejos carnavalescos, os blocos de rua são muito conhecidos por tratar desses temas importantes por meio da criatividade de fantasia e as letras das marchinhas, utilizados como instrumento de resistência. Até mesmo a ocupação e a presença em blocos mostram o ativismo de ocupar esse lugar desvalorizado por muitos. Os exemplos são claros quando vemos as campanhas de assédio, que fez surgir a  famosa expressão ”Não é não” e também a presença da política no carnaval, com a campanha “Ele não”.
Os desfiles de escola de samba, também, são característicos de muito ativismo e representatividade da sociedade. As escolas de sambas trazem anualmente enredos com temáticas que dizem respeito à nossa sociedade. Essa característica não surgiu com o surgimento dos desfiles. Ela se estabeleceu a partir do governo do Estado Novo, que impôs às escolas de samba que os temas deveriam abordar a história do Brasil, com o objetivo de exaltar e romantizar a “construção” de identidade do país como sinônimo do “sucesso” do país. 
O samba enredo “Quilombo de Palmares” marcou a inversão das narrativas contadas, agora pelo olhar dos próprios sambistas que contam suas histórias. 

🎊 Aqui vai uma dica pra vocês: pra ficar por dentro de todos os blocos (com horários e locais), que desfilam no Rio de Janeiro, baixem o app “Blocos de Rua - Carnaval 2023”, disponível para Android e Apple, com a programação completa dos blocos de rua!

✊ O Bloco “Berço do Samba”, que homenageia os 72 anos do Afoxé Filhos de Gandhi, desfila no dia 26 de fevereiro, a partir das 17h, na Rua da Lapa, esquina com Travessa do Mosqueiro. Em seu 20º desfile, no domingo pós-carnaval, o tradicional bloco vai trazer um símbolo de resistência das matrizes africanas brasileiras. Os Filhos de Gandhi é um afoxé brasileiro fundado por estivadores portuários de Salvador no dia 18 de fevereiro de 1949, inspirado na importância dos princípios de não-violência e paz do ativista hindu Mahatma Gandhi.

🎉 A ordem dos desfiles das escolas de samba do Rio de janeiro, nos dias 19 e 20, do Grupo Especial, e, nos dias 17 e 18, da Série Ouro é: No Domingo(19) - Império Serrano, Grande Rio, Mocidade, Unidos da Tijuca, Salgueiro e Mangueira.
Na Segunda-feira(20) - Paraíso do Tuiuti, Portela, Vila Isabel, Imperatriz, Beija-Flor e Viradouro.

📸 Este mês recomendamos o perfil no instagram do fotógrafo Pedro Garcia, mais conhecido como Cartiê Bressão. Pedro afirma que “O carnaval é uma das maiores potências do mundo. Estou me guiando pela energia dessa festa e pelos sentimentos que tenho em relação a ela”. O fotógrafo é um grande admirador da folia e faz fotografias e edições com uso de inteligência artificial.

🌞 Rio na mídia

No Artigo Acadêmico “Resistência nômade, arte, colaboração e novas formas de ativismo na Rede”, o autor  Fernando do Nascimento Gonçalves, Doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ e vinculado ao PPGCom da Uerj, discute os usos das tecnologias digitais de comunicação na mobilização social da arte.

 

🥁 Em 2023, a escola de samba Lins Imperial traz uma releitura do samba de 1990, um novo enredo menos romantizado sobre uma das figuras mais importantes brasileiras, Madame Satã. Reverenciando o símbolo de resistência da comunidade LGBTQIAP+, o samba “Madame Satã: resistir para existir” conta a vida de luta de um homem preto, nordestino e homossexual que vivia na Lapa na década de  20.

🚺 O Bloco Mulheres Rodadas foi fundado em 2015, unindo a diversão e a luta contra o assédio e o machismo.  Após uma postagem de homem falando “não mereço mulheres rodadas” viralizar, as jornalistas Renata Rodrigues e Débora Thomé tiveram a ideia de criar um bloco de carnaval como resistência. Nos primeiros anos, o bloco teve apoio da ONU Mulheres e, hoje em dia, além de desfilar durante o carnaval, o bloco oferece oficinas de percussão e sopro durante o ano.