Copy

Boletim do site Algumas Observações, da escritora Fernanda Rodrigues.
Clique aqui para ler o e-mail no seu navegador.

Um pouco de sentido


Tenho pegado pesado comigo mesma. Eu sei, isso é duro de admitir, mas o fato é que tenho sido dura, muitíssimo dura comigo. Os últimos anos foram intensos, impensáveis, desafiadores. Desde 2017, venho lutando batalhas de quase-morte e, justamente por isso, estive prestes a jogar a toalha. Muitas, muitas vezes quase fui a nocaute. Nos últimos meses, mais do que nunca.


“Às vezes, é preciso descansar uma batalha para retomar o nosso caminho”, meu amigo de adolescência sorria do outro lado da mesa, me encorajando. Acho que, naquele momento, entendi com o cérebro, não com o coração. Eu sempre fui cobrada — e, por consequência — sempre me cobrei de não ter descanso. Negra, pobre, periférica. Como posso me dar ao luxo de parar? Como sair dessa rodinha de sempre ter que me provar a todo tempo? Como enfrentar o mundo afinal?


Essa semana me peguei falando para uma das minhas alunas para abrir mão do controle. “Se planejar demais o seu texto está te travando na escrita, tenta algo mais livre. Quando estiver mais livre te travar, volte a planejar. Essa dança na procura por equilíbrio vai te fazer seguir em frente”. Veja a ironia: eu, a pessoa que está pegando pesado consigo, falando sobre viver mais no fluxo. E por que não?


Lá no Projeto Escrita Criativa, Ane, Ayumi e eu sempre falamos sobre como a criatividade está atrelada ao autocuidado e a alimentar as nossas fontes de inspiração. Um corpo cansado, desidratado e faminto não consegue criar. Assim como ver sempre as mesmas coisas não ajuda a conectar os pontos. Uma ideia criativa é como uma metáfora: junta lé com cré para formar uma terceira parte não óbvia, mas que é só parar para pensar, que faz todo sentido. O problema é que, quando se entra no modo sobrevivência, não se abre tempo para “parar para pensar”.


No fundo, sempre busquei ser exemplo a partir do que faço, não do que só digo. Por isso, respirei fundo, resolvi descansar o corpo; para, só então, conseguir juntar as peças. Elas apareceram (e continuam aparecendo) na minha vida de forma fluida: uma conversa com dois amigos mais velhos aqui, o reencontro com meu amigo da adolescência acolá, aquele desabafo despretensioso com a minha melhor amiga (e talvez uma das maiores incentivadoras) no WhatsApp, a carta do oráculo que me orienta a tomar notas dos meus medos e dos meus desejos, a música que diz sobre tratar as pessoas com gentileza, os meus sonhos. Tudo se conecta em algum ponto, me tirando aquela sensação de estar perdida.


Tentar calcular o próximo passo racionalmente sem abrir o coração não me move a lugar algum. Ou melhor dizendo, me lança no Coliseu do “isso não está perfeito porque você é uma inútil que não tem forças para nada”. Nesse espaço, sou devorada pelos sentimentos de inadequação, pela distância que se cria entre mim e o meu propósito, já que o que dá sentido à minha jornada não mora nesse espaço.


Ao longo dos anos fui compreendendo que teoria sem prática não serve de nada. Prática sem teoria nos leva a fazer tudo do jeito mais difícil. A vida é essa coreografia em que ambas se unem para trazer um pouco de sentido na jornada. Justamente por isso é que agora começo a me sentir melhor na retomada do meu melhor destino.

Arco-íris sobre o Allianz Parque no show dos Backstreet Boys, em 28 de janeiro de 2023.

Qual é o caminho que te leva ao fim do seu arco-íris?

Entressafra (2022-2023)

A última newsletter que enviei foi em outubro de 2022. De lá para cá, a vida me consumiu (com aspectos bons e outros tristes), então resolvi me recolher um pouco. “Se não é para mandar um texto bom, não mando nada”. Gosto de escrever para você com reflexões que sirvam para algo, nem que esse algo seja deixar o seu coração mais quentinho.

Em novembro lancei meu segundo livro,
Rasgos dentro da minha própria pele, e me senti esvaziada. Escrita, edição e publicação foram tão intensos que me exauri. Sabe aquele lance de dar 100% de si para algo? Então, o problema é que ao dar 100%, não nos resta nada. Eu imaginei que seria assim, por isso não reclamo, mas o que não sabia é que levaria mais tempo para me reestabelecer do que havia planejado.

A transição de um ano para o outro foi mais tumultuada do que o normal por aqui. Acabei aproveitando os dias que separei para descanso para resolver o que foi preciso. Me vi precisando de novas referências, de um recomeço. Ainda me sinto neste período de entressafra, mas não quero me cobrar. O tempo resolve tudo, não?

Espero que você esteja bem, que não seja tão duro consigo e que esse começo de ano tenha renovado as suas esperanças.

Seguimos!

Compre os meus livros autografados clicando aqui.

Já que o ano começa depois do carnaval…

Aproveito a newsletter para te lembrar que se você está em um desses cenários


1. se você tem o sonho de colocar a sua ideia no papel, mas não sabe bem como;

2. ou se tem um livro escrito, contudo não entende muito de mercado editorial


que você pode vir fazer aulas de escrita comigo. Vem realizar esse sonho, vem! Tenho desde minicursos, passando por mentorias, acompanhamentos de projetos literários e grupos de estudo de escrita e crítica literária. Há uma breve descrição de cada um deles aqui.


Ficou interessado? Me manda um e-mail no contato@algumasobservacoes.com


No Algumas Observações

Assim como a newsletter, os textos no blog ganharam um período de férias entre dezembro e janeiro. Da volta para cá, tenho postado duas vezes por semana, às quartas e aos domingos. Você é mais que bem-vindo para ler o que publico por lá.

Abaixo, como de costume, seguem os links do que foi ao ar desde a última newsletter até hoje:

Além disso, também atualizei a página de Compromisso Social do Algumas Observações. Esse espaço nasceu durante a pandemia de covid-19 e se mantém como forma de compartilhar iniciativas de pessoas/instituições que ajudam quem está precisando. A última atualização contou com meios de apoiar a reconstrução da vida de quem vive no litoral do estado de São Paulo, assolado com o grande volume de chuvas. Se você puder contribuir de algum modo (seja com materiais, com tempo para voluntariado ou com dinheiro), ficarei muito feliz.

Ajude quem precisa. Saiba como, clicando aqui.

Até breve!

Pretendo voltar em março, mas ainda não tenho 100% de certeza se isso acontecerá. Então, não quero te dar falsas esperanças. De qualquer modo, sei que esta edição foi longa e ótima para eu matar a saudade que estava de bater o nosso papo mensal. Espero que você fique bem e agradeço por você ter lido até aqui! :)


Se quiser continuar a conversa, responda a este e-mail ou escreva para contato@algumasobservacoes.com.

Nos vemos em breve,

Fernanda Rodrigues

Continuamos juntos por aí

Alguém querido te encaminhou esta newsletter? Clique aqui para se inscrever.